Revelação

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Capítulo VII

Avareza


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Não se soube de onde vinha.

Seu nome — Tuca Tinteiro.

Vendia tintas na rua

E tinha muito dinheiro.


Dava conselhos aos pobres,

Buscando escolher a quem,

Mas do dinheiro no cofre,

Não amparava ninguém.


— Seu Tuca — disse Ana Clara,

Sou viúva de João 10isto.

Tuca, porém, replicava:

— Não tenho nada com isto.


— Seu Tuca, preciso tempo,

Rogava Dona Ziúra.

No entanto, ei-lo que lhe arranca

A máquina de costura.


— Seu Tuca, empreste-me cem…

Pagarei quando voltar.

— Diz Tuca: você falhando,

É mais cem para acertar.


Tuca se via tristonho,

Faltava-lhe um companheiro;

Entretanto, era seu lema:

Dinheiro, dinheiro e dinheiro.


Declarava-se usurário

E dizia: — Quem não é?

Sem dinheiro no meu bolso,

Não tomo nem um café.


— Pobreza não é meu fraco,

Detesto a vida na roça;

Quero dinheiro comigo,

Papel ou moeda grossa.


— O meu regime de vida ,

É necessário a qualquer,

Filosofia de todos

Seja homem ou mulher.


E assim vivia Tinteiro…

E a falar palavras feias

Cobrava um simples tostão,

Tomando terras alheias.


Num domingo, entre os amigos,

Pitando e contando casos,

Quando viu certa mulher,

Falando-lhe em conta e prazos.


Ele ia responder

Mas tombou com dor tão forte,

Que a mulher veio abraçá-lo.

Era ela a própria Morte…




Jair Presente
Francisco Cândido Xavier


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