Seara de fé

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Capítulo VIII

Normas da vida


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Amigos devotados te acompanham,

Quando clamas a sós, sem que o mundo te veja,

Sob a fé que reténs, humilde e benfazeja,

Na proteção do Céu que te anota o pesar;

São amigos que volvem de outros Planos,

Envolvendo-te em paz e a guardar-te em amor,

Que te ofertam apoio e te rogam à dor:

— Trabalhar, esquecer, esperar e esperar.


Sofreste amargas provas pela estrada,

Carregas em ti mesmo o estranho atrito

Das largas dores que em teu peito aflito

São nuvens que te fazem desvairar;

Entretanto, asserena-te e prossegue

Nos encargos que o mundo te confia,

Porque o dever nos pede, a cada novo dia:

— Trabalhar, esquecer, esperar e esperar.


Padeces o abandono de entes caros,

Viste o sonho tornar-se desencanto,

O tempo se te fez angústia e pranto,

Portas a dentro de teu próprio lar;

Queres renovação e segurança,

Encontrar a ventura como a sentes,

Mas a vida te roga às lágrimas ardentes:

— Trabalhar, esquecer, esperar e esperar.


A esperança palpita em toda a Terra,

De recanto a recanto, pólo a pólo,

Dos abismos recônditos do solo

Aos montes refletindo a luz solar;

O cacto no deserto pede orvalho,

Roga o deserto poços de água pura

E, em torno, ouve-se a prece da secura:

— Trabalhar, esquecer, esperar e esperar.


Desce a fonte dos ápices da serra,

Desenrola a corrente, fio a fio,

Anseia conquistar a grandeza do rio,

A fim de surpreender os segredos do mar;

Há hora de plantio e há hora de colheita,

Na Terra, a expectação é marca em tudo

E nela escreve o Tempo, — o sábio amigo e mudo:

— Trabalhar, esquecer, esperar e esperar.


Assim também, alma nobre e fraterna,

Se a presença da luta te atordoa,

Não esmoreças… Segue, ama, perdoa

E continua a crer, a servir e elevar;

Fita no Azul Celeste os sóis suspensos

E reconhecerás, alma querida,

Que a vós do próprio Deus nos pede à vida:

— Trabalhar, esquecer, esperar e esperar…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier

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