Trovas do Outro Mundo

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Capítulo XXXIII

Temário de amor


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Doce amor a que se arrime,

Vê-se logo pela rama:

Uma presença sublime

Que nada pede ou reclama.


Amor puro tem na face

A compreensão por dever,

Como a fonte quando nasce

E canta sem perceber.


Rege-se a lei da paixão

Por este claro instrumento:

Excesso pague pensão

No albergue do sofrimento.


Amor recorda a lareira

Conforto que não abrasa.

Paixão é igual à fogueira

Incêndio queimando a casa.


Vais ao bosque do carinho…

Se o coração devaneia,

Não entreteças teu ninho

No galho de dor alheia.


Quem ama carrega em si,

Todo dia, toda hora,

Uma lágrima que ri,

Uma alegria que chora.


De afeições anoto a soma

De todo ensino que há:

Prazer é o bem que se toma,

Amor é o bem que se dá.


Sombra de amor no caminho…

Não deturpemos a voz.

Hoje é tentado o vizinho,

Amanhã, seremos nós.


Erro de amor? Penso em prece:

Podia ser meu ou teu…

As vezes, só Deus conhece

Aquilo que aconteceu.


Bem que a tudo sobrenade

Vem sempre do amor profundo

Que espalhe felicidade

Nos sofrimentos do mundo.




Marcelo Gama
Francisco Cândido Xavier


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