Retornaram Contando - Coleção Cartas Psicografadas

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Capítulo III

“Juca, você está livre”


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Quando Zeca Andrade, dinâmico confrade da cidade paulista de Mogi Mirim, esteve em Uberaba, Minas, a 1º de abril de 1983, na expectativa de receber, pelo médium Chico Xavier, alguma mensagem de seu progenitor ao povo de sua cidade, não esperava que ele, Juca Andrade, desencarnado em 1978, enviasse, em longa carta, tantas informações preciosas, entremeadas com manifestações de muito carinho aos mogimirianos e com palavras de afeto e estímulo ao filho e demais companheiros que estão à frente das múltiplas tarefas assistenciais e doutrinárias que ele plantou na Terra.

Devotado e perseverante seareiro, Juca transmitiu muito amor aos mais necessitados, apesar de não dispor de muito tempo, pois esteve sempre sobrecarregado com compromissos familiares — pai de 10 filhos — e profissionais, atuando com muito zelo na função de conferente da Estação de Estrada de Ferro da Companhia Mogiana (hoje, Fepasa).

Não será difícil, portanto, entender as razões da assistência carinhosa que Juca Andrade recebeu do Plano Espiritual, em seu processo desencarnatório, narrado minuciosamente por ele mesmo, quando, ao lado de tantos outros grandes espíritas de nosso país, surgiram os dedicados Benfeitores Batuíra e Dr. Bezerra de Menezes, desatando os últimos laços que o prendiam ao corpo físico. E, logo em seguida, ao levantar-se em Espírito, ele ouviu dos lábios do “Kardec brasileiro” a frase inesquecível: “Juca, você está livre.”


CARTA DE JUCA ANDRADE


“Muita coisa por aí pode ter mudado. Inflação, conflitos administrativos, tabelas de preço e lutas inesperadas vão trazendo mais lutas, mas Deus não mudou. É o mesmo Pai de Infinito Amor.”

Meu caro Zeca, meu filho, aqui estou associado às preces desta casa de fraternidade e paz.

Para você e para a nossa gente do “Jesus e Caridade” as minhas notícias não são novidades. Acontece que você e os amigos de Mogi Mirim queriam qualquer página escrita pelas mãos mediúnicas do amigo Chico e não pude esquivar-me. Aliás, não posso esquecer que de Mogi a Uberaba não é distância de um grito. Vamos assim ao que mais nos interessa, porque informações de pai espírita gastam tempo. Não tenho por onde começar, porque estou na convivência de vocês todos, agora tanto quanto antes.

Às vezes, me dava ao luxo de pensar que a desencarnação seria descanso. Ideia de burro cansado, porque sendo a morte um banho de renovação sem milagres, as nossas atividades não encontrariam por aqui outra ordem que não seja a de marchar para diante. E marchar sozinho para diante deve ser brinquedo de criança. Estamos todos ligados uns aos outros, para não dizer acorrentados. O passado fala no presente e o presente conversará no futuro.

Impossível deixar companheiros a distância e partir sem rumo certo à procura de um céu inexistente, porque os estados de cada um por dentro da própria alma é que traçam o lugar em que nos encontramos. Você, meu filho, conhece a extensão de nossos compromissos com a Doutrina Espírita e por isso compreenderá que em mim coexistem o pai e o trabalhador. Não posso separar as obrigações de um e outro.

As preces e os cuidados de nossa Carmela me resguardaram contra qualquer manifestação de receio ou desânimo. Creia, porém, que falamos talvez muito no Mais Além, sem compreender-lhe as complexidades. Noto, quase com humor, que o Além para mim foi permanecer no mesmo lugar. Aliás, seria ingratidão desertar da cidade que nos deu e nos dá tanto ainda, sobretudo, em amor e entendimento.

Reconheci que o meu carinho de pai não deveria esmorecer. Em nossa agremiação continuam você e a nossa estimada Maria José, o Dulphe, o Airton e a nossa prezada Sílvia, o Paulo, o Edson, e a nossa Helen prossegue representando o nosso ponto de serviço mais urgente, pelas necessidades espirituais em que a filhinha renasceu.

A nossa Carmela é a mesma dedicação maternal que conhecemos e contamos com vocês na proteção à querida irmã, que as vidas anteriores não permitem usufruir a atual existência com a precisa segurança. Confiamos nos filhos amigos e nas noras que o Senhor nos deu por filhas do coração, e estamos certos de que não seremos desapontados. E, além de nossa Helen, temos os outros parentes do coração, todos aqueles que se abrigam entre as paredes de nossa organização.

Muitas vezes surpreendo você a indagar-se sobre a maneira de vencer na estrada das contas e compromissos. Ainda assim não tema. Lembre-se de que nos dias mais difíceis, a nossa fé parecia maior e com a nossa fé mais ampla, o auxílio da Providência Divina, em nossa instituição, fazia sobrar alegrias e bênçãos.

Muita coisa por aí pode ter mudado. Inflação, conflitos administrativos, tabelas de preço e lutas inesperadas vão trazendo mais lutas, mas Deus não mudou. É o mesmo Pai de Infinito Amor que mandava colocar em nossas mãos tanto a moeda para comprar a farinha, quanto a força para fazer o pão ou adquiri-lo com segurança.

Não tenham medo da vida para que a vida não tenha medo de nós. A obra não pode empalidecer. É preciso crescer para auxiliar o próximo. E creiam vocês todos que, estimulados para o bem de todos, o crescimento não se nos fará motivo a qualquer vaidade. Tudo aquilo que está feito é a caridade com Jesus e tudo o que pudermos fazer será sempre Jesus e a Caridade.

No término de minhas forças, acreditei que a fadiga havia chegado. Não era fadiga. Era desgaste da engrenagem de que me utilizava para trabalhar sem consultar o relógio. As pernas enfraqueceram de tantas caminhadas que se somavam umas às outras e o coração balançou no peito, como a pedir férias. Não conseguia, porém, pensar nisso. A dor não tem dias santos. E era preciso movimentar-me.

Muitos amigos me consideravam fanático, no entanto, era necessário fixar-me no que devia efetuar e a conversa, mesmo bonita, de nada me valia se os diálogos com os amigos não tivessem o adubo da beneficência.

Cheguei ao fim do corpo, usando remédios por obrigação, porque nunca admiti outro médico que tivesse mais autoridade que a de Jesus-Cristo. E, por essa razão, entreguei-me aos desígnios d’Ele, nosso Divino Mestre e Senhor.

Estava muito lúcido e atento a fim de observar o que vinha a ser a última hora do corpo. Entretanto, nos derradeiros trâmites do meu processo de liberação, reconheci-me um tanto modificado. Minha visão alterou-se. Pensava com hesitação. A incerteza me dominava.

Em dado momento, vi-me quase devolvido à condição de criança. Sentia-me no colo da mamãe Albina, e a vó Mariquinha estava perto. Conversavam comigo, mas eu trazia o pensamento em vocês e nada escutava. Queria chamar por você e pelo Airton, e ultimar recomendações, mas a voz estava calada por dentro de mim. Só a atenção me obedecia. Então imaginei que sonhava. Não era homem para me entregar a qualquer fantasia. Ignorava que me achava entre duas vidas a lutarem por dentro de mim, uma com a outra. A visão da mãe Albina me impelia para o Mundo Espiritual, mas as vozes das crianças, embora de longe, me chamavam para a Terra.

Por fim, cessou a luta e rendi-me sem condições. O corpo abatido não mais me serviria. Era preciso saber agradecer-lhe quanto me havia doado em tantos anos abençoados de serviço e atender aos apelos novos. Como se fosse impressionado por uma paisagem, em cuja realidade não acreditava, vi amigos chegando…

Você compreenderá como dói observar tantos prodígios sem possibilidades de comunicar-se com os familiares. Reconheci antigos companheiros que julguei me visitassem para uma oração de fraternidade e esperança. Eram eles muitos, mas de momento, lembro-me de que estavam junto de nós o Lameira de Andrade e o Américo Montagnini; o Onofre e Graçinda Batista, nossos irmãos de Itapira; o Tio Paco, de Avaré; o Marrone, de Campinas; o Cairbar Schutel e Mariquinha Perche, de Matão; o Romeu do Amaral Camargo, o Vinícius, o Elói Lacerda e tantos outros amigos.

Eles se davam as mãos em torno de mim, como se expressassem desse modo o abraço que me transmitiam. Um suave calor me revigorou as energias e vi o nosso respeitável Bezerra de Menezes ao lado do nosso Batuíra, que penetrando a roda fraternal, me tocavam no corpo com gentileza, qual se me cortassem algo na pele insensível. Aquela formação de amigos entrou em prece, feita em voz alta e, tocado por uma alegria misturada de dor, ergui-me do corpo, como quem se levantava do leito com recursos suficientes para saudar os circunstantes. Bezerra de Menezes, com a bondade paternal que lhe conhecemos, tocou de leve em meus ombros e disse sorrindo: “Juca, você está livre”.

Então compreendi tudo e o velho coração rebentou em lágrimas. Eu não queria liberdade, queria permanecer caminhando em nossa querida cidade de Mogi Mirim, de rua em rua, alertando os amigos das boas obras para que a máquina não parasse. Mas a mãezinha Albina me reconfortou e me convidou a seguir os amigos, porque não me seria conveniente acompanhar aquele corpo que encontrara finalmente a parada de repouso. Agradeci, chorando, aquele companheiro que seguiria para um destino diferente do meu, recordei tudo quanto me dera em resistência nos dias mais atribulados das nossas tarefas e segui para fora…

Só então consegui adormecer ignorando de que modo. Adormeci sonhando com o povo amigo que me tutelou, ou melhor, a todos nos tutelou com bondade e acordei em outra dimensão da vida, que prossegue sem pausa. E pedi então a todos os amigos me auxiliassem a voltar para o nosso refúgio de paz e trabalho, até que obtive permissão para continuar com vocês, agora. Até quando? Só Deus sabe. O que sei é que a caridade é um processo desconhecido geralmente no mundo — o processo de sermos felizes, fazendo os outros consolados e felizes.

Ah! meu filho, quanto puderem façam o bem, com aquele desprendimento que a nossa Carmela e vocês me ensinaram.

Tenho encontrado vários amigos. A nossa irmã Yolanda vem trabalhando pela paz do nosso amigo Massucci, e muitas vezes me fala com respeito a ele e aos filhos queridos. O nosso Guedes continua sendo para mim o companheiro incansável de sempre.

Filho, mais uma vez peço a vocês pela nossa Helen e vou terminar. Não posso ser o dono da noite, quando não sou dono nem de mim mesmo.

A todos os nossos familiares e irmãos de ideal e trabalho, o meu abraço assinalado pelo calor de meu coração reconhecido, e receba com todos os seus irmãos e com todos os nossos amigos o carinho e a saudade, a esperança e o devotamento do pai e servidor de sempre em Nosso Senhor Jesus-Cristo.

Sempre reconhecidamente, o velho companheiro,


Juca Andrade
José Antônio Andrade Júnior.

NOTAS E IDENTIFICAÇÕES


1 — Carta psicografada pelo médium Francisco C. Xavier, na noite de 01/04/1983, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, Uberaba, Minas.


2 — Zeca — José Andrade, mais conhecido por Zeca, filho de Juca, é o atual presidente da Associação Espírita “Jesus e Caridade”, de Mogi Mirim. Muito prestativo forneceu-nos, em entrevista fraterna, as informações que se seguem.


3 — Carmela — Carmela de Souza Janini, casou-se com Juca Andrade em 1914 e reside em Mogi Mirim.


4 — Maria José — Esposa de Zeca.


5 — Dulphe — Filho, residente em S. José dos Campos, SP.


6 — Airton — Filho, residente em Mogi Mirim.


7 — Sílvia — Esposa de Airton.


Paulo — Filho, residente em Marília, SP.


9 — Edson — Filho, residente em Mogi Mirim.


10 — Helen (…) que as vidas anteriores não permitem usufruir a atual existência com a precisa segurança. — Filha, portadora de enfermidade crônica, reside com sua progenitora. Ele esclarece, consolando a família, que a causa básica da enfermidade está nas existências passadas de Helen.


11 — (…) temos os outros parentes do coração, todos aque%s que se abrigam entre as paredes de nossa organização. — Juca revela em palavras o que ele viveu e sentiu em sua última vida terrena. Amou não só os familiares, dedicando-se também a uma numerosa família de corações sofredores. As crianças excepcionais do Lar Espírita, os velhinhos e as velhinhas do antigo Albergue, e os moradores da Vila Paim foram aqui carinhosamente lembrados.


12 — Muitos amigos me consideravam fanático — Juca era tão perseverante no trabalho assistencial, que, realmente, era considerado fanático por muitos. Zeca Andrade contou-nos: “— Também eu não aceitava toda aquela dedicação de meu pai, mas agora sei que ele tinha razão.”


13 — Sentia-me no colo da mamãe Albina e a vó Mariquinha estava perto. (…) Queria chamar por você e pelo Airton, e ultimar recomendações, mas a voz estava calada por dentro de mim. — Nos últimos dias de sua existência terrena, hospitalizado na Santa Casa de Mogi Mirim, Juca não mais falava. Porém, poucas horas antes do desenlace, na madrugada de 19/07/1978, Airton, seu acompanhante, ouviu seu pai balbuciar, bem baixinho o nome de Albina. Albina Gazeo Andrade, mãe de Juca, faleceu em 1952. Maria de Souza, Mariquinha, sogra de Juca (avó de Zeca), faleceu há 35 anos, aproximadamente.


14 — Mas as vozes das crianças, embora de longe, me chamavam para a Terra. — A sua ligação amorosa e mental com as crianças no Lar é aqui patenteada.


15 — O corpo abatido não mais me serviria. (…) vi amigos chegando… (…) Reconheci antigos companheiros que julguei me visitassem para uma oração de fraternidade e esperança. — Juca mantinha fraternal amizade com numerosos confrades de outras cidades, permutando cartas ou visitando-os em suas viagens. E, como vemos, muitos deles o recepcionaram no momento de seu regresso à Vida Maior, em testemunho de apreço e carinho, sendo relacionados na carta familiar.


16 — Lameira de Andrade — Dr. Pedro Lameira de Andrade (Rio de Janeiro, RJ, 1880 — São Paulo, SP, 1938), advogado, tornou-se famoso orador espírita. Dirigiu a revista doutrinária Verdade e Luz, fundada por Batuíra, em 1890. Foi sócio fundador e orador oficial da Federação Espírita do Est. de São Paulo. É um dos autores espirituais das obras Seareiros de Volta (W. Vieira, Espíritos Diversos, FEB, Rio.) e O Espírito da Verdade (F. C. Xavier, W. Vieira, Espíritos Diversos, FEB.)


17 — Américo Montagnini — Prof. Américo Montagnini (S. João da Boa Vista, SP, 1897 — São Paulo, SP, 1966), dentre outras importantes atividades doutrinárias, assumiu, em 1939, a presidência da Federação Espírita do Estado de São Paulo, “cargo que exerceu com raro descortino até a data da sua desencarnação.” (Grandes Vultos do Espiritismo, Paulo Alves Godoy, Edições FEESP, São Paulo, SP, 1ª ed., 1981, p. 33.)


18 — Onofre e Gracinda Batista, nossos irmãos de Itapira — O casal Onofre Batista (Portugal, 1886 — Itapira, SP, 1
965) e Gracinda Batista (Portugal, ? — Itapira, 1
946) fundou, em 1936, na cidade de Itapira, o Sanatório Espírita “Américo Bairral” (hoje, Fundação). (Ver dados biográficos completos em , Francisco C. Xavier, Espíritos Diversos, Hércio M.C. Arantes, IDE, Araras, SP, Cap. X.) Este devotado casal estava presente à reunião do GEP, em Uberaba, na noite em que Juca Andrade redigiu sua carta, pois, num diálogo rápido entre Chico Xavier e Zeca Andrade, o médium disse-lhe: “O Onofre e a Gracinda estão ao lado de você.”


19 — Tio Paco, de Avaré — Irmão de Albina G. Andrade, portanto tio de Juca, residia em Avaré, SP, onde faleceu há muito tempo.


20 — Marrone, de Campinas — “Servílio Marrone nasceu em Campinas, SP, a 26/4/1912, aí desencarnando a 04/01/1955. Espírita dedicadíssimo, ministrava aulas de Evangelho aos jovens da Mocidade Espírita Allan Kardec e se entregava, com devotamento e abnegação ao trabalho de passes nas casas das pessoas enfermas. Foi, justamente com Gustavo Marcondes, um dos fundadores do Centro Espírita Allan Kardec, no qual ocupava o cargo de Secretário, até o dia de sua desencarnação.” (, Francisco C. Xavier, Elias Barbosa, Gabriel C. Espejo (Espírito), IDE, Araras, SP, p. 41.)


21 — Cairbar Schutel e Mariquinha Perche, de Matão — Cairbar de Souza Schutel (Rio de Janeiro, 1968 Matão, SP, 1
938) foi um dos maiores vultos do Espiritismo no Brasil. Em Matão, fundou a Casa Editora O Clarim e os periódicos: O Clarim e a Revista Internacional de Espiritismo. Foi o pioneiro da divulgação espírita pelo rádio. Redigiu e editou 17 valiosas obras doutrinárias. É co-autor, espiritual dos livros: O Espírito da Verdade (F. C. Xavier e W. Vieira, Espíritos Diversos, FEB), Seareiros de Volta (W. Vieira, Espíritos Diversos, FEB), Luz no Lar (F. C. Xavier, Espíritos Diversos, FEB). — Maria Perche (1899-1934), mais conhecida por Mariquinha, trabalhou, juntamente com sua irmã D. Antônia (Antoninha) Perche da Silveira, desde a idade de 16 anos, na redação de O Clarim e como secretária de Cairbar Schutel.


22 — Romeu do Amaral Camargo — (Rio Claro, SP, 1882 — São Paulo, SP, 1
948) Professor, advogado, jornalista e escritor. Primo de Pedro de Camargo (Vinícius). Adepto do Protestantismo, ordenado diácono em 1913, converteu-se ao Espiritismo em 1923. Colaborou com a revista Reformador e outros órgãos da imprensa espírita. Em 1936, foi eleito 1.o secretário da recém-fundada Federação Espírita do Estado de São Paulo. Deixou 4 preciosas obras: Protestantismo e Espiritismo à luz do Evangelho, De cá e de lá, Salvação pela fé ou pelas obras? e Um só Senhor. É um dos autores espirituais dos livros: Seareiros de Volta (W. Vieira, Espíritos Diversos, FEB) e Falando à Terra (F. C. Xavier, Espíritos Diversos, FEB).


23 — Vinícius — Pedro de Camargo, mais conhecido pelo pseudônimo de Vinícius (Piracicaba, SP, 1878 — São Paulo, SP, 1966), foi grande educador, orador, jornalista e escritor espírita. Dirigiu o jornal O Semeador e presidiu o Instituto Espírita de Educação. Escreveu as seguintes obras: Em busca do Mestre e Na Escola do Mestre das Edições FEESP, São Paulo; Em torno do Mestre, o Mestre na Educação, Na Seara do Mestre e Nas Pegadas do Mestre da FEB.


24 — Eloi Lacerda — Eloy Lacerda (Itapeva, SP, 1879 — São Paulo, SP, 1
944) foi professor primário, diretor de Grupos Escolares e aposentou-se quando lecionava no Reformatório Modelo da Capital paulista. Pertenceu ao Departamento Cultural da Federação Espírita do Estado de S. Paulo, tendo sido gerente da Livraria Allan Kardec e tesoureiro do Abrigo Batuíra. Colaborou assiduamente em diversos órgãos da imprensa espírita e foi expositor bastante solicitado, tanto na Capital, como no interior paulista.


25 — Bezerra de Menezes — Dr. Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti (Vila Riacho do Sangue, Jaguaretama, CE, 1831 — Rio de Janeiro, RJ, 1900), grande vulto do Espiritismo brasileiro, foi médico, político, jornalista, conferencista e escritor. Até os nossos dias é muito conhecido por dois justos cognomes: “Kardec brasileiro” e “Médico dos Pobres”. Escreveu várias e importantes obras doutrinárias. É um dos Benfeitores Espirituais mais lembrados e amados pela família espírita brasileira. No Plano Maior, continua trabalhando intensamente; especificamente no campo literário, tem enviado à Terra, através de vários médiuns, romances e páginas doutrinárias de grande valor.


26 — Batuíra — Antônio Gonçalves da Silva (Portugal, 1839 — São Paulo, SP, 1909), mais conhecido pelo cognome Batuíra, foi um dos grandes pioneiros do Espiritismo no Brasil. Jornalista, conferencista, médium curador, prestou relevantes serviços assistenciais na capital paulista. Fundou o jornal (mais tarde, revista) Verdade e Luz, em 1890. É o autor espiritual de Mais Luz (Francisco C. Xavier, GEEM, S. Bernardo do Campo, SP) e co-autor de várias outras obras recebidas por Chico Xavier.


27 — Entretanto, nos derradeiros trâmites do meu processo de liberação, reconheci-me um tanto modificado. Minha visão alterou-se (…) Por fim, cessou a luta e rendi-me sem condições. O corpo abatido não mais me serviria. — Nesse momento, deu-se a morte física de Juca. A sua visão, agora totalmente espiritual, se amplia e vê os amigos chegando… Mas, a sua desencarnação não estava completa, pois faltava uma operação final: o corte do cordão fluídico (prateado) que liga o cérebro do corpo físico ao cérebro do corpo espiritual (perispírito). Daí a pouco ele viu entrando os abnegados Dr. Bezerra e Batuíra… eles me tocavam no corpo com gentileza, qual me cortassem algo na pele insensível. Em seguida, Juca-Espírito consegue erguer-se, não mais preso ao corpo inerte… ele estava totalmente liberto! (Ver , Francisco C. Xavier, Espírito de André Luiz, FEB, Cap. 13.)


28 — A nossa irmã Yolanda vem trabalhando pela paz do nosso amigo Massucci — Oscarlino Massucci, confrade atuante, é um dos pioneiros do movimento espírita de Mogi Mirim, tendo participado da fundação do Centro Espírita Regenerador e Caridade (hoje, Associação Espírita Jesus e Caridade) em 1926. Sua esposa Yolanda, espírita devotada, desencarnou há 4 anos.


29 — O nosso Guedes continua sendo o companheiro incansável de sempre — João de Campos Guedes, falecido há 4 anos, também participou da fundação do “Jesus e Caridade”, sempre pertencendo à sua Diretoria.


30 — José Antônio Andrade Júnior — Juca Andrade. — Nasceu em Santo Antônio de Posse, comarca de Mogi Mirim, a 05/02/1895; e desencarnou às 6 horas da manhã do dia 19/7/1978, em Mogi Mirim. Foi médium intuitivo, psicofônico, vidente e de cura (passista). Esteve à frente de numerosas realizações, dentre as quais relacionaremos: Fundação do Centro Espírita Regenerador e Caridade, em 03/05/1926, cujas sessões eram realizadas em sua residência. Construção da sede própria do Centro referido, mudando o nome para Associação Espírita Jesus e Caridade, em 26/7/1933, onde funciona até hoje. Em 1934, construção do Albergue Noturno, ao lado da Associação, hoje transformado em Lar de Velhinhos. Em 1947, fundação da Mocidade Espírita. Em 1958, fundação do Grupo Espírita de Santo Antônio de Posse. Em 1960, construção de 14 casas para pobres na 5ila Paim. Em 1973, conclusão e inauguração do Lar Espírita Maria de Nazareth, situado à Rua Dr. Bezerra de Menezes, que abriga 30 crianças excepcionais. De 1928 a 1977, realização do Natal dos Pobres, com distribuição de gêneros alimentícios. Distribuição gratuita de remédios homeopáticos. Almoço aos pobres nas datas natalícias de Allan Kardec e Bezerra de Menezes.


31 — Várias vezes, Juca Andrade solicitou orientação aos Espíritos Protetores, por intermédio de Chico Xavier, sempre recebendo palavras de conforto e estímulo. Estas mensagens psicografadas estão cuidadosamente arquivadas no “Jesus e Caridade” e, encerrando nossas observações deste Capítulo, transcreveremos duas delas:


Hércio Arantes

“Filho, Jesus nos abençoe.

Serviço do bem é e será sempre a nossa bênção maior. Devotados Benfeitores da Vida Maior estão, como sempre, cooperando na sustentação de suas forças. Sigamos para diante, trabalhando e servindo, confiando no Senhor, sempre e sempre,

Bezerra”

“Meus filhos, Jesus nos abençoe.

Quanto possível, estudemos mais amplamente a obra de Allan Kardec, a fim de que o discernimento espírita nos auxilie na condução das tarefas gerais que nos foram confiadas. Devotados Benfeitores Espirituais estão cooperando em nosso favor, e devemos confiar na proteção de Jesus, hoje e sempre.”


Bezerra”


Juca Andrade
Francisco Cândido Xavier


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