Capítulo XXXI

Progresso dos homens


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Excelente narrador

Sorrindo e tirando sarros,

É o nosso irmão cantador

Leandro Gomes de Barros.


Minha turma, quando a quando,

Está calma e reunida,

E se o Leandro aparece

Surgem os temas da vida.


Leandro, alegre e otimista,

Responde com destemor

Sobre os caminhos da vida

E sobre as questões de amor.


Certo dia, fui eu mesmo,

Na estrada em que me embanano,

Que indaguei: “Irmão Leandro,

Que diz do progresso humano?”


Ele falou: “Companheiro,

Não se agaste e pense nisto:

O progresso verdadeiro

Vem dos ensinos do Cristo.


“Vendo, agora, tanto abuso,

Admito em minha fé

Que, hoje, o progresso é dos homens

De Jesus, é que não é.


“Vejamos: antigamente,

Em acidente comum,

Ante um cavalo assustado,

A morte trazia um.


“Hoje, um avião dos maiores,

— Lembrando grandes canoas —

Quando cai, destrói a vida

De dezenas de pessoas.


“No próprio carro de bois,

Trabalhando para o bem,

Muitos bois se machucavam

Mas não matavam ninguém…


“Caminhões? tão só ao vê-los,

Precisamos de cautela,

Pois arrasam muita gente,

Quando soltos na banguela.


“Os furtos antigos eram

Estreitas perturbações,

Hoje se um furto aparece,

O buraco é de milhões.


“Noutra época ser mãe

Era ser um relicário,

Mas hoje ninguém lastima

O aborto desnecessário.


“Mães aleitavam filhinhos,

Com carícias e cuidados,

Hoje vemos várias amas,

Que drogam as criancinhas

E ficam com os namorados…”


A campainha retine…

Leandro estava chamado.

Despediu-se declarando

Que já dera o seu recado.


Meus colegas se calaram,

Cada qual pensando em si.

E eu gritei: — Vamos, moçada,

Já não temos tempo aqui,

Vamos, gente, que entre os homens,

O progresso é isso aí…




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier

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