Amar e Servir
Versão para cópiaTESTEMUNHO
Amparado pelo amoroso poder de abnegados benfeitores, torno a esta augusta Casa, e a este benemérito cenáculo de preces e estudos, agora na condição de penitente reconhecido.
Venho dar-vos o meu testemunho de gratidão pelo amparo que me estendestes, quando aqui vim, trazido por vossos dedicados mentores, para receber o auxílio de vossas vibrações fraternas e a cooperação de vossa amorosidade paciente e cristã.
Como homem, não fui estranho aos ideais evangélicos, embora filiados à seara de uma Igreja Reformada. Também cheguei à crosta do mundo munido de uma tarefa elevada, no campo da semeadura da Boa Nova, e com mandato pastoral que felizmente não desonrei de todo. Experimentei também, quando na carne, o entusiasmo de crer e de servir, e tive a ventura de plantar sementes de amor, de gratidão e de paz em muitos corações.
Infelizmente, não soube resistir aos apelos das vantagens materiais e às tentações sensoriais, imaginando que meus desazos íntimos, na vivência pessoal desregrada, em nada pudessem comprometer o meu trabalho de pastor espiritual.
De desastre em desastre, na esfera moral, acabei surpreendido por inesperado regresso ao mundo extracorpóreo, após fulminante enfermidade, e me vi arrastado ao lamaçal de zonas purgatoriais inferiores, na companhia de irmãos tão ou mais infelizes do que eu.
Desarvorado e aflito passei da decepção e da angústia para a revolta criminosa, e me afundei anos a fio em escuras tramas de sombrio malfazer.
Embalde o fogo do remorso me consumia, ardendo no imo da minha cosnciência torturada, pois, apesar de tudo, não me conseguia identificar, com naturalidade e prazer, com a atmosfera vibratória que me constrangia e infelicitava.
Beneficiado pelas preces intercessórias de generosos Espíritos que sempre me haviam amparado, e pelos pensamentos reconhecidos daqueles a quem havia auxiliado em precárias condições de amargurado desespero.
Foi então que, ao contacto de vossas vibrações, muito mais do que das vossas palavras, e confortado pela ação magnética dos magnânimos Cireneus deste templo de Jesus, consegui reerguer-me para a luz, a fim de pacificar meus sentimentos e reajustar as minhas emoções.
Não vos falo agora em razão da minha desvalia pessoal, mas sim para reforçar em vós outros a convicção da excelsitude do vosso trabalho de caridade cristã, nesta Casa de Amor, para que não canseis de auxiliar e servir, coadjuvando a ação benemérita dos vossos instrutores.
Deus vos pague. Espero um dia poder partilhar de vossos trabalhos e também ser útil aqui.
Por ora, recebei gratidão comovida de alguém que, por enquanto, se identifica apenas como vosso servo.
Miguel