Registros Imortais

Versão para cópia
Capítulo LXXXV

Deveres da caridade

85ª reunião | 3 de julho de 1958


: Arnaldo Rocha, Ênio Santos, Elza Vieira, Francisco Gonçalves, Geni Pena 10avier, Áurea Gonçalves, Francisco Teixeira de Carvalho, Geraldo Benício Rocha, Antônio Inácio de Melo, Gil de Lima, Hélio Coscarelli, , Zínia Orsine Pereira e Waldemar Silva.


Meus amigos, Jesus nos abençoe.

As atribuições que aí na Terra executamos, tão ao saber nosso, visam quase sempre o bem-estar do nosso corpo e são bem diversas à frente das necessidades do Espírito. Defrontamo-nos aqui com as nossas mais pequeninas faltas e o que nos parecia insignificante cresce aos olhos da alma e nos faz, às vezes, chorar de arrependimento e de vergonha.

É que os Espíritos saídos da infância e da juventude, e que, portanto, maiores responsabilidades acumulam, se comprometem a jamais faltar com os comezinhos deveres da caridade, embora muitas vezes se vejam cercados de incompreensão e dolorosos problemas. E a quebra desse compromisso lhes acarreta sérios contratempos.

Entretanto, meus caros irmãos, se temos lutas acerbas a enfrentar, deparamo-nos também com entretenimentos, horas de lazer, de verdadeiro reconforto espiritual. Temos nossas palestras com os amigos daí e daqui, o que muito nos encanta e nos alegra.

Contou-me, há dias passados, um amigo vindo da Terra bem antes de mim, um fato que, com a sua permissão, vos relato agora, apenas para lembrete daqueles que se dizem espíritas.

Frequentava o nosso irmão um lar amigo, onde era recebido sempre com as mais exuberantes provas de carinho e confiança. A certa altura, porém, premido por influências menos sãs, intoxicado por excesso de amor próprio, que, tardiamente, reconheceu, melindrou-se, pôs em dúvida aquela amizade tão santa, emitiu conceito desabonador ao chefe daquele lar e afastou-se, ressentido. Reclamações, desculpas, mas com um pouco de tolerância e boa vontade tudo em breve foi esquecido, porém menos para ele que, ao desencarnar algum tempo depois, reconheceu o seu erro e sentiu-se ligado ao peso do remorso. Sem forças para se libertar, e sem meios para poder fazer compreender o seu arrependimento, permaneceu em luta até que, por mercê de Deus, lhe foi dada uma oportunidade de se penitenciar, desatando, assim, a algema que ele mesmo forjara com excesso de personalismo. O meu amigo sorriu tristemente e acrescentou: “Bem vê, Cícero, que esse fato parece banal para muita gente, porém, menos para mim, que duas vezes na semana dirigia uma sessão espírita, onde eu lia e comentava o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

E daí por diante tenho tido o máximo cuidado em não julgar o meu próximo, e compreendi a grandeza daquela afirmativa: “Orai e vigiai para não cairdes em tentação”. (Mt 26:41)

Calou-se o meu amigo e eu continuei a meditar sobre a grande responsabilidade que o conhecimento do Evangelho nos traz. Por hoje, meus amigos, eu me despeço deixando-vos aqui, como sempre, agradecido, o meu coração sincero e fraterno.




Comunicação recebida pela médium Zínia Orsine Pereira, do Grupo Meimei, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.


Mensagem originalmente sem título, o que foi feito para a composição do presente volume.



Cícero Pereira
Francisco Cândido Xavier

Este texto está incorreto?

Veja mais em...

Mateus 26:41

Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

mt 26:41
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa