Poetas Redivivos

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Capítulo LII

Em louvor da esperança


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Escuta, coração:

Quando a mágoa te aflija

E a incompreensão te zurza implacável e rija,

Jamais te dês aos gritos da exaustão!…

Revolta é furacão a sacudir

O campo, o ninho, a escola, o templo, a casa,

E tudo danifica ou tudo arrasa

Quando vem a surgir…


Quando o pranto amarfanhe os olhos teus,

Não mostres tuas lágrimas benditas;

Aprende a recolher no campo em que transitas

Os ensinos de Deus!…


Tudo na Terra é santa aspiração…

Serenamente a planta aguarda o fruto amigo

E o próprio fruto anseia estar contigo

Para a vitória humilde de ser pão.


Nasce a fonte cantando, a borbulhar…

De início é um fio pobre de água mansa,

Mas, porque espera, serve e não descansa,

Desce ao bojo do rio e acha a glória do mar!…


O charco espera a mão do lavrador

E, um dia, plasma em lama, lodo e estrume,

Um jarro gigantesco de perfume

A enfeitar-se de flor!…


Nota que a porcelana aprimorada

Foi barro que aceitou a disciplina…

A pérola mais fina

Veio na, dor da ostra torturada!…


O violino que atende e se consome

Por dar à melodia apoio e desempenho

Não passava de um lenho

Na floresta sem nome!…


Detém-te, coração, pensando nisso:

No mundo o que há de belo, grande e santo

É persistência e esforço, canto a canto,

Da esperança em serviço!…

Empenha-te a servir, aprender, construir, tolerar,

Em tudo é sempre o Amor Puro e Perfeito

Porque nunca se cansa de esperar!…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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