Realizando visitas regulares ao Sanatório de Pirapitingui, em Itu/SP, tivemos o prazer de conhecer D. Elena Tumenas, que em 1980 também passou a frequentar aquele asilo-colônia de hansenianos.

Em conversa informal, D. Elena relatou-nos que nunca havia pensado em realizar aquele tipo de visita fraterna, mas que, por influência de seu filho Elcio, já desencarnado, pretendia fixar ali trabalho permanente de assistência social.

Tomamos contato, então, com a série de 13 mensagens do Espírito de Elcio e, após autorização de Chico Xavier e do próprio Espírito, demos início a um trabalho de pesquisa que culminou com a edição deste livro.

Infelizmente, depois de pronto o texto, Chico Xavier, o Autor psicográfico do livro, já não estava podendo, por motivo de saúde, fazer o prefácio, razão pela qual resolvemos editá-lo, após seu desencarne, com o devido crédito de autoria mediúnica.

Elcio Tumenas, filho de Elena Tumenas e Antonio Tumenas, nasceu a 1° de janeiro de 1956, em São Paulo, capital.

Seus primeiros passos na formação escolar foram dados no Colégio São Miguel Arcanjo, de Vila Zelina, do pré-primário ao fim do primário.

O curso ginasial foi feito no Ginásio Estadual Firmino de Proença e o colegial, no Curso Objetivo.

Aos 18 anos, Elcio ingressou na Faculdade de Engenharia Mauá, e estava no último ano quando veio a sofrer o acidente que determinou sua partida deste mundo. Este ocorreu ao inspecionar uma obra de estrutura metálica, em São Caetano do Sul, quando caiu inexplicavelmente da mesma.

Sua mãe conta que Elcio era muito esforçado e desde o primeiro ano de faculdade já trabalhava. Era alegre,jovial e, como todo rapaz, tinha muitos planos para o futuro.

A nota de destaque de sua maneira de ser, como iremos confirmar nas mensagens espirituais, era o seu apego à família, não obstante ser muito bem relacionado no bairro de Vila Zelina, onde residia.

Elcio era exímio praticante de alguns esportes, tendo sido Campeão Paulista de Basquete na categoria pré-mirim pelo Clube Atlético Juventus. Também se dedicava às artes e tocava piano e violão.

Elcio nasceu em São Paulo em 1° de janeiro de 1956 e desencarnou na mesma cidade em 4 de abril de 1978.

A Deus, Pai Amantíssimo, agradeço a oportunidade de ter conhecido Francisco Cândido Xavier nesta encarnação e partilhar de sua amizade, pois até o momento da partida do nosso Elcinho para o Plano Espiritual eu só o conhecia por intermédio de seus livros e obras caritativas.

Com a passagem do nosso filho numa circunstância dolorosa para o Outro Lado da Vida, o meu primeiro pensamento ficou voltado para Uberaba, a fim de travar contato com o Chico e, assim, tentar obter algum consolo para a minha dor.

No entanto, alguns amigos espíritas me aconselharam a esperar algum tempo até tentar um intercâmbio mediúnico com meu filho.

Foram alguns meses de espera e de muita tristeza até que, um dia, uma amiga, de nome Vanda Canteiro, presenteou-me com uma obra de Chico Xavier, Amor sem Adeus, psicografada pelo Espírito de Walter.

Lendo o livro, despertou-me uma vontade muito grande de conhecer a mãe do jovem, D. Maria Perrone, porque sentia que ela poderia ajudar a amenizar meu sofrimento, pois penso que só quem passou por esse doloroso transe pode avaliar minha dor.

Assim, fui visitar D. Maria Perrone em sua residência e ela me orientou sobre como decorriam os trabalhos espirituais no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba.

Em fins de julho de 1978, para lá me dirigi e, com o auxílio de uma amiga residente em Uberaba, travei o meu primeiro contato com Chico Xavier.

Depois disso, minhas visitas ao Grupo Espírita da Prece tornaram-se frequentes e, na oitava vez em que lá estive, recebi a tão esperada comunicação de meu filho.

A emoção foi muito grande e chorei muito, mas esse pranto foi motivado pela certeza de que meu filho continuava vivo e já em franca recuperação. No instante em que recebi a mensagem senti Elcinho presente, embora nunca tenha duvidado da imortalidade da alma.

Esse foi o primeiro passo para uma mudança que se operou em mim desde então, e passei a encarar a situação e meus problemas com mais serenidade.

Por isso, desejo de coração dizer aos que ainda não conhecem a Doutrina Espírita, sem que nisto vá a intenção de converter quem quer que seja, que leiam e meditem sobre ela e sua visão de vida se verá ampliada.

Graças a Deus e à abençoada mediunidade de Francisco Cândido Xavier, eu e minha família passamos a encarar uma realidade nova e conseguimos superar a grande provação que é a perda de um filho.

Deus lhe pague, Chico!…

A experiência dolorosa da perda de um filho prematuramente só a pode descrever a família protagonista.

É o caso dos Tumenas, notadamente D. Elena, mãe de Elcio, amalgamada ao triste infortúnio e com o coração tangido pela saudade do filho querido.

Hoje, porém, reconhece a magnanimidade do Pai Celestial, que já a vinha preparando para a recuperação física do filho. Sim, pois, embora não praticasse o Espiritismo, o contato com as obras de Chico Xavier, notadamente o volume Jovens no Além, já a despertara para a realidade da vida D’Além-Túmulo.

Por isso, a partida de Elcio para a Outra Dimensão da Vida não provocou grandes arroubos de revolta contra o Criador, muito embora a saudade e a lacuna que Elcio tenha deixado.

“Em algum lugar”, desabafava D. Elena, “sei que meu filho vive e bem, provavelmente num mundo melhor que este em que vivemos.”

Daí a buscar o aconchego do Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, foi um pulo.

Uma amiga de D. Elena encaminhou-a para sua primeira entrevista com Chico Xavier.

Relatando esse encontro, D. Elena conta que estava timidamente ao lado do Chico, quando este lhe perguntou: “A senhora tem uma fotografia de seu filho?” Ela lhe entregou a foto e Chico lhe disse: “Eu vou ficar com a foto e vou orar por ele, mas a senhora não fique revoltada, porque existem muitas mães no caso da senhora, que perderam os filhos amados, e a senhora deve compreender que Deus os está chamando, e não nos cabe a revolta, mas a aceitação das L.eis Divinas”.

Esta visita deu-se a 4 de agosto de 1978 e foi quando recebeu as primeiras notícias do filho: “Jesus nos abençoe. Esperamos cooperar mais tarde na obtenção das notícias solicitadas. Confiemos no amparo de Jesus”.

Em 15 de setembro, nova ida a Uberaba e as notícias foram quase as mesmas: “Filha, Jesus nos abençoe. Esperamos poder cooperar mais tarde na obtenção das notícias solicitadas. Confiemos no amparo de Jesus hoje e sempre”. Nesse dia, ao se despedir de Chico Xavier, teve com ele breve diálogo: “Não fique triste, porque o Elcio está presente e está acompanhado por sua avó Helena”. D. Elena, mãe de Elcio, teve uma forte comoção, mas continuou a ouvir o médium: “Ela partiu há muito tempo?”

“Sim, há uns trinta anos.”

“Mas ela está dizendo que não é mais aquela velhinha brava como era a imagem que a senhora fazia dela!”

Esta última revelação impressionou sobremaneira a mãe de Elcio, visto que sempre sentira medo pela maneira austera com que a avó a tratava, sentimentos estes que nunca houvera comentado com ninguém.

A terceira visita à cidade mineira trouxe a certeza da breve recuperação do filho e a notícia que recebe é a seguinte: “Filha, Jesus nos abençoe. O seu querido Elcinho está presente e agradece o carinho de suas preces e lembranças, comunicando que escreverá, como desejam, na primeira oportunidade. Jesus nos abençoe, hoje e sempre”. (20/10/1978)

Não seria desta vez que Elcinho escreveria, mas por meio da carta de 17 de novembro de 1978, que o espírito de Walter envia à sua mãe, D. Maria Perrone, D. Elena obtém notícias mais consistentes do filho: “Aqui temos nossa irmã Elena que espera pelo Elcinho, e podem crer que o Elcinho também espera pela força precisa a fim de escrever com bastante calma, de maneira a tranquilizar nossa querida amiga e o nosso amigo, Sr. Antonio, que foi profundamente ferido no coração de pai. Mãezinha, auxilie nossa querida companheira na compreensão de tudo isso. Aqui, o problema de estrutura psicológica é muito mais válido e patente do que aí. Por vezes, as criaturas anseiam por dar notícias, mas conservam a necessidade de criar o que podemos nomear como sendo músculos mentais para isso. Nosso Elcinho agradece e chora de alegria, tal qual sucedeu com o seu Walter, mas com a proteção de Jesus chegaremos ao ponto certo, em que as palavras dele se farão ouvir através do lápis”.

Segundo D. Elena, estas breves palavras de Walter Perrone muito a emocionaram, porque pedia muito em preces - sem comentar isso com ninguém - para que Walter cuidasse de Elcio. De fato, como vimos, o Espírito não se furtou a atender ao pedido da súplice mãe.

Em janeiro de 1979, nova visita ao Grupo Espírita da Prece e mais notícias do filho: “Filha, Jesus nos abençoe. O filho querido está presente e agradece o seu carinho, rogando ao pai querido não esmorecer, sustentando a certeza de que Deus a ninguém desampara. Ele, nosso caro Elcio, promete escrever-lhe logo que se veja mais fortalecido para isso. Confiemos no amparo de Jesus hoje e sempre”.

Nesta sequência, a família Tumenas foi recebendo pequenos lenitivos para a sua dor, os quais culminaram com a primeira mensagem de Elcio, psicografada em 2 de fevereiro de 1979.

O tempo liga os valores mediúnicos, fundindo-os em um recurso único de sintonia, assim como o rio de longo percurso absorve as fontes e os rios menores, para penetrar silencioso e amplo, nas profundezas do mar.