Sementeira de Luz

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Capítulo XC

O espírito de trabalho fornece tônicos

05|08|1942


Meus filhos, Deus os abençoe, concedendo-lhes ao coração, amor e luz. Regozijo-me em apertar-lhes carinhosamente as mãos no lar, após o regresso da tarefa cumprida. Partilho a tranquilidade e o contentamento de ambos vocês, porque, em verdade, meus filhos, aos que se consagram ao serviço do bem, seja onde for. Muita gente se queixa ou se converte em pântanos de desânimo, porque não sabe descobrir as possibilidades sublimes e latentes no plano do dever justo e quando esse dever encontra execução adequada ele é portador de novas mensagens, sugestões e alvitres ao coração. Belo é o campo do trabalho e tão maravilhoso que sua grandeza não se revela imediatamente a todos. A preguiça, o desalento, a desesperança não encontram caminhos de acesso.

Reportando-me à carta íntima de nossa última reunião de julho findo, assinalo com satisfação seu novo estado d’alma, meu caro Rômulo. Ainda bem que as oportunidades se ajustaram para que você recebesse esclarecimentos preciosos. O otimismo, meu filho, é vinho reconfortante do coração, em toda ocorrência da luta humana. Estamos sempre nas experiências diversas, sejam de resgate ou de elevação, nas vanguardas ou nas retaguardas de combate. Até que atinjamos os píncaros iluminados das edificações perfeitas estaremos em luta ardente e é indispensável que a coragem seja erguida em nosso espírito, como senha permanente.

Há inúmeros soldados nos movimentos do mal, entretanto, todos se destinam à transformação em instante oportuno, porque só o bem permanece nos círculos de seleção justa da vida. Isso verifica-se nos mais simples processos vitais até as grandes realizações cósmicas, inapreensíveis à nossa reduzida compreensão. Eis por que regozijo-me com seu espírito de otimismo e de tranquilidade nas obrigações atendidas e lembro as palavras de Cristo: “Não temas”. Sigamos com a nossa boa vontade de servir e esqueçamos a peçonha que rasteja no mundo. A peçonha sempre atacou indistintamente. Afastemo-nos no caminho de nossas intenções elevadas e recordemos que cadáveres requisitam pás de cal. Quanto ao mais, nunca olvidemos a fonte das bênçãos. Esse manancial flui com abundância para todas as criaturas. Quão raras, porém, se animam a aproximar e perseverar junto das águas! Guardemos, todavia, os nossos ensejos benditos e continuemos!

Ainda há alguns dias pude participar dos júbilos de assembleia imensa, onde generoso mensageiro esclarecia o sábio texto evangélico: “A minha paz vos dou.” (Jo 14:27) O emissário não examinava nem o capítulo, nem mesmo o versículo. Fazia luz sobre uma simples sentença do Cristo. Depois de profundas reflexões, de prodigiosos conceitos, concluía que Jesus está sempre ao lado dos homens, encarnados e desencarnados, oferecendo-lhes a paz. No entanto, escasso é o número dos que se propõem a receber. A frase pequenina, meus filhos, é soberana, grandiosa. Cinco palavras formam aí a sublimidade de volumoso tratado espiritual. Saibamos, pois, receber a tranquilidade de Cristo, que é a daqueles que lutam e persistem ao seu lado. Os ventos empestados podem concentrar a desordem em determinadas regiões do caminho, porém sempre virá uma tormenta que recompõe e purifica. Assim me refiro para aludir que o otimismo e a confiança em Deus devem ser defendidos quais tesouros inapreciáveis. O mal pode agitar-se e reunir miasmas perigosos, entretanto, sempre haverá renovação apesar da insídia do egoísmo e da ambição.

Com respeito às crianças, minha boa Maria, continuo na missão de sempre. Você pode crer, minha filha, que não as esqueço, não obstante as paisagens novas que se vão desdobrando intensamente. Trata-se de um prazer muito grato à minha alma de avô. Tenho pensado também muito especialmente no Roberto, com relação às suas necessidades novas, de rapaz candidato às situações dos adultos, bem como sobre a parte de ensino superior, no futuro. Mas vamos arquitetando os nossos projetos e Deus há de nos abençoar as esperanças, como sempre. Do ponto de vista sentimental, felizmente, a sinceridade dele sempre me abre caminho à cooperação adequada. Esteja, pois, descansada quanto a isso. Noto-o com bases justas e creio que, nesse terreno, o edifício de sua formação espiritual vai se elevando muito bem. Aludo apenas ao problema geral, onde a partida para novas experimentações, no terreno do estudo, se faz indispensável. Não é partida do lar, é partida psíquica, se assim posso dizer. Outras conversações, companhias, lutas. Mas tudo isso é útil e necessário, e Deus nos ajudará.

Para finalizar, meu caro Rômulo, não quero deixar de dizer a você que quase forcei a sua palestra com o amigo e superior hierárquico, a fim de que seu coração desanuviasse de certas preocupações, aliás muito justas. Fiquei satisfeito em que a sua permuta de ideia fosse mais ou menos minuciosa e longa. Seus frutos foram os da paz e estou satisfeito.

Deus abençoe a vocês, meus filhos, e abraçando a ambos com muito carinho, peço que guardem o pensamento saudoso do




Papai
Francisco Cândido Xavier

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João 14:27

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

jo 14:27
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