Amar e Servir

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CAPÍTULO 64

VISÃO

Quem neste mundo não se terá sentido desfalecer sob o peso de angústias sufocantes?

E quem, nessa situação, não terá espraiado em torno o olhar ansioso, em busca de socorro?

Em tais ocasiões, a solução almejada pelo coração em transe é quase sempre a do afastamento dos problemas, com a eliminação dos obstáculos aparentes, que se afiguram raízes pungentes da amargura.

Se pudesse, a maioria abandonaria a cruz das suas provações, imaginando poder melhor respirar e viver sem ela.

E se, em tais circunstâncias, surgisse diante da alma sofredora um anjo celeste oferecendo ajuda, que coisa o Espírito sofrido lhe iria pedir?

Se isso acontecesse convosco, queridos amigos, que lhe pediríeis?

O Evangelho relata a esse respeito o episódio da cura de Bartimeu, o cego de Jericó. Bradava ele, aflito, rogando o socorro do Senhor, quando lhe percebeu a aproximação. Correu ao encontro dele e rojou-selhe aos pés. Contemplando-o com amor, indagou-lhe o Divino Mestre: – "Que queres que te faça?" Notemos que o Cristo não limitou o teor da oferta, deixando que o interpelado solicitasse o que entendesse. Poderia o pedinte escolher livremente o favor a requerer, a bênção que melhor lhe parecesse. O cego, porém, sensata e objetivamente, respondeu: – "Senhor, que eu veja!" Também em relação aos nossos problemas e às nossas perplexidades, as soluções corretas, convenientes e adequadas nunca se encontram nas pessoas, nas coisas ou nas circunstâncias fora de nós mesmos. E tudo o que realmente precisamos é de clarividência, descortino e reta compreensão das realidades que nos defrontam, para podermos desenvolver a ação correta que nos libertará.

Quando, pois, tivermos de atravessar nuvens densas, peçamos ao Senhor que nos clareie a visão, dilargando-nos a capacidade de entender e discernir, porque, para quem tem olhos de ver, jamais existirão sombras indevassáveis ou noites sem alvorecer.


André



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