Ponto de Encontro [Geem]

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Capítulo XVIII

Ensinamentos da vida


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João perdera muita terra

Para um antigo agiota;

Ninguém continha a expansão

Do Coronel Mendes Mota.


João provara ser o dono

Das terras surripiadas,

Cem alqueires de pastagens

Com excelentes aguadas.


Mendes Mota comprou ágil,

Muitas dívidas de João.

Fez cobrança, a prazo curto,

Depois fez a execução.


Notando-se espoliado,

O moço reclama e berra,

Mas não teve outro recurso

Senão entregar a terra.


Revoltado e entristecido,

Falava contra a mentira

E jurou matar um dia

O homem que o perseguira.


O pai dizia-lhe: “Filho,

Perdoe!… Nós somos cristãos,

O terreno quando é nosso

Volta sempre às nossas mãos.


“Não tente matar ninguém…

Escute os conselhos meus,

Sabemos que a morte é certa

Mas deve chegar de Deus.”


João ouvia com desprezo

A palavra paternal,

No entanto, ficava o mesmo

De pensamento no mal.


Surgiram complicações.

Junto da esposa Mariana,

Mendes Mota recolheu-se

À doce vida praiana.


No tato que possuía,

Comprou formosa mansão,

Vivia de juros altos,

Com muito dinheiro à mão.


Depois de dezoito meses,

É que João foi procurá-lo;

Após seis dias de busca,

Conseguiu vê-lo, de estalo.


Mendes jantava entre amigos,

No maior prazer do mundo,

Bebia vinho, à vontade,

Comendo no prato fundo.


Em seguida às saudações,

João lhe pediu o endereço;

Mendes com alto requinte,

Convidou-o a visitá-lo

Na própria manhã seguinte.


No outro dia, muito cedo,

João, com raiva e desconforto,

Atingiu-lhe a casa cheia…

Ali, velava-se um morto.


Muito pálido, guardava

A arma pronta e engatilhada;

Soube, então, que Mendes Mota

Morrera de madrugada.




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier


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