Retratos da Vida
Versão para cópiaParentesco e reencarnação
Você nos pede por carta, Meu prezado amigo João, Que a gente escreva no tema: Família e reencarnação. Assunto vasto, meu caro, Tão vasto que já nem sei Andar nesse labirinto Mesmo andando à luz da lei. O lar parece uma empresa De lucro certo e benvindo, Surge na Terra em dois sócios, Depois a casa vai indo… O casal primeiramente Celebra doces afetos, Em seguida, ganha filhos E os filhos arranjam netos. Logo após é um grupo grande Ao qual, de forma concisa, A gente volta em criança Procurando o que precisa. A luta chega… Entretanto, O progresso vale a pena. É isso aí… Cada berço Põe a vida em nova cena. O mundo lembra um teatro, Cuja função nunca cessa, Toda casa lembra um palco, Cada família é uma peça. O espetáculo é de todos, A prova é parte comum, Mas proveito e aprendizado São coisas de cada um… Antes do berço rogamos A luta que nos apraz, Depois, muito comumente, Buscamos voltar atrás. Requisitamos em prece Inimigos por parentes E ao revê-los, ombro a ombro, Reclamamos descontentes. Às vezes, a filha ingrata É aquela jovem sofrida Que abandonamos à rua Nos prazeres de outra vida. Filho criando problema, Tristeza, mágoa, perigo: Adversário de outrora Cobrando débito antigo. Noras cruéis, genros brutos, Pai tirânico e violento, São contas do crediário Resgatado a sofrimento… Rusgas, brigas e desgostos Espinheirais do passado, Pagamento a prestações De culpas por atacado… Nossos erros de outras eras, Ódio, inveja, tentação, Retornam pela família Na lei da reencarnação. Quem amou, quem deu de si, Sobe de altura e lugar, Quem fez sofrer vem sofrer, Quem bateu vem apanhar. Quem dos outros fez capacho, Cria resgate severo, Quem foge ao próprio dever Vem de novo à estaca zero. Parentela é escola santa Sempre que a vemos daqui, Cada qual encontra em casa Aquilo que fez de si. Ame, perdoe, sirva e ajude Quanto ao mais, meu caro irmão, Se você sofre em família, Não reclame, aguente, João. |
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