Retratos da Vida
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Apego demais
Você quer informação, Meu caro Luiz Lamego, Do que se sabe no Além, Quanto aos problemas do apego. Apego cria na gente Muita luta e compromisso Que o verbo ao nosso dispor Quase nada conta disso. Por força da Lei de Deus, Sempre clara e benfazeja, Cada qual acha no tempo Aquilo que mais deseja. Agarramento no mundo, Na vista, uma cousa à-toa, Parece uma corda grossa Que prende qualquer pessoa. Posso dizer a você: Nesse laço estranho e forte, Temos amigos em monte Lutando depois da morte. Você recorda Nhô Juca, O sovina de Água Raza Depois de morto, deitou-se No cofre da própria casa. Nhô Chico viveu rondando O antigo sítio da Penha, Desencarnado, prossegue Vigiando chão e lenha. A moça do garfo grande, Maricotinha Donato, Sem corpo, só pensa nisto: — Leitoa, galeto e pato. Antonico de Caneca, No Além, inda bebe e xinga, Se o vejo é sempre escornado, Junto à garrafa de pinga. Outra que anda no copo, Dona Augusta, da Água Bela, Fora do corpo, procura Quem queira beber com ela. Conrado era da calúnia, Nunca se soube porque, Sem corpo vive escrevendo Infâmias que ninguém lê. Cultivava inveja e ódio Nhô Tino do Sapecado, No Além, parece uma bomba Que todos deixam de lado. Sempre fugiu do trabalho O nosso caro Elentério, Morreu, mas vive em descanso Dormindo no cemitério. Negociante usurário, Desencarnado, Nhô Bem, Conserva o punho agarrado Na gaveta do armazém. Guilhermino que morreu De namorico e paquera Vive agora atrás das moças, Nem vê que o caso já era. Pensem nisto, enquanto é tempo, Apego, caro Luiz, É o modo que o mundo encontra De se fazer infeliz. Educação e serviço Indicam a paz segura, Toda pessoa na vida Tem aquilo que procura. Pode crer. Depois da morte, Quanto ao seu próprio lugar, Aquilo que você busque É a nota que vai contar!… |
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