Vida em vida

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Capítulo XIX

Prisão sem grades


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(Versos a um companheiro que, há dois séculos abusou dos valores físicos, utilizando o sexo unicamente para criar o infortúnio alheio, e que reencontramos agora na prisão sem grades de um cérebro doente, em provação redentora.)


Vejo-te, nobre amigo, a despontar da bruma.

Castelão sedutor, de conquista a conquista,

Não achas coração de mulher que resista…

Segues… E no teu passo a treva se avoluma…


Noivas, esposas, mães… Das vítimas, em suma,

Onde falas de amor, aumenta-se-te a lista…

Mas chega a morte e vais por estrada imprevista,

Em que a sombra te espera e a dor te desapruma.


Quis ver-te reencarnado e encontrei-te, inda há pouco…

Vagueias, mundo afora, abandonado e louco,

Espolinhas-te em lama e choras no monturo!…


Mas, agradece a Lei que te segrega em prova;

Na cela de aflição que te apura e renova,

Descobrirás, de novo, as fontes do amor puro.




Epiphanio Leite
Francisco Cândido Xavier

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