Revelação
Versão para cópiaLuta de um pai
O Coronel Minervino Era rico fazendeiro, Segundo a fala do povo Guardava muito dinheiro. Ao perder a esposa morta, Dona Libânia Maria, Caiu em doença grave Entrando em paralisia. A clamar e a lamentar-se Sozinho num casarão, Tomou por filho adotivo O órfão Sebastião. O menino que era pobre, Mas, pobre a mais não poder, Não mostrava a inclinação De servir e obedecer. Na escola era mau aluno, Preguiçoso e respondão, Quase todos os colegas Tinham medo do Tião. O coronel evitava Falar-lhe em renúncia e paz, Queria encontrar no filho Um atleta forte e capaz. Muito em breve fez-se moço Bonitão e gastador. Usava as notas do pai Como papéis sem valor. Não aceitava conselhos De estudar ou de parar, Tinha ele um pai tão rico Para que se incomodar? Mas, ninguém foge a mudanças Que aparecem ano a ano; O coronel via no filho O seu pior desengano. Estava pobre e doente Pagando agora os juros Das quantias emprestadas Para resgates futuros. Piorando, piorando… Nada mais tinha de seu… Numa noite triste e fria O coronel faleceu. Tião chorou, mas, lembrou-se Dos seus tempos de criança; De certo receberia Do pai morto grande herança. No outro dia, forte e ansioso Mantendo o seu sonho inglório, Foi chamado para ajustes Registrados num cartório. O escrivão plantonista Informou-o, num momento, Que o pai morto não deixara O mínimo testamento. Deixou uma carta apenas Com cuidado e distinção, Documento dirigido Ao filho Sebastião. O rapaz abriu-a logo, Era algum informe enfim… Quem sabe maneava herança? A carta dizia assim: “Tião, terminam agora Meus dias atribulados, Todos os bens que me restam Estão hoje hipotecados. “Não lhe deixo herança alguma, Estou pobre e sem valia, Meu filho, tudo lhe dei E agora chegou meu dia… Nada mais tenho a lhe dar Mas se você quer dinheiro, Muito dinheiro a gastar, Busque o bem, fazendo amigos E comece a trabalhar.” |
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