Recanto de paz

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Capítulo XVII

História de amor


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Certa mulher sofrida no trabalho

E que agia tão só na prática do bem,

Teve, um dia, saudade de Jesus

E passou a viver concentrada no Além.


Muito tempo, lutara dia a dia,

Vencendo sombra, empeço, tentação,

Servira a muita gente, mas supunha

Que todo o longo esforço houvera sido vão.


Trazia os pés feridos, indagando

Se a Terra não seria estranho espinheiral,

Conquanto a fé lhe acalentasse o peito,

Declarava temer a vitória do mal.


Suportara, sem mágoa, ingratidões e golpes,

Entretanto, cansara se, por fim,

Queria agora a paz do Lar Celeste,

Sonhava entrar em fúlgido jardim…


Desejava esquecer a tristeza e a fadiga,

A poeira do mundo e a cinza do pesar,

Suplicava a Jesus lhe concedesse,

O caminho do Além e o dom de descansar.


Jesus, porém, um dia, veio e disse: “Filha,

Enquanto houver na Terra algum sinal de dor,

Estarei, entre os homens, trabalhando

Para a Bênção de Deus, em tarefas de amor.


“Mas se queres partir, segue adiante,

Busca os sóis da Divina Primavera,

Construíste, lutaste, padeceste,

Conquistaste o repouso, a Paz te espera.”


Mas aquela que ouvira o Cristo Amado,

Não mais pensou no Céu, nem no Porvir,

E, seguindo a Jesus, achou na própria Terra

A alegria de amar e o prazer de servir.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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