Sementeira de Paz

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Capítulo XCV

Experimentação para a vidência

15/09/1948


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes aos corações muita paz e saúde, luz e alegria.

Em vésperas da viagem nova a que se veem compelidos pelo imperativo da missão atual, rogo ao Senhor lhes conceda, como sempre, alegria e bom-ânimo no desempenho do dever edificante. Desnecessário dizer que estaremos juntos tanto quanto me for possível. Com o auxílio divino, espero tudo nos corra segundo a nossa expectativa de satisfazer os superiores desígnios.

Vejo à sua frente, meu caro Rômulo, o material de e formulo votos para que você seja muito feliz no empreendimento. Creio que se Maria acompanhar-nos nos estudos teremos mais probabilidades de êxito, pois será um acréscimo precioso de energias em nosso favor. É a nossa própria força que, projetada no cristal categorizado por zona de referência, é o poder plástico suscetível de receber as imagens ou avisos emitidos por nosso campo de matéria rarefeita.

Curioso observar que em todo o trabalho o impulso do servidor é a base da vitória desejável. Recebendo a cooperação do aprendiz, quem ensina sempre pode realizar muito. Convença-se, porém, meu filho, de que a sua capacidade mediúnica já está sendo largamente experimentada. Toda vez que se recolhe com os doentes, a fim de socorrê-los por amor, sem qualquer outro propósito que não seja bem fazer, amigos espirituais lhe utilizam a dedicação para semearem a bondade construtiva. O verbo mobilizado em seu serviço de passes não é seu em mais de noventa por cento. Benfeitores invisíveis se valem de sua voz tanto quanto de suas mãos para plantarem o bem puro e simples. Esteja certo de que semelhante forma de mediunidade é das mais valiosas, porque consagra num grande círculo de benfeitores e beneficiados o princípio cristão de que “não deve saber a mão esquerda o que dá a direita”. (Mt 6:3) As vantagens ocultas são enormes.

E por falar nesse assunto, muito grande é a nossa satisfação observando a nota decisiva dos últimos dias quanto ao Centro Espírita Luiz Gonzaga. O plano de adaptação e aproveitamento parece-nos realmente apreciável e digno do cometimento novo. Nós mesmos estamos admirados com a facilidade com que se vão movendo os bastidores da assistência em favor da obra. No aposento reservado aos passes, já que podemos pedir alguma coisa, é de nosso desejo haja água corrente e todos os apetrechos necessários ao serviço simples, quais pia e toalhas perfeitamente brancos, inclusive as paredes, exceção dos portais de madeira, em que poderão empregar uma cor repousante, isto é, não demasiadamente viva. Quanto ao mais, acreditamos tudo deva ser tão simples quanto possível. Ainda mesmo considerando a inquietação de inúmeras pessoas que chegam até aqui, supomos que a sala a ser edificada não deva apresentar qualquer novidade em matéria de posição para os assistentes. Somos defrontados na atualidade por questões anormais na vida de uma associação e tido o que é anormal chega e passa. No momento, somos constrangidos a contar com uma onda de curiosidade mais destruidora que edificante, e não devemos alimentá-la. Conservar o aspecto de simplicidade ali é uma obrigação para nós todos. Cremos que o assunto se desdobra com muita espontaneidade e muita bênção do Alto. Rendamos graças a Jesus e esperemos a boa luta. Grande é a felicidade de quem recebe uma dádiva, mas se não há serviço em que possa brilhar qualquer dom excelente traz mais complicações que benefícios. Construamos com amor como quem sabe que sem interesse do coração obra alguma é capaz de viver, e sem apego individual como quem não desconhece os imperativos do Alto, que tudo dá e tudo renova, segundo as nossas necessidades.

De qualquer modo, estamos sinceramente satisfeitos. A instituição exigia essa amplificação. Você tem experiência em sustento de rebanhos. Imagine as dificuldades dos amigos desencarnados para alimentar tantas mentes com tanta angústia de espaço! Há muita gente afirmando que o espaço deixa de existir para quem atravessou as portas do túmulo. Isso, contudo, somente se aproxima da verdade para os raríssimos Espíritos que completaram o ciclo de experiências na crosta planetária. Para nós, entretanto, o espaço é ainda o espaço. Não precisamos do latifúndio para trabalhar, mas necessitamos de lugar. Louvemos o Mestre divino que tanto nos concedeu colocando-se ao encontro de nossas necessidades.

Espero, Maria, que você recolha muitos benefícios da viagem. Conversei com o receitista amigo sobre o aproveitamento de tempo nos próximos dias e ele me disse que você poderá usar, com êxito, depois da homeopatia, o Nevrosthenine Freyssinge. É um cordial valioso para a memória, pela bagagem de fosfato com que socorre o órgão de manifestação do pensamento. Você vai encontrar grande melhora. Dentro da nova ausência do lar, sempre que lhes for possível, usem mais verduras na alimentação. É medida proveitosa. Faço votos, meus filhos, pela alegria e conforto de todos vocês na nova tarefa.

Estamos trabalhando pelo nosso amigo Caio Márcio. Não somente minha amizade, mas também a de muitos outros amigos nossos e amigos dele. Pensando nas lutas e problemas que colhem um companheiro, é útil meditar na brevidade de uma existência no corpo físico. Tomemos por alicerce da paz interior a vida eterna, com o seu rio maravilhoso de séculos e vidas incontáveis. Essa meditação faz bem à alma e estimula o coração a prosseguir no serviço do bem com Jesus.

Rômulo, ainda para você aconselho o uso metódico do Kalmia Lat. e Staphysagria. Serão bons companheiros de sua viagem. Sigam tranquilos e felizes sob as bênçãos de Deus. E que Ele nos fortaleça a todos são os votos que faço com todo o meu coração.

Antes de terminar, consigno nestas páginas, em nome de vários amigos, um abraço coletivo de felicitações à nossa devotada irmã Júlia, pela passagem do natalício.

Com o meu pensamento afetuoso e reconhecido, sou o papai muito amigo de sempre,




Nota da organizadora: Em referindo-se a Caio Márcio Renault, filho de Abgar Renault, primo de Rômulo. Passava, quase sempre, as férias escolares na Fazenda.


Nota da organizadora: Vovó Júlia fez 69 anos naquele dia. Nasceu em 15 de setembro de 1879. A título de informação, faleceu em 29 de novembro de 1974, no Rio de Janeiro.



A. Joviano
Francisco Cândido Xavier

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Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram, e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade.

3jo 1:3
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Mateus 6:3

Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita;

mt 6:3
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