Revelação

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Capítulo XI

Misericórdia e fé


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José da Silva Machado

Tinha um filho, o Vicentinho,

Que se mantinha empregado

No lojista Souza Pinho.


Embora aos doze de idade,

Corria em todos os lados;

Era chamado na firma

O menino dos recados.


Um dia, lavando vidros,

Viu, perto, uma ratazana,

Com o susto ficou tremendo…

Quebrou seis pratos de porcelana.


Souza Pinho enfurecido,

Vendo os cacos sem proveito,

Agarrou o rapazinho

E deu-lhe um soco no peito.


Levado a casa paterna,

A mãezinha Lina Lia,

Verificou assustada

O sangue que lhe vertia.


O pai foi chamado às pressas,

Levou o filho ao hospital;

Disse o médico após o exame:

— Nosso pequeno está mal…


Passadas duas semanas

De esperança e desconforto,

Perante os pais desolados,

Vicentinho estava morto…


Souza Pinho a desculpar-se

Falou com grande desvelo,

Machado, porém, no quarto

Recusou-se a recebê-lo.


Ao sair clamou: — Esse Pinho

É uma cobra e vou matá-la,

Ninguém queira me mudar,

Para isso, tenho a sala.


Falou em processo e contenda,

— Essa cobra, vou picá-la…

A esposa apenas responde:

— Não sei o que você fala…


— E sente, meu caro Zé,

Pondere os conselhos meus…

Nossos filhos não são nossos ,

Nossos filhos são de Deus.


— E ouça querido: A morte,

Acentuou a mulher,

A morte devolve a Deus,

Aquele que Deus quiser!…


— Não pense em processo ou crime.

Deus sabe o nosso pesar…

Tudo passa neste mundo,

Nossa dor há de passar!…


Dois anos após, veio um moço

Que abraçou Machado e Lina

E disse-lhes: — Meus amigos,

Vim dizer-lhes simplesmente:

— Eis a grande novidade,

Souza Pinho, o meu patrão,

Faleceu hoje de angina…




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier

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