Ponto de Encontro [Geem]

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Capítulo XIX

Por enquanto, não


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Trouxe-me o ano passado

A última e linda prova:

Pois completei dez janeiros

À luz da existência nova.


Sou enfermeiro de jovens,

Que foram “pinta travessa”,

Com muita preocupação

E muita dor-de-cabeça.


Surgiram, porém, amigos

Com bonita tentação:

Desejam voltar ao mundo

Em nova reencarnação;


E convidaram-me, atentos,

De modo claro e gentil,

A partilhar-lhes a empresa,

Marcada para o “dois mil”.


Formarão equipe nobre

De paz, amor e união,

Doando ao progresso humano

Mais luz e renovação.


Não lhes dei pronta resposta,

Deixei o assunto no ar…

Para um pedido a mentores

Era justo meditar.


Não queria decisão

Apressada ou discutida;

Precisava ver a Terra

Em novo padrão de vida.


Desci pelo fio forte

De minha grande saudade

Para a terra generosa,

Que é sempre “minha cidade”,


Vaguei por ruas e praças…

Tudo beleza seleta…

Mas vendo a lista de preços,

Fiquei um tanto pateta.


Apartamento pequeno,

Mais de cem mil no aluguel,

Quantia de mês, contada

Em compromisso e papel.


Gasolina, cada litro,

Quase quatro mil cruzeiros;

Cafezinho, uma fortuna,

Se tivermos companheiros.


Seis mil o preço do arroz,

Preço do óleo enlatado;

Três mil, o preço do açúcar,

Que se mostre refinado.


O leite, sempre subindo,

Parecia tal “barato

Que se a vaquinha soubesse,

Fugiria para o mato.


Vendo tanta carestia,

Concluí, pensando mais:

O que seria de mim?

Que seria de meus pais?


Busquei os caros amigos,

Falando-lhes sem alarme

Que, em vista da carestia,

Não queria reencarnar-me.


— “Que é isto, Jair?” — disseram.

“Preços mudam cada hora,

Com tempo, tudo evolui,

No tempo, tudo melhora.”


— “Nosso grupo de trabalho

Completa-se com você…”

Falou Vitório, um amigo,

— “Agora, fazer o quê?”


— “Então” — respondi tranquilo

A meu amigo Vitório:

— “Vocês voltam para a Terra,

Eu fico no Purgatório.”




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier

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