Registros Imortais

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Capítulo XXII

Ante a Doutrina Espírita


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22ª reunião | 21 de março de 1957


: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Geni Pena 10avier, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, , Antônio Inácio de Melo, Edite Malaquias 10avier, Aderbal Nogueira Lima, Zínia Orsine Pereira, Laura Nogueira Lima, Waldemar Silva, Olga Peduto, Luiz Peduto e Esmeralda Bittencourt.


Quase sempre as escolas religiosas do passado e do presente tomaram a idolatria como base das tarefas sagradas para o religamento do Espírito humano à glória de Deus.

Os filhos da Índia védica encravavam-se no retiro silencioso para meditação. Os egípcios adoravam esfinges e animais. Os persas introduziram nos elevados ensinamentos de Zoroastro as cerimônias estranhas e as abluções esdrúxulas. Os gregos, apaixonados pelos valores artísticos, desvairavam-se nas manifestações do politeísmo que lhes fascinava a fé. Os romanos entronizavam a efígie dos próprios antepassados. Os druidas conservavam, com extrema afetividade, velhos carvalhos da floresta para os serviços de oração. Com Jesus, no entanto, o problema da revelação divina adquire novo aspecto. O Instrutor da Terra, em nome do Pai Altíssimo, não instituiu no mundo uma seita religiosa propriamente considerada, porque ele próprio, em si mesmo, é o mais alto expoente da religião cósmica do trabalho e do progresso, do amor e da sabedoria, através da qual todas as consciências evoluirão para Deus. Nem santuários de pedra, nem altares, nem símbolos. Nem vasos de incenso, nem cântaros de perfume. Nem gazofilácio para ofertórios públicos, nem fórmulas mágicas, nem atitudes especiais. Seu templo é a natureza — trono da sabedoria divina — e seus ofícios religiosos se constituem do serviço infatigável aos semelhantes.

Durante séculos a idolatria procurou empanar-lhe a simplicidade e o brilho puro, mas, na atualidade, o Evangelho renasce no santuário vivo da Doutrina Espírita, que volve ao continuísmo da religião universal apoiada na ciência que realiza e na filosofia que esclarece, definindo trabalho que constrói, estudo que ilumina e solidariedade que santifica. Detemos, desse modo, nas casas de nossa fé a herança dos princípios sagrados do Cristo, congregando as almas segundo os degraus evolutivos em que se encontram para a substancialização do Reino de Deus. Por isso mesmo um templo espírita é, ao mesmo tempo, um lar de oração e um campo de ação, conjugando as realizações sublimes da alma. E é por isso que as assembleias espíritas constituem a renascença das assembleias apostólicas, em que todos somos chamados à linguagem da exemplificação no bem incessante.

Agora, pois, que nos rejubilamos nas comemorações do primeiro centenário da codificação do Espiritismo, exaltando a missão apostolar de Allan Kardec, todos devemos reconsiderar as próprias obrigações à frente da luz que vem efetuando a nossa libertação para a vida eterna. A nós outros, espíritas encarnados e desencarnados do século XX, cabe uma tarefa gloriosa: a tarefa de manter a pureza e a simplicidade da lição kardequiana, através da edificação de nossa própria consciência para o divino Mestre e Senhor.

Estejamos, assim, convictos quanto ao imperativo da sublimação individual diante da Doutrina que nos felicita, para que possamos servir ao progresso da humanidade e para que a humanidade de amanhã possa abençoar o nosso trabalho de hoje, como hoje estamos agradecendo e exalçando o serviço inolvidável do grande apóstolo de ontem, sempre vivo em nossos corações.




Comunicação recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.



Barros Fournier
Francisco Cândido Xavier

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