Relicário de Luz

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Capítulo LXVI

Ante o remorso


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Quando desci chorando, desatento,

A garganta cruel da sepultura,

Cria abraçar, na morte, a noite escura

Que me desse consolo e esquecimento.


Ai de mim, relegado ao desalento,

Preso à triste ilusão que não perdura!…

Desvairado encontrei, nessa aventura,

O remorso medonho e famulento…


Aterrado, gritei: — “Monstro, recua!”

E o monstro, em gargalhada horrenda e nua,

Bradou: — “Eu sou agora o irmão que levas…”


E, misto de morcego, gralha e aborto.

Atirou-me a sinistro desconforto,

Mergulhando comigo em densas trevas.




Anthero de Quental
Francisco Cândido Xavier

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