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Capítulo XXI

Berlinda


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… E na roda, em voz baixa, alguém dizia assim:

— Vocês viram, de fato?

Nunca vi companheiro tão mesquinho

E nenhum tão ingrato!…

Obsessão, ali, domina em cheio.

Homem que não entende, nem perdoa,

Sobretudo, é sovina inveterado.

Uma pedra em pessoa…


E, noutra roda, alguém asseverava:

— Ela, coitada, em tudo é doida e cega,

Intrigante, orgulhosa, sem juízo.

Um poço de vaidade que trafega…

Onde aparece é flor que não se cheira,

Brasa que a gente vê mas não atiça.

E, além dos desmantelos que provoca,

É um retrato acabado da preguiça.


Quantas vezes entramos no barulho

De coração simplório e desatento,

Tão-só comprando o peso do remorso

E a sombra triste do arrependimento!…

Ante as rodas que falam sem proveito,

Guarda em silêncio e prece a própria voz…

Hoje, os outros padecem na berlinda,

Cuidado! que amanhã seremos nós.




Manoel Monteiro
Francisco Cândido Xavier

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