Verdade e Amor

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Capítulo VII

Amor e verdade


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Reunião pública em Pedro Leopoldo (MG), 25 de janeiro de 1954.


Não nos esqueçamos de que o Espiritismo é Jesus que retorna ao convívio dos homens, através do Evangelho da redenção, reajustando-nos para os sagrados objetivos da vida.

Para entender-lhe a excelsitude, não basta nossa devoção ardente à Verdade, mas, sobretudo, nossa incessante consagração ao Amor, a fim de que a luminosa cúpula de nossas realizações não venha a ruir por falta de base.

Em nosso campo de ação, por isso mesmo, é imprescindível cultivar o entendimento fraterno, para que o nosso ideal de humanidade fulgure em nossos braços, palavras e atitudes.

Nunca será demais olvidar a compaixão que nos cabe movimentar intensivamente em favor da eficiência e da segurança de nossas tarefas.

Saibamos compreender e auxiliar. Aqui é uma ferida que nos pede bálsamo refrigerante, ali, é um problema aflitivo a requisitar-nos socorro, mais além é a dor em desespero, a exigir-nos benevolência e carinho.

Efetivamente, não podemos subestimar a Verdade, Verdade de que determina a cura e a solução para todos, entretanto, para aplicá-la, não prescindiremos da bondade que auxilia, infatigável, para que o irmão de luta aprenda a recuperar-se.

Os médicos não desferem golpes indiscriminados sobre as úlceras que lhes reclamam pericia operatória. Agem com cuidado, restringindo os ciclos do sofrimento com a medicação anestesiante.

Os professores não arremessam pancadas sobre o crânio dos aprendizes, em pleno viço da infância para que o alfabeto lhes alcance compulsoriamente a cabeça. Usam a paciência e a ternura, administrando, cada dia, a lição que lhe é própria, a fim de que o tempo e o esforço realizem a obra-prima da educação.

Que dizer do escultor que trabalhasse o mármore com a picareta, em lugar do buril, ou do pintor que usasse uma lâmina em brasa ao invés do pincel?

A Verdade é Luz. Entretanto, o Amor é a própria Vida. Nele temos a imagem da água pura que transforma o deserto em jardim.

Façamos, então, da própria alma uma fonte amiga de compreensão e fraternidade, recebendo nossos companheiros de jornada tais quais são e, filtrando para cada um deles a bênção da Verdade no vaso do Amor puro, estaremos trilhando o caminho do Cristo, o eterno Benfeitor, que, na exaltação da Verdade, aceitou o supremo sacrifício de si mesmo, na cruz da renunciação e da morte, por acendrado Amor à humanidade inteira.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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