Relicário de Luz

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Capítulo C

Olvida a própria dor


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Se ao redor do teu passo

A mágoa tumultua,

Não te esqueças que, além do teu cansaço,

Há sempre muita dor maior que a tua.


Quando triste, chorares,

Com teu, sonho tocado de aflição,

Recorda as amarguras e os pesares

De quem sofre sem pão.


Se perdeste na morte um ser amado

E a saudade infinita te reclama,

Lembra aquele que vive soterrado

Em sepulcros de lama.


Se enfrentas o destino agro e sombrio,

Foge à noite em que o mundo se subleva,

E recorda quem vai com fome e frio

Ao encontro da treva.


Trabalha e ajuda, embora descontente…

Além do pranto que te beija os olhos,

Correm sangue e suor de muita gente

Entre pedras e abrolhos!


Olvida a própria dor, por mais austera,

No serviço cristão,

E encontrarás na cruz que te lacera

O caminho da própria redenção.




Carmen Cinira
Francisco Cândido Xavier

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