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Capítulo XV

Anotações da avareza


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O avarento, na pilhéria,

É um homem, se bem me explico,

Que ama a vida na miséria

Para morrer muito rico.

Sylvio Fontoura

Amargas lutas do homem,

Contra a própria natureza,

São aqueles que o consomem

Nos domínios da avareza.

Silveira Carvalho

O triste fim do avarento,

Morrendo sem companheiros,

É um quadro de sofrimento

Na alegria dos herdeiros.

Pedro Silva

O sovina é uma pessoa

Que só ao ouro se agarra,

Mas, um dia, morre à-toa

Deixando o ouro na marra.

Jair Presente

Maricota do Rochedo,

Procurando ser mais rica,

Só comia bolo azedo

Com quirera de canjica.

Cornélio Pires

Antonino era dotado

Por terra, prata e fazenda,

Mas tinha o coco apertado

Qual a cana na moenda.

Josué Romano

Para aumentar a poupança

Jejuava o Nicolau…

Certa vez, caiu de fome,

Morreu pedindo mingau.

João Moreira da Silva

Triste vida, após a morte,

É a do amigo Lico Franco,

Estirou-se sobre um cofre,

Lambendo notas de banco.

Lulu Parola

Prazer de morrer de fome

Na ambição que nos domina?

Avareza é um mal sem nome

À espera de medicina.

Manoel Serrador

A avareza, em seus extremos,

Aponta à Luz do Porvir,

Quando todos saberemos

A conta de dividir.

Auta de Souza


Sylvio Fontoura
Francisco Cândido Xavier


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