Trovas do Mais Além

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Capítulo XXXII
Ilustração tribal

Trovas depois da morte


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O momento de morrer

É uma tela iluminada

Que recorda o alvorecer

Na hora da madrugada.


O verbo não elucida

Por mais brilhe, cante, exorte,

Toda a morte que há na vida,

Toda a vida que há na morte.


Quem andou nas próprias dores,

Servindo e amando ao sofrê-las,

Vê na morte o fim do dia

Todo enfeitado de estrelas.


Ante a morte, frente a frente,

Senti uma cousa assim:

Triste saudade pungente

Numa alegria sem fim.


Cegueira será na Terra

Talvez uma grande cruz,

No entanto, é o caminho certo

Para a vitória da luz.


A quem ama, serve e espera

O corpo é divina grade;

Morte é a chave que se ajusta

À porta da liberdade.


A morte me lembra agora

Um sábio cirurgião

Que altera tudo por fora

Mas não muda o coração.


Cego, no instante do adeus,

Exclamei, voltando à luz:

— Louvado sejas, meu Deus!

Bendito sejas, Jesus!




Sebastião Lasneau
Francisco Cândido Xavier

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