Vitória
Versão para cópiaMilton Higino de Oliveira — 1000ton
ENSAGEM I
Querida mamãe, meu pai, abençoe-me.
A emoção ainda é grande. Tão grande que me senti quase incapaz de escrever como desejamos.
Lembranças mais vivas de tudo e de todos.
Ânsia de trabalhar com mais segurança no auxílio a todos os corações que amo tanto. Ainda assim, é preciso conformar-me e seguir adiante com as possibilidades de que disponho.
Creia, porém, mamãe, que as suas vibrações de paz e coragem são ainda o meu apoio.
Às vezes, vem a insatisfação, a tristeza aparece, o desânimo ameaça e a luta por dentro de mim se intensifica. No entanto, vejo-a sempre atenta ao menor sinal de desalento em mim, a chamar-me com as suas preces: — “Bom ânimo, meu filho! Confiança em Deus!”
Ouço-a pela acústica do pensamento e me levanto, espiritualmente, de novo.
Meu avô Manoel me convida à firmeza, e outros amigos me auxiliam a erguer as energias de dentro para caminhar. Caminhar fazendo o possível por beneficiar a outros. Tarefa difícil. Remover as cinzas dos corações alheios que se acreditam vencidos e guardam a ideia de desertar.
E eu que ando na condição do necessitado de energias, devo falar de resistência e de fé a esses mesmos irmãos cuja vontade periclita, como que balançando entre os propósitos de viver e morrer.
Aqui, segundo observo, o nosso engajamento em serviço começa habitualmente por onde terminamos a nossa atuação na experiência humana.
Somos induzidos por nossos instrutores a colaborar em favor daqueles que sofrem de nossos próprios males — os males que se fizeram veículos de nosso regresso.
Quem passou na escola das provações por determinados erros, são os que conseguem mais força para sustentarem aqueles que se encontram, no mundo, quase caindo nas mesmas falhas, cujos efeitos conhecemos.
Felizmente, consigo trabalhar um tanto mais, agora que a minha readaptação à Vida Espiritual se vai consolidando…
Devo seguir os amigos a quem a ideia de fuga vai formando corpo, a fim de que se desvencilhem dessas sombras que, sem auxílio de outros, acabam, às vezes, por dominar.
Não posso dizer que sofro, senão em mim próprio com as consequências do fato que eu mesmo deveria evitar.
Amizades se multiplicam e tarefas se ampliam sempre, mas, no íntimo, aquele desejo de corrigir a costura dos dias me acompanha a imaginação…
Procuro agir e melhorar-me, no entanto, sempre criando em mim a intenção de voltar à escola para reaprender as lições.
A querida vó Hipólita me explica que isso levará muito tempo, ainda… É preciso recriar minhas forças, trabalhando, e por isso peço aos meus me ampararem ainda, com as energias necessárias.
Hoje, penso que uma prece em favor de alguém que se ache na Espiritualidade é uma espécie de empréstimo de recursos para que a nossa carência de forças diminua, ou desapareça, até que possamos retomar a normalidade.
Isso, mamãe, é a explicação do meu caso particular. Creiam todos porém, que os empréstimos de energia que me fazem, dão para equilibrar a situação, na qual me vejo, em trânsito para o melhor a ser alcançado.
Não julgue, mamãe, que me aprisione ainda a objetos e pequenas disponibilidades da Terra.
Pudesse eu haver deixado bastante material para ser aproveitado por outros e estaria mais feliz. Para a minha responsabilidade, deixei mais lágrimas e preocupações do que qualquer outra cousa, e esteja convencida de que a sua bondade de mãe não lhe deixa ver isso.
Para os pais, os filhos simplesmente são tesouros que largam tesouros por onde passam… Mas eu sou filho e sei quanta inquietação lhes impus em família.
Peço a Deus para que o nosso querido Nelson e nossa querida Ipe sejam doadoras de bênçãos aos pais que por mim tanto fizeram…
Estou, felizmente, desculpado, e isso me encoraja a devolver em serviço aos companheiros necessitados de paciência e esperança parte da dívida a que me reconheço ligado para com a família querida que me viu nascer…
Muito grato por todas as dádivas que recebo diariamente de todos — dos pensamentos amigos, das lembranças, das orações, das flores que me parecem antenas de saudade e de amor transmitindo mensagens silenciosas de amor e saudade entre nós. Estou reconfortado e agradecido.
Vovó Hipólita lembra à senhora e à tia Carmen o cuidado com a saúde, e afirma que vem colaborando em apoio da vovó Dolores, nos dias que vão passando.
Estamos todos nos desígnios de Deus e devemos esperar o melhor da vida, porque tenho aprendido e tenho visto que a Providência Divina somente nos fornece o melhor para nós.
Deus nos concede sempre o bem e o uso desses bens do Eterno Bem, na forma de nosso emprego, pertence a nós.
Meu abraço a todos, com os meus votos para que o papai continue forte e tranquilo.
Mamãe, estou muito agradecido ao seu carinho constante, em que estamos os dois naquele sistema de falar pouco nos assuntos desagradáveis e meditar muito, com respeito a eles.
Dos amigos, recebo as recordações de quando em quando, mas virá o dia em que todos nós nos reuniremos de novo.
Agradeço muito as preces e vibrações de paz que me ofertam, nesta noite. Deus me fará merecedor de tanto amparo.
Papai, o vô Manoel me recomenda dizer lhe que continue trabalhando a benefício da vovó Octávia. E assim, todos seguimos bem, porque todos buscamos o melhor com a bênção de Deus.
Tomei as mãos de nossa Ipe para abrir o livro da Luz Divina, e consegui marcar o meu ideal, ser pequenino outra vez e escutar o convite de Jesus. Mas sei, conforme disse, que isso me exigirá muito tempo ainda.
Sem especificar nomes, gravo aqui lembranças de todos e para todos os nossos. Recebam meu próprio coração em forma de agradecimento.
Querida mamãe, sinta minha presença alegre a tatear-lhe os cabelos e guarde com papai o amor e a gratidão de todos os dias, com as muitas saudades e esperanças do filho sempre grato, sempre cada vez mais reconhecido,
ENSAGEM II
Querida mamãe, abençoe-me.
Peço a sua tranquilidade e a sua alegria de viver. Trabalhemos por nosso Nelson, que necessita de paz e confiança na vida.
De minha parte, estou melhorando… Estou sadio e firme na fé, mas temos os problemas de dentro de nós mesmos, sobre os quais necessitamos de melhoras.
Ao querido irmão e a todos os nossos, os meus pensamentos de afetuosa gratidão.
Quanto a nós dois, com meu pai, estamos sempre sintonizados no mesmo fio, a repetirmos de um para os outros que tudo está bem.
Já sei que a senhora, mamãe, dirá com a sua calma que se tudo não estiver bem, estará bem assim mesmo. E eu digo que, graças a Deus, tudo segue em paz.
Um beijo de muita coragem e de muito reconhecimento do seu
Milton Higino de Oliveira — 1000ton — um dos integrantes de — págs. 89-106 — e de (Francisco Cândido Xavier, Hércio Marcos C. Arantes, Espíritos Diversos 1DE, Araras (SP), 1987, pp. 99102), nasceu em Uberaba, a 21 de fevereiro de 1947, aí desencarnando por suicídio com arma de fogo, a 30 de julho de 1972.
Filho do Sr. João Batista de Oliveira, residente à Rua Visconde do Rio Branco, 41, fone
Mensagem I, recebida a 1.° de agosto de 1979.
1 — “Ouço-a pela acústica do pensamento e me levanto, espiritualmente, de novo.”. Importância da prece no socorro aos desencarnados. Felicíssima, D. Maria, hoje, deve estar orando ao lado de seu querido filho, liberta que se encontra do corpo físico.
2 — “Aqui, segundo observo, o nosso engajamento em serviço começa habitualmente por onde terminamos a nossa atuação na experiência humana. / Somos induzidos por nossos instrutores a colaborar em favor daqueles que sofrem de nossos próprios males — os males que se fizeram veículos de nosso regresso. / Quem passou na escola das provações por determinados erros, são os que conseguem mais força para sustentarem aqueles que se encontram, no mundo, quase caindo nas mesmas falhas, cujos efeitos conhecemos.”: Lembrando-nos da primeira viagem que fizemos a Pedro Leopoldo, a 22 de julho de 1955, ao final da reunião pública do Centro Espírita Luiz Gonzaga, o médium Chico Xavier falou a um senhor, que o inquiria, sobre o método que devemos adotar, na cura da obsessão: — Meu amigo, todos nós temos uma certa cota de obsessão para o gasto. E o melhor meio de nos livrarmos dela, é trabalhar no socorro aos que estão mais obsidiados do que nós, com muita dedicação, disciplina e responsabilidade. Por outras palavras, o Espírito de Milton diz o mesmo, confirmando o que afirmam os que lidam com doentes mentais: é que eles — os psiquiatras e outros profissionais da área — continuam saudáveis porque, cuidando da loucura dos outros, estão cuidando da sua própria loucura. Muito importante tudo isso para a nossa meditação.
3 — “Procuro agir e melhorar me, no entanto, sempre criando em mim a intenção de voltar à escola para reaprender as lições. / A querida vó Hipólita me explica que isso levará muito tempo, ainda…”. Como deixa claro, Milton já pensa no seu retorno à Vida Planetária, em novo corpo físico, e, nos parágrafos seguintes, nos mostra o quanto a prece — “uma espécie de empréstimo de recursos” — é imprescindível aos Espíritos em luta na erraticidade.
4 — Vó Hipólita: Bisavó materna, D. Hipólita dos Santos, já desencarnada.
5 — “Nosso querido Nelson e nossa querida Ipe.”: Irmãos do comunicante. Ipe: Sr.ta Maria Eurípedes.
6 — Tia Carmen: Tia materna, D. Carmen Higino dos Reis, nasceu em Conquista, Minas Gerais, a 23 de outubro de 1921, e desencarnou em Uberaba, a 28 de janeiro de 1983. Grande amiga do médium Chico Xavier, era dedicada colaboradora do Grupo Espírita da Prece.
7 — Vovó Dolores: Avó materna, desencarnada em Uberaba, a 4 de novembro de 1979.
8 — Vô Manoel: Avô paterno, Sr. Manoel Antônio de Oliveira, desencarnado em 1941.
9 — Vovó Otávia: D. Otávia Benedita dos Reis.
Mensagem II, recebida a 18 de agosto de 1983.
Bilhete dos mais expressivos, que vem demonstrar o quanto o Autor Espiritual vem trabalhando em favor dos candidatos ao suicídio, no Plano Físico, insuflando-lhes pensamentos de coragem, otimismo e paciência ante os embates da vida, naturalmente arregimentando força e coragem para, no futuro não muito distante, voltar à liça terrestre para os testes redentores, necessários a todos nós, Espíritos endividados perante a Lei de Causa e Efeito, a caminho da quitação completa dos compromissos assumidos no Grande Pretérito, sob a proteção do Divino Mestre, e, particularmente em relação aos suicidas, sob o olhar misericordioso de Maria de Nazaré.
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