Verdade e Amor
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Entrevista em Pedro Leopoldo
Entrevista concedida em Pedro Leopoldo (MG), a um jornal de nome ignorado. As três folhas originais foram rubricadas por Chico Xavier e entregues a Vivaldo da Cunha Borges, segundo este informou.
— O episódio que mais me impressionou ocorreu comigo e uma criança de cinco janeiros de idade.
Estava eu esperando um ônibus que se aproximava. Precisava descer ao centro da cidade para assinar um documento em cartório. Em minha expectativa de tomar o veículo, vi um menino da idade referida que vinha correndo a grande distância, chamando por mim.
Eu o conhecia, pois era filho de uma senhora ligada às nossas tarefas de assistência. Ela se achava doente e acamada. Supondo que o garoto necessitasse de algo para a mãezinha enferma, não tive outro recurso senão pedir ao motorista do coletivo para esperar-me por alguns instantes. O condutor da máquina me atendeu por mais de dois minutos. Vendo, porém, que a criança gritava meu nome e observando que o pequeno ainda custaria a chegar ao meu encontro, solicitou desculpas e colocou o ônibus em movimento. Fiquei a sós no caminho, porquanto conhecia a senhora mãezinha dele, embora a minha necessidade de ir ao cartório.
A criança chegou, ofegante, onde me achava e abraçou-me. Preocupado, indaguei: “Que aconteceu? Sua mamãe mandou-me algum recado?”. Com grande surpresa para mim o pequeno exclamou: “Não, tio Chico, mamãe está melhor; eu corri de casa até aqui só para pedir ao senhor um beijo”. Abracei-o e fui obrigado a deixar, depois do beijo, a minha obrigação para o dia seguinte.
— Trabalhar e servir sempre, confiando em Deus.
— Na condição de espírita, sou cristão e creio que todo cristão deve agir e servir, com otimismo, em nome de Jesus.
— Creio que os serviços de comunicação deviam passar por uma revisão das autoridades competentes, às quais caberia o dever de filtrar os assuntos no mercado das ideias para o público em geral.
— Espero que com a fé em Deus e com a proteção de Jesus todos nós sigamos para uma vida melhor.
— Acredito que todos nós temos sede de paz e de esperança.
— Acredito que Jesus, em todos os tempos da civilização cristã, é a presença de Deus entre os homens.
— Não posso esquecer o livre-arbítrio de que dispomos. A criatura colherá sempre o que ela própria semeou com as atitudes que abraça.
— A meu ver, e reconheço que não possuo a mínima propensão para adivinhar, destino será a soma de nossas ações e pensamentos em nossa vida atual, ou em nossas existências passadas. A esse respeito, imaginemos a importância do livre-arbítrio. Se eu estiver guiando um auto móvel, adotando o processo de mais de 80 quilômetros por horas, na hipótese de alguma ocorrência desastrosa, quem será o culpado? O motor ou eu?
— O suicídio é a pior ofensa a nós mesmos.
— Não posso entrar no julgamento da conduta alheia. Devo, porém, observar, embora a minha condição de espírita cristão militante, que a Igreja Católica é mãe venerável da civilização brasileira. A História, registrando os primeiros tempos de nosso país, é uma comprovação do que estou dizendo.
— Dizem os analistas que isso é o choque de gerações. Considero, no entanto, que nesse conflito está o problema da educação.
— Tenho as lembranças felizes da infância, da família, da escola e dos amigos. Creio que estas recordações são características de todos aqueles que já ultrapassaram os oitenta janeiros, como me acontece.
— Uma grande instituição de trabalho e cultura, que não me será lícito esquecer.
— Cultivar a oração, trabalhar sempre, respeitar a natureza, proteger as plantas e os animais e servirmos sempre uns aos outros, sem qualquer ideia de compensação.
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