Relicário de Luz

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Capítulo LIX

Bilhete filial


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Meu querido paizinho, peço a sua bênção em meu favor!

Não é novidade a minha palavra nesta carta, porque o seu carinhoso coração bem conhece que estou mais vivo que nunca.

Estou aqui, porém, aproveitando uma oportunidade que os Nossos Benfeitores nos concedem e quero dizer ao senhor e à inesquecível mãezinha que nossos pensamentos estão unidos.

Desde aquele aniversário em que a dor me atacou violentamente com a separação, tenho mudado muito. Mudado para melhor, a fim de ser mais útil. Se eu pudesse, papai, voltaria para continuar ao seu lado na experiência do mundo.

A saudade aqui é uma aflição muito grande; mas os nossos 1nstrutores me dizem que o seu caminho de homem de bem não estará sem alegria e sem luz e que eu deveria ter vindo de modo a preparar o futuro com mais proveito.

A vida, papai, é uma longa caminhada para a vitória que hoje não podemos compreender. E aqui me ensinam que a dor é o anjo misterioso que nos acompanha até o fim da luta pela perfeição.

O senhor e mamãe continuem firmes na caridade. Um dia, todos estaremos novamente reunidos numa vida maior.

O desastre, papai, foi a provação salvadora.

Eu sei quantas lágrimas derramamos juntos; entretanto, quando choramos, com paciência e coragem, Deus transforma o nosso pranto em pérolas de luz para a eternidade.

Leve à querida mamãe o meu beijo carinhoso, com a certeza de que estou forte para ser-lhes útil, de algum modo.

Meu abraço do coração para todos os nossos.

Não posso ser mais extenso. Ajudem-me sempre com as orações. E reunindo o senhor e mamãe num grande e carinhoso abraço, sou o filho reconhecido, cheio de saudade e de afeto.




Moacyr
Francisco Cândido Xavier


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