Tempo de Luz

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Capítulo IX

Cantiga da paz


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Porque o Anjo da Paz lhe aparecesse,

Interrogou-lhe o Homem, triste e aflito:

— “Anjo Bom, que fazer para guardar-te

A luz da Paz que trazes do Infinito?”


Falou-lhe o Mensageiro: — “Foge, amigo,

Do azedume, da mágoa, da aspereza,

A santa escola da serenidade

Brilha no coração da Natureza…


Medita nas lições da fonte calma

Que ampara e serve, prosseguindo além;

Se a pedra surge, aprende a contorná-la

E continua em paz, fazendo o bem.


Demora-te na praia e vê nas águas

A imensidão do mar que apenas sondas,

Banhas-te renovando força e vida

Sem alterar-lhe o ritmo das ondas.


Estuda a árvore enorme e frondejante,

Trabalhando sem perda de minutos,

Sofre, produz e entrega-se a quem passa,

Sem tornar posse de seus próprios frutos.


Fita o Céu estrelado, olha a campina,

Deixa que a brisa te acalente o rosto,

Pensa no chão que te garante o passo,

O ar que consomes não te cobra imposto.


Não firas a ninguém, não guardes culpas,

Um dia, deixarás o mundo aí…

Resguarda-te no bem, trabalha e serve,

E, quanto ao resto, Deus fará por ti.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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