Relicário de Luz
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IVenho do núcleo imbele da albumina. Num milhão de sombrios avatares, Pólipo de comunas celulares Que a lei organogênica domina. Avancei dos recôncavos da mina Ao charco morno que reveste os mares… E errei nas selvas multisseculares Com sede e fome de carnificina. Venho do zero cósmico profundo, De pavorosas tenebras do mundo, Estrangulando os vínculos das eras. E, nas lutas sem fim que me consomem, Tenho o orgulho bastardo de ser homem Sobre o instinto medonho das panteras! IIMas, além do pretérito que humilha, Meu ser antropocêntrico em batalha, Surge um sol flâmeo e belo que se espalha Por celeste e ignota maravilha. É o anjo-homem-Cristo que perfilha O homem-lôbo que, em mim, veste a mortalha Da fera que ainda ruge e se estraçalha Sob a treva em que a lágrima não brilha… Desce, ó Divina Luz, aos meus escombros, Põe a cruz de verdade nos meus ombros, Prende-me os punhos ao calvário adverso! Esmaga em mim a hiena taciturna, Arrebata-me aos pântanos da furna Para a glória divina do Universo. |
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