04/02/1948

Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e saúde.

Hoje, Rômulo, quero dizer-lhe do nosso contentamento ante o próximo , aniversário de seu trabalho, de suas criações. Você pode orgulhar-se, valorosamente, desse reino de paz, erguido dentro da natureza, na região central de Minas. Cada árvore, cada fio d’água, cada construção passou por seu espírito, por sua preocupação. Você recebeu, isto é, conquistou a alegria que raros administradores conseguem. Pode atravessar as horas criando para o bem comum. Colocou você o verbo “fazer” acima de qualquer outro interesse e o resultado aí está, ao nosso lado, felicitando-lhe a ação. Nos círculos da vida natural, milhões de vidas iniciantes receberam o toque de seus cuidados e tudo isso repercute em sua mente e em seu coração. E você faz muito bem identificando nesse formoso trecho de campo a sua abençoada oficina. Aquele que sobe ao Alto, mais facilmente, não é o que suplica transferência ao Paraíso, é aquele que se acha interessado em ajudar cá embaixo. O céu representado pela Vida Superior não é tão acessível assim aos que lhe pretendem violentar as portas, contudo, abre-se com alegria ao coração que se empenha no auxílio à Terra. Siga sua consciência e seu coração que, desde muito, traçaram valioso roteiro de contribuição na prosperidade da vida simples. E não desfaleça. Não espere por pessoa alguma a fim de amparar, criar e transformar para o bem. Sinta você mesmo os problemas, os serviços e solucione-os, e desenvolva-os quanto estiver ao seu alcance. A produção abençoada de paz, trabalho e bem-estar que a sua atuação espalhou em torno de seu espírito nestes anos últimos de nossa “eterna vida” falará por você ao Poder Maior. No mundo, são dificuldades naturais, reconhecíveis no caminho de todos os que pugnam pela vitória do bem, mas na realidade espiritual são bênçãos de estímulo a se revelarem, acima de tudo, adentro de seu próprio coração, intensificando-lhe a vida. Nestes dias, a “alma da Fazenda” se rejubila e abençoa-lhe as mãos. Que Deus, meu filho, fortifique as suas energias, enriquecendo-as de luz, de mais luz, hoje e sempre.

Acompanho, interessadamente, a sua leitura referente a uma sociedade que passou há tantos séculos. A muita gente semelhante livro parecerá pura fantasia, entretanto, suas páginas constituem o repositório de verdades imortais. Muitas das experiências que ali se relacionam são vividas por nós, criaturas de classe espiritual vizinha da Terra. A fim de buscarmos “zonas vibratórias” mais elevadas, não podemos prescindir de testemunhos, muita vez perigosos. Tenho muitos amigos daqui que a eles se atiram confiadamente, disputando conhecimento e iluminação para a vida eterna, todavia, em meu setor de serviço, ainda não me animei a experiências de teor tão arrojado, porque confesso a minha inclinação de voltar ao serviço terrestre. Não me referi ainda a isso assim tão claramente, porquanto desejo prolongar o meu trabalho junto de vocês, por tempo mais dilatado, e se o Senhor permitir é meu ideal a realização para mais tarde. Creia, no entanto, que qualquer ato de subir demanda valor e toda a aquisição de poder, luz ou autoridade reclama sacrifícios. Em nosso Plano, dispomos de liberdade para escolher e, assim, com o amparo de Mais Alto, escolhi a continuação de nosso intercâmbio, de nosso amor e de nosso trabalho, sabendo, porém, que chegará um momento em que devemos decidir-nos à superação de nossa personalidade atual.

Continue a leitura, meditando. O campo está cheio de sementes preciosas nesse esforço “aparentemente literário”. A escola do espírito imortal está funcionando. Digne-se Jesus amparar-nos, a fim de que lhe aproveitemos todo o valor.

Maria, temos cooperado em favor do Clóvis Filho, quanto nos é possível. Sua assistência lhe faz muito bem. Às vezes, há dramas enormes e ocultos, referentemente aos quais não podemos nem mesmo erguer a ponta do véu. Compromissos são, por vezes, assumidos de tal forma que os melhores e mais devotados amigos somente conseguem auxiliar com a oração. Esse o caso em foco, em vista das forças que pesam sobre essa criança, desde o renascimento. A experiência humana, porém, é uma fonte bendita, e alijar as sombras da alma é a função desse manancial.

Enquanto pai no mundo, perdi, certa feita, uma criança querida. Em regressando, perguntei por ela. Esclareceu-me então, amigo daqui, que em certas ocasiões a Misericórdia Divina permite que determinadas existências se interrompam, a fim de que os interessados na luta redentora voltem à vida em outra instrumentalidade mais adequada às provas necessárias. Assim, ajudemos com os nossos pensamentos de amor e vigilância.

Desejo a vocês todos muita paz. Que a Bondade Celestial se estenda sobre esta casa de trabalho e oração, multiplicando bênçãos de luz. Que vocês recebam sublimes dons de Deus, na luta de cada dia, são os votos sinceros do papai amigo de sempre,

Nota da organizadora: em referindo-se à série de livros , do Reverendo G. Vale Owen, editada por Thornton Butterworth Limited., London, England, 1920.

Nota da organizadora: em referindo-se a Clóvis Filho, sobrinho de Maria e de Rômulo. Filho de Aurélia e de Clóvis Mendes de Moraes.