Sementeira de Paz

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Capítulo XXIII

Fluidos do lar

31/07/1946


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e saúde.

Estamos juntos na luta de sempre e apresso-me a visitá-los, através do papel e do lápis, em face das perturbações orgânicas que lhes foram impostas pela onda do frio sul. Vocês trazem, efetivamente, uma gripe de grandes proporções, gripe que reclamava para a eliminação necessária. E difícil a um lar a influenciação de certas moléstias à distância do santuário doméstico. Nossa casa é o país do método. E sem ela, por vezes, não é fácil ordenar providências, nem coordenar programas. Agora, com as indicações do nosso amigo, espero tudo esteja e prossiga bem. Muita prudência com o frio, muito cuidado com os órgãos respiratórios.

O pequeno poderá usar Pulsatila e Eupatorium, além do preparado alopático, em uso. Basta que tome 4 gotas do primeiro num cálice d’água pura, pela manhã, e 4 gotas, nas mesmas condições, do segundo, à noite, antes do sono, por espaço de 6 a 7 dias. A medida ser-lhe-á muito útil ao organismo, de modo geral.

Quanto a você, meu caro Rômulo, use por 6 a 7 dias o Boldo, o Lachesis, o Eupatorium e o Carbo Veg., alternadamente. Seu resfriado radica-se em complexidades do sistema nervoso e do fígado, exigindo as mencionadas indicações. Esperamos que com a autoassistência magnética tudo passará como um relâmpago. Assim o desejamos. Que Jesus os abençoe.

Regozije-se, meu filho, com as suas lutas. Quando um homem abandona o campo de ação na Terra, em verdade já começou a morrer, ainda que se encontre favorecido por todas as graças da fortuna e dos prazeres. O que observo com interesse é a graduação intensiva de seus trabalhos. Quando aí no mundo, julgava que seu ideal no serviço a que se entregou pelas suas disposições vocacionais esmoreceria com algum tempo, à frente de tantos obstáculos para ambientar as suas ideias renovadoras. Agora, porém, distanciado dos véus que me obscureciam a visão, noto que o seu ideal é maior e, sobretudo, mais torturado, mais sofredor. Não podia ser de outra maneira. As experiências vividas nesse ou naquele setor de realização com o bem acende uma luz dentro de nós. A princípio, bruxoleia, hesitante, todavia, à medida que nos solidificamos no trabalho cresce e avulta cada vez mais, revelando as deficiências e imperfeições em torno. É o que ocorre a você nessa fase de suas edificações. O que eu lamento é não poder dar-lhe esperanças na compreensão alheia, no campo imediatista. Terá sempre muitos homens ao seu lado, mas não podemos esquecer que as vias públicas também estão sempre cheias deles. O espírito, a essência, a substância do entendimento são raros e daí a sua necessidade de imensa fé em Deus e grande confiança em si mesmo. Prossiga seu esforço, sem contar com a colaboração estranha.

Recordo-me de que Paulo de Tarso, em uma de suas cartas, declara-se “devedor de judeus e gregos”. (Rm 1:14) Nós estamos nessa situação de devedores. Aprendemos, adquirimos a luz espiritual, conquistamos alguma coisa nos domínios do esclarecimento e, por isso mesmo, todas as pessoas quase são nossas credoras de compreensão e assistência. Tenhamos coragem, porém, convictos de que Jesus não passou por outro caminho. Nos atritos gigantescos e ocultos da alma é que alcançamos a claridade sublime de que necessitamos para a penetração de novos e sublimes horizontes. A vanguarda é dos filhos da fortaleza e da decisão, porque aí o lutador é atacado através de todos os flancos. E enquanto você estiver na Terra a sua posição é de lutador. Rejubilemo-nos, contudo, compreendendo que Deus não permite o ingresso de soldados inaptos na frente da batalha. Se alguém é chamado a semelhante região, não se verifica no processo qualquer manifestação de graça barata ou de favoritismo incompreensível. Tal realização traduz esperança dos planos mais altos, esperança de que possamos corresponder ao desígnio divino.

Continue seu ministério quase sozinho, como até agora. Semeie sempre o bem. A colheita virá. Não importa quando. A nossa ordem, por enquanto, é de marcha. Marchemos servindo aos nossos companheiros de luta, confiando no poder de Deus.

Estamos colaborando em favor da tranquilidade dos nossos amigos, referentemente ao caso “Clóvis”. Vocês ajudem, como vêm fazendo, orando por ele. É com amor que venceremos nesse combate tão complexo. Confiemos na proteção divina.

Pelo Roberto, continuo a desvelar-me. Não o vejo há dois dias, mas sempre que posso permaneço ao seu lado, convidando-o espiritualmente a “harmonizar o passo” na caminhada precisa. Espero em Jesus que os nossos esforços se coroem de êxito.

Boa noite, meus filhos. Resguardem-se o bastante. O vento é um belo amigo que costuma transformar-se em doce verdugo. Por vezes, como agora, é necessário precavermo-nos.

Desejo-lhes muita paz e muita alegria, com a luta edificante em que se encontram. E pedindo ao Senhor enriqueça de bênçãos o coração de vocês, abraça-os muito afetuosamente o papai muito amigo de sempre,




Nota da organizadora: em referindo-se a Clóvis Mendes de Moraes, marido de Aurélia, cunhado de Maria e Rômulo Joviano. Nesta encarnação, Clóvis padeceu de distúrbios neurológicos.



A. Joviano
Francisco Cândido Xavier

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III Joao 1:14

Espero, porém, ver-te brevemente, e falaremos de boca a boca.

3jo 1:14
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Romanos 1:14

Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.

rm 1:14
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