Sementeira de Paz

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Capítulo C

Víboras mentais

11/11/1948


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz aos corações.

Em verdade, a nossa experiência foi das melhores. Não é fácil exterminar certas quando projetam veneno em derredor de nossa influenciação pessoal, porque a peçonha é sutil e envolvente, derramando fogo e morte em torno do caminho que trilhamos. Sem o espírito do Cristo, é difícil fazer como Paulo, quando sacudiu a serpente sobre as labaredas destruidoras, (At 28:3) porque o espírito propriamente do mundo se incumbe de vitalizar-lhes as correntes malignas.

Vocês estão satisfeitos, mas eu mais ainda! A assistência espiritual de um amigo não se efetua quando o assistido não forma clima conveniente. É preciso dar para receber. E vocês nos proporcionaram uma grande boa vontade, repleta de serenidade e otimismo sadio.

Quando me reporto a “víboras”, não desejo entronizar o mal. Não. A serpente em si não constitui senão uma “zona inferior” da vida, requisitando-nos atenção. A cobra não é culpada de transportar consigo uma bolsa mortal, assim como o touro irado não tem consciência dos chifres rudes com que investe sobre o transeunte invigilante. Urge tudo ordenar e coordenar para o bem, a fim de que as oportunidades educativas não se percam.

Eu sei que você, meu caro Rômulo, se estivesse imbuído de “espírito humano”, já teria deixado a maior parte daqueles amigos entregues a si próprios, alheiando-se das realizações com que vão desempenhando as suas funções diante do Senhor e da natureza. E se você assim fizesse, num movimento justo de retirada, sob o ponto de vista terrestre, perseveraria o “veneno” em torno de seus passos. Mas, felizmente, sua compreensão superou o obstáculo. Você nunca menosprezou o ensejo de trazê-los ao bom entendimento. Valeu-se de todas as ocasiões para fazer-lhes sentir a honestidade de sua cooperação a bem da comunidade que representam e sempre que lhe foi possível amparou-lhes as dificuldades, solucionando-as, tanto quanto possível, ao seu coração de administrador. E, felizmente, o espírito do Evangelho, operando em sua missão humana, reconquistou a maior porção dos incompreendidos, dando-lhes material mais elevado de pensamento acerca de seu esforço e dedicação.

Fui com vocês e com ambos me encontro de volta, e louvo a medida econômica que puseram em prática no setor do salvacionismo rural, mas, acima da compra dos bovinos, o que me alegra é a paz espiritual que você readquiriu de um ambiente em que a harmonização desejável ainda me faz tão difícil.

Grande é o ensinamento e não devemos perdê-lo. Prossiga, assim, atento aos fundamentos espirituais antes das vantagens de ordem humana e verá o tesouro de bênçãos que lhe crescerá incessantemente nas mãos. Tive o prazer de estar com vocês em todos os momentos e sou eu quem agradece a vigilância amorosa com que, muita vez, se voltaram para mim, em pensamento. Que Jesus os abençoe, amparando-lhes os corações, a fim de que a nossa sementeira no bem continue cada vez mais rica e mais edificante.

Registro, com sincera satisfação, a passagem do natalício de Wanda e Roberto, nos últimos dias. A luta natural e construtiva da estrada não me faz esquecer a flor perfumada de alegria que o aniversário deles nos sugere aos corações. Peço-lhes sejam portadores a ambos de meus “votos exteriorizados” de muita saúde, felicidade e paz, hoje e sempre. Não preciso dizer que o vovô continua a postos, amando-os e servindo-os, no que sempre se sente tão feliz. Não escrevo aos dois, particularizadamente com mais frequência porque os pássaros, depois de emplumados, e em saindo do ninho, precisam aprender a ciência do voo sem interferências que não sejam as dos pais carinhosos e vigilantes, e nesse assunto Wanda e Roberto possuem em vocês dois duas colunas de proteção, direção e amor suficientemente fortes e bem orientadas para provê-los do material de conselho e de luta de que necessitam.

Assim, esperemos o futuro, confiando as nossas crianças à bênção divina. Que o Senhor lhes conceda luz e paz, saúde e bom-ânimo.

Ao nosso amigo General Aurélio, vou visitar como sempre. Formulamos votos para que esteja sereno e confiante na boa luta.

Estou acompanhando a saúde de ambos com o interesse de sempre. Os dentes hão de receber o nosso concurso para que os problemas sejam bem resolvidos.

Esperando, desse modo, que vocês estejam muito encorajados e felizes, e reiterando a minha gratidão pelo carinho com que me aceitaram as sugestões na batalha silenciosa que vimos de vencer com tanta alegria e agradecimento a Deus, abraça-os, muito afetuosamente, o papai muito dedicado de sempre,




A. Joviano
Francisco Cândido Xavier

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III Joao 1:3

Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade.

3jo 1:3
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Atos 28:3

E, havendo Paulo ajuntado uma quantidade de vides, e pondo-as no fogo, uma víbora, fugindo do calor, lhe acometeu a mão.

at 28:3
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