Sementeira de Paz

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Capítulo XXXI

No altar doméstico

30/10/1946


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde e paz.

Estamos de novo oficiando . E nesse ofício, em que a prece se mistura ao caminho familiar, trago-lhes minhas felicitações pela excursão feliz que completaram. Não só pela parte material, mas também pelas aquisições do espírito. Vocês voltaram mais ricos de observações e amizades. Plantaram flores valiosas e colheram outras tantas no coração de muitos amigos novos. Sinto-me sinceramente satisfeito. Se, às vezes, é necessário esquivarmo-nos à vida social, em muitos casos é preciso iniciá-la e sustentá-la com as nossas melhores forças. Do que houver de menos agradável atrás dos bastidores, não percam tempo em examinar. A paisagem coletiva numa cidade grande oferece aspectos muito diversos entre si. E se em algumas ocasiões os amigos não podem corresponder integralmente à nossa expectativa isso deve ser debitado à luta constrangedora e áspera da vida humana, cabendo-nos o júbilo de agradecer a Deus as oportunidades com que fomos favorecidos. De qualquer modo, desejo que vocês conservem essas afeições que trouxeram tão vivas no espírito. Jesus foi o maior conquistador de amizades. E o Cristianismo reclama semelhante serviço como preciosa manifestação do amor. Sintonizemo-nos nos campos suscetíveis de engrandecimento espiritual de nossa vida e de nossa tarefa e esqueçamos os ângulos em que essa sintonia se faça menos desejável. No fim, teremos realizado o sublime serviço do amor com Jesus, na prática daquele “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. (Jo 15:12) Meus “parabéns”, desse modo, por todas as boas realizações que levaram a efeito no setor afetivo. Nada se perde. E temos a ganhar sempre e cada vez mais semeando a simpatia, a bondade e a compreensão.

Estou acompanhando paternalmente o seu novo caso, meu caro Rômulo, e examino as facetas difíceis do assunto pelas considerações honrosas que encerra. Trata-se, meu filho, de um problema no qual só me compete louvar a sua franqueza e sinceridade. Não posso ir ao extremo de uma opinião particularista, atentos, como nos achamos presentemente, à liberdade com que devemos reger o campo de nossas manifestações. Aprovo plenamente, contudo, o seu ponto de vista, não só pela continuidade de seu trabalho, mas pelo conteúdo de ideal que lhe assinala o espírito. Creio que, a esta altura de sua carreira, deve seu coração dispor do direito de escolha e observo com alegria sua renúncia ao “tablado funcional”, onde os mais altos cargos, consoante nossa posição evolutiva em coletividade, não são ainda, de maneira geral, ocupados pelos portadores dos princípios mais altos. A “jungle” humana [selva humana] não é mais campo de luta para a sua alma. Você já atravessou essa fase de combater o jaguar e eliminar as víboras que descansam na tocaia. Por isso, reparo com alegria suas conclusões íntimas e sua firme disposição de furtar-se ao espetáculo. Entretanto, considero que todas as suas experiências devem ser lembradas e movimentadas na defesa de sua escolha. Tenho companheiros aqui que consideram fatores decisivos de êxito, em qualquer missão elevada na esfera carnal, os “amigos frios e os inimigos apaixonados”. Enquanto os adversários fervorosos estão em campo de luta, o ideal pode ser defendido mais eficientemente, quando surgem, porém, os amigos incondicionais, é difícil defender a “chama sagrada”. O inimigo alimenta o combate que é sempre longo, mas o amigo traz muitas complicações. De qualquer modo, contudo, estarei com você em suas manifestações dos próximos dias, relativamente ao assunto.

Estou na sua situação, sem previsões e sem pareceres prévios. Vamos lutar, confiantes em que uma luz maior se fará sentir em nossos caminhos. Confiarei no Poder Maior. Aliás, venho observando essas movimentações de algum tempo a esta parte. Espero, porém, que o amparo do Alto nos auxilie a resolver pelo lado melhor, isto é, a defender seu parecer, a preservar seu trabalho e manter seu idealismo construtivo. Depois que a nossa embarcação atravessa determinadas linhas de batalha, não é aconselhável tornar ao “fogo cruzado” em alto mar. É preferível o serviço das âncoras com bons trabalhos e boas observações. Assim digo confirmando seus próprios estados d’alma, assegurando a você a continuidade de nossa identificação espiritual. Em face do exposto, conte comigo, onde você estiver. Seja o nosso programa segurança defensiva, sem ofensiva alguma, prudência amiga construindo o que for possível sem destruir possibilidades futuras, falar muito pouco e ouvir muito, e interessar os que nos ouçam na manutenção de nossos objetivos. Vamos confiar no Alto, seguindo para a frente.

Aproximando-nos do natalício do Roberto, a ele o meu grande abraço. Que Deus o ilumine e proteja, ampare e guie sempre.

Desejo-lhes, meus filhos, tudo o que existe de belo e bom. Você, Wanda, durante os próximos três dias, use os medicamentos que o nosso amigo vai indicar. Ajudarei você com os nossos recursos espirituais, através de passes.

Peço a Deus, nosso Pai, nos mantenha o clima da paz e da serenidade. Recebamos o Espírito Santo de conformidade com as lembranças de ontem, no culto evangélico. Ofereçamos ao Senhor um coração tranquilo para que as bênçãos dele nos tranquilizem. Esse o meu ardente desejo desta noite. Com um apertado abraço, cheio de afetuosas saudades, sou o papai que não os esquece,




Nota da organizadora: Roberto aniversariava na Terra em 7 de novembro . Contava, no ano de 1946, com 22 anos.



A. Joviano
Francisco Cândido Xavier

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III Joao 1:12

Todos dão testemunho de Demétrio, até a mesma verdade; e também nós testemunhamos; e vós bem sabeis que o nosso testemunho é verdadeiro.

3jo 1:12
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João 15:12

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.

jo 15:12
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