Vida em vida
Versão para cópiaLouca
(Versos dedicados à devotada amiga de outro tempo que, apesar de nobre e generosa, transformou a beleza física em motivo para desregramento e criminalidade e que, presentemente, reencontramos reencarnada, na provação da loucura, maltrapilha e abandonada à via pública.)
Reecontrei-te, afinal, entre provas austeras… Ontem, ouro e brasão — senhora das senhoras Hoje, vagas ao léu, ninguém sabe onde moras, Louca atirada à rua, em pranto, deblateras!… Ajusta-se-te a pele em túrgidas crateras, Transformou-se-te o tempo em calvário das horas! Apedrejam-te e ris… Acalentam-te e choras… Nada lembra em teu vulto a dama de outras eras. Louca!… Zombam de ti, quando surges na estrada, Trazes a expiação da beleza culpada, Lembro-te, sofro… E, ao ver-te, em mágoa, me constranjo!… Mas bendize, senhora, o corpo em lama e trevas!… Nele plasmas com a dor das lágrimas que levas A brancura de um lírio e a beleza de um anjo!… |
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