Capítulo VI

Henrique Emanuel Gregoris


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ENSAGEM I


“Veia”; abençoe seu filho. Estou aqui.

Isto não é carta. É bilhete. Só informática.

Não creia que deixei filhos do corpo aí no mundo. Isso até que é muito engraçado.

A Juliana, que tive o desejo de adotar, não era minha filha, e creia que gostei daquela garota quase como se lhe fosse um pai.

Não esquente a cabeça com conversas do mundo Grande. Isso aí é uma panela fervendo.

Coitado de quem cair na beirada, porque a maledicência esfogueia a cuca até dos anjos, creio eu, porque, de minha parte, sempre bastou ajudar um tantinho alguma pobre irmã da Terra, para que não faltasse quem me visse paternalizando crianças.

Deixe pra lá essa nova fofocagem e vamos trabalhar, porque você mesma, dona Augustinha, é que ensinou esse “Menino da Porteira” que sou eu, a fazer qualquer coisa de bom.

Os assuntos são muitos, mas o tempo está gasto e eu pedi muito para podar essa sua preocupação.

Mãe de rapaz, até de rapaz morto, sofre, sofre sempre as consequências das mínimas impressões que um filho solteiro cause.

Não se incomode com o que digam. Que andei vagueando por aí, isso é mais do que verdadeiro, mas vaguei com quem vagueava, e quem vagueia no vazio, não encontra senão o vazio ao fim de qualquer estrada.

Mãezinha Augusta, creia em mim e tranquilize-se. Não sou anjo e nem estou aqui de mãos postas, como se estivesse guardado num nicho. Estou lufando e lutando muito para melhorar-me, mas quero melhorar-me para Deus e para você, que foi e continua sendo para mim a melhor mãe que o Céu me poderia dar.

Desculpe esta página de confessionário doméstico, que somente visa a sua paz, e em que procuro adquirir a humildade que ainda não tenho e receba, com lembranças para nossa querida Dona Lélia, um beijão de seu filho, sempre seu,


Henrique


“Veia” querida, Deus nos abençoe.

Comemoração de aniversário. Dois corações, no coração de grande família espiritual.

Agradeço o carinho de sua lembrança. Isso é muito, Dona Augustinha, para um filho que nada fez por merecer, mas sinto que os irmãos e sobrinhos estão conosco em pensamento e, por eles todos, almas queridas que somam tanta felicidade para nós na vida, a festa é válida. Não falta ingrediente algum.

Chamas brilhando se localizam nos sentimentos dos companheiros que nos compartilham das orações.

O pão espiritual significando o bolo tradicional é farto em auxílio a nós que o recebemos, jubilosamente das palavras iluminadas de amor e fé que estão sendo articuladas pela nossa irmã, com a interpretação da noite.

Flores temo-las em monte nas esperanças que se exteriorizam desta sala, perfumando o ambiente com o aroma da fraternidade positivamente vivida.

E os votos do seu maternal carinho me alcançam, de impacto, lembrando-me a necessidade de progredir e aperfeiçoar me para ser melhor, ou mais acertadamente, para ser bom, tanto quanto devo e preciso.

Estou sensibilizado. As recordações são numerosas.

Venho pedir pra você, porém, compreender comigo que a nossa festividade hoje é mais autêntica.

Sei que você, quando enxerga alguma praça de alegria ou algum lance de felicidade nos outros, escuto, de imediato, o seu pensamento, a dizer me sem palavras terrestres: “Ah! se o meu Henrique aqui estivesse!…”

Sei quanto amor transparece de suas afirmativas, no entanto, saiba, querida “Veia”; que a minha volta ao Mundo Espiritual foi uma bênção. Tornamo-nos mais unidos. Agora, sei viver conscientemente, com você e por você.

O papai Gastão me explica, de quando em quando, — “Você teria de vir, meu filho, para conseguir auxiliar a mamãe de maneira segura”.

A princípio, acreditava que meu pai falava desse modo, de maneira a prestar me consolo, entretanto, os dias aqui não passam vazios, para quem aspira a aprender.

Ainda não pude compulsar o Livro da Vida, nas suas informações mais profundas, entretanto, dentro de mim, vou encontrando lembranças ligeiras, a me revelarem quão juntos estamos nós perante a vida.

Que seria de seu Henrique se ficasse por aí, sassaricando aqui ou ali, ou seguindo a cartilha das paqueras?

Quando seus olhos estivessem detidos em algum desfile dessa ou daquela natureza na Terra, ou quando se veja cercada por grande multidão, recorde quão feliz me vejo, liberado de adesões e participações e movimentos aos quais intimamente não me associo.

Quero contar pra você, mamãe Augustinha, um segredo de que estou fazendo um prato público.

Pensei muitas vezes em casamento, mas no fundo de meu próprio ser, permanecia o desejo de encontrar alguém que continuasse você, junto de mim.

Você era o espelho e a medida para minhas escolhas e não encontrei ninguém para substituí-la em meu campo íntimo.

Algum sabidão da Terra falará em triângulo afetivo, Freud será invocado para se destacar a sexualidade sobre quaisquer sentimentos, mas de tanto ouvir semelhantes argumentações sem base na validade, deixo-as para novos estudos no Grande Porvir.

Raciocinando com as minhas reflexões, a sua bondade verificará que a Terra, ficaria sendo inabitável para mim.

O pai Gastão me esclarece que vim para cá na momento certo, quando mais intensa se me desabrochariam reminiscências imprecisas de vidas passadas.

Não lastime o processo pelo qual fui removido para cá. Isso era necessário.

Em nossas conversações espirituais, nas horas de prece, você acaba sempre concluindo que a nossa união vem de muito longe.

E o que digo, nestas páginas, pode servir a muitas mães e pais que são compelidos a perder, na Terra, provisoriamente, a companhia de filhos inesquecíveis.

Quantos de nós, renascemos para reavivar chamas de amor que a saudade ou a renúncia devem sublimar?

Hoje, observo quanto me pesariam festas e soçaites, solenidades e outros etecéteras, se houvesse permanecido na condição que o Plano Físico me oferecia.

Com toda certeza, integraria a lista dos desajustados e infelizes que uma cobertura dourada habitualmente oculta aos olhos alheios.

Não mentalize para seu Henrique outra espécie de ato final na peça de minha existência última.

Para aqueles que partem, ficam os vínculos repletos de luz com os pais abençoados, e para os que se demoram no mundo, a carência afetiva exerce a função de sentinela, impedindo que a atenção volte de novo para as algemas do Mundo Físico, já que a saudade lhes habita a alma ansiosa, à maneira de lâmpada acesa, permanentemente, indicando os Caminhos do Céu.

Tudo isso, “Veia”, é material para nossas reflexões e folgo com isso, porque, em plena lembrança de natalício, posso rememorar a nossa união sublime, com a alegria de quem redescobre um Tesouro que Deus nos concedeu e que nunca desaparecerá.

Quanto ao mais, aguente as pontas por aí, porque a existência na Terra, sem perder a nossa reverência para com Deus que no-la cedeu, em nosso próprio benefício, mais se parece a uma peça em que todos os atores, para serem eficientes, devem estar armados de máscaras e ensaios com disciplinas de pontos e deixas para que o papel seja representado com segurança.

O nascimento da criatura é a entrada em palco e por muito tempo a pessoa, sempre disfarçada para efeito educativo, transita entre luzes e gambiarras, muitas vezes falando ou fazendo aquilo que no íntimo não deseja.

A morte é o regresso aos bastidores. E dos bastidores é que apreciamos as cenas com segurança, numa torcida quase louca para que os artistas de nossa afeição consigam vencer na parte que lhes compete.

Como pode observar, estou agora fora dos enfoques e lutando para que você consiga vitória plena. E assim prossigamos felizes.

Hoje, sou muito mais seu do que ontem e posso colaborar em suas tarefas, com possibilidades de tempo e atenção que antes, nem de leve, supunha pudesse obter algum dia.

O recado de amor filial está transmitido e agora peço-lhe dizer para as nossas irmãs, Dulce e Silvinha, que o nosso estimado Zacharias está no trabalho espiritual junto delas, com valiosa quota de recursos entre a nossa Irradiação e o Solar, na prática daquele amor que ele sempre soube exemplificar.

E para a nossa querida irmã Gilca, enviamos daqui a certeza de que a nossa maternal amiga Sebastiana, continua crescendo em abnegação e carinho, amparando, não somente a ela, mas igualmente a muitos irmãos sofredores.

Do pessoal de Trindade, não posso ainda enviar qualquer notícia, embora tenha amigos nas equipes assistenciais que funcionaram nas solenidades sempre dignas de nosso melhor respeito. Espero obter informes, oportunamente.

Rogo a você, querida “Veia”, dialogar com o nosso Dudu, o nosso querido Eduardo, pedindo a ele para que não esmoreça. Toda realização pede preço. E a faculdade de voar com preciosas coberturas sociais e econômicas, exige muito esforço.

Mas esforço é bênção, sempre que orientado para o bem e, acima de tudo, desejamos que ele esteja resguardado no bem para construir o bem sempre maior.

Muitas lembranças para Ângela e Márcia, Luiz Antônio e Mário Lúcio, com os nossos “grandes gênios mirins” que, segundo dizem, vão construir a nova civilização na Terra.

Agradeço à nossa irmã Lélia a companhia afetuosa e a todos os irmãos que nos auxiliam com o suporte dos pensamentos de amizade e tolerância, a fim de que eu possa garatujar esta carta.

E agora, querida mamãe, é aquela hora… A palavra deve dizer “até breve”, mas esse “até breve” não é exato, porque lhe desejo muito tempo de presença generosa juntamente dos nossos, por dentro da família e dos nossos que aparentemente estão por fora do nosso círculo doméstico.

Se eu disser “adeus”, igualmente estaria iludindo a mim mesmo, porque a Bondade de Deus nos uniu para sempre.

Então faço um beijo com lágrimas de saudade e de alegria, para depor em seu coração querido. Quem dirá que parto, se estou ficando?

Pense nisso, e continuemos cada vez mais unidos em Jesus. É isso aí, Dona Augustinha.

Fique tranquila e saiba que as suas saudades que me iluminam tanto, guardam as mesmas dimensões das saudades do seu filho, sempre seu menino do coração,


Henrique


“Veia” querida. Deus nos abençoe.

Estamos igualmente regressando da excursão de fraternidade. Viagem através da experiência humana para o reencontro com o Cristo.

Jesus na pessoa dos nossos companheiros da retaguarda.

Jesus doente nos enfermos esquecidos, nas crianças relegadas ao frio da noite, nas mães infelizes, nos pais extenuados de inquietação e sofrimento, nos tristes que perderam a esperança, nos corações caídos em desalento e voltamos pensando nas lições recebidas.

Natal é uma promessa de alegria e uma realidade de lágrimas. Isso porque basta nos distanciarmos um tanto de nossas comodidades e de nossos hábitos, para enfrentarmos o desafio do Mundo Melhor por fazer.

Aquele Eterno Amigo que nasceu ao clarão de estrela resplendente e foi sacrificado no cimo de um Monte, a fim de que todos lhe víssemos a suprema renúncia, continua a chamar-nos…

Dezembro a Dezembro se renova o convite sublime. Amparar os deserdados, erguer os que se estiram em desânimo, iluminar os que jazem nas trevas; socorrer os últimos das filas imensas da provação…

É por este motivo que finalizamos a nossa caminhada igualmente em prece…

Oramos por aqueles outros companheiros do Mundo, para os quais a escola de Jesus ainda não se fez conhecida, ante a indiferença deles próprios;

pelos que transformaram a própria existência num recanto de prazeres inúteis;

pelos que preferiram a sombra a fim de se entregarem à perturbação com que se lhes entenebrece o curso dos dias;

pelos que desertaram da fé, acreditando-se meros fantoches no caminho dos deveres a que foram convocados, deles se desviando para a celebração de festivais da descrença e do egoísmo em que se lhes desgastam as forças;

pelos que inventam as necessidades dos semelhantes, dificultando-lhes o acesso ao pão de cada dia, de modo a se patentearem na condição de donos dos recursos da Terra, ignorando que voltarão à Verdadeira Vida em plena nudez espiritual, assim qual surgiram na experiência física;

pelos que se fazem surdos aos gemidos alheios, qual se fossem impermeáveis à dor que os transformará no Grande Futuro;

pelos que espalham aflição e pranto, destruindo a paz e o equilíbrio de corações devotados ao bem;

pelos que se enganam com as suas possibilidades próprias, transformando-as em leviandade e agressão aos outros, sem perceber que unicamente estruturam as algemas que os prenderão por muito tempo nas celas da culpa, e por todos aqueles que ferem e perseguem, desconhecendo que acabam dilapidando e enlouquecendo a eles mesmos…


Por todos oramos, rogando ao Senhor os envolva no manto da Paz e da Verdade para que venham igualmente caminhar, procurando-O nos irmãos encarcerados na prova, em doloroso burilamento.

Estamos felizes porque atravessamos a Noite Santa, buscando Aquele que nos recomendou: “e tudo o que fizerdes a qualquer destes meus pequeninos é a mim que o fazeis”. (Mt 25:40)

Pois eu hoje sou o pequenino entre os menores, a quem seu coração materno e os nossos amigos presentes trouxeram imenso bem.

Em nome de todos os companheiros que terminamos nesta hora, em companhia de nosso querido grupo, a jornada pelos caminhos do trabalho regenerativo, o nosso “muito obrigado”.

E agradecendo ainda, por todos aqueles aos quais estendidas se fizeram as mãos, de todos os amigos que nos compuseram a companhia, porque de todas as migalhas de amor doadas aos herdeiros do Calvário, formará o Divino Mestre a Luz sublime que lhes guiará os passos no Dia do Retomo.

Quando soar, um dia, a campainha da Volta ao Grande Lar, conservem os amigos queridos a certeza de que as bênçãos distribuídas, ainda as menos perceptíveis, se lhes farão marcos iluminados, assinalando a estrada do reencontro com o Eterno Doador de Todas as Bênçãos.

Mamãe Augustinha, estou contente. Perdoe se seu filho ora nesta noite com o pranto a lhe encharcar os pensamentos…

São as lágrimas de alegria por haver aprendido em seu colo a pronunciar o nome de Deus e a conhecer o Benfeitor Infatigável Jesus-Cristo, o Luzeiro de Deus, que, no Mundo, aceitou o sacrifício e a morte para conduzir nos todos à verdadeira Vida e à imortalidade da Luz.

Muito amor e gratidão do seu filho, sempre o seu,


Henrique


“Veia” querida, pensemos em Deus para que minhas palavras não lhe fujam da bênção.

Estou ouvindo os seus pensamentos, pedindo-me para adiar as minhas dicas para outra.

Seus olhos estão fitando a sala cheia e, por dentro, você me diz que o nosso papo deveria ser adiado. O negócio, porém, é que você está quase doente de aflição.

E tristezas com perguntas concentradas acabam em veneno, maltratando o corpo de quem as acolhe, se não forem derramadas em algum coração que nos compreenda.

Pois é isso aí. Outro lugar, por enquanto, não temos para garatujar as notícias de seu rapaz e, por isso, lanço as falas com a alegria de quem deseja substituir a sua preocupação por esperança.

Mãe, querida, é natural que a sua dedicação fique de sentinela para auxiliar os filhos queridos, mas fora isso, deixe certos assuntos pra lá da inquietação e mais pra cá de nossa confiança em Deus.

Nossa escola de entendimento e perdão está funcionando. Determinados casos precisam ficar na geladeira para que o tempo lhes esfrie o fervedouro.

É a lição dos nossos Guias: Silêncio e prece.

Estou furtando esta legenda das nossas próprias paredes, porque considero adequada ao nosso problema semelhante mensagem exposta.

O que está resguardado pelos outros, resguardado fique, até que seja o tempo disso ou daquilo sair à luz.

Essa história de verdade aberta costuma separar muita gente e até suscitar doenças que induzem à morte prematura. Quando Pilatos perguntou a Jesus o que era a Verdade, nem Ele, o dono dela, quis responder. (Jo 18:38) O Divino Mestre terá permanecido no ponto a que me refiro: Silêncio e prece. E mais nada.

O tempo é um grande ministro de Deus, na renovação de tudo o que possa atrasar os processos da vida ou complicá-los.

Que outros se apropriem de certos pratos sociais e se deliciem com eles. Esses companheiros desavisados não sabem quanto lhes custará o tempero de vinagre e pimenta com que costumam regar os lanches da fofocolândia. Deus os proteja.

Conversa amiga com o nosso Eduardo só faz bem. Quanto ao mais, saiba, “Veia”, que tenho muita prática do “bicho homem”, porque há muito tempo faço parte desse antigo zoológico, que a gente precisa respeitar e deixar com Deus para não dificultar a vida em si mesma, com tanto problema para esquentar a cabeça. Já temos grudes e pampeiros pro gasto.

E quanto ao dinheiro que outros dissipem, deixe essa manobra no campo em que aparece. Do que venhamos a necessitar, pode crer que Deus não nos deixará em falta.

Se alguém estiver aqui com empeços semelhantes aos nossos, os que nos partilharem a prova nos entenderão, e até, penso eu, ficarão contentes com o que digo.

Sigamos para diante fazendo o bem, que do mal já existe muita gente cuidando.

Peço ao seu coração de mãe dependurar um belo sorriso nos lábios e, com o silêncio e prece, sigamos na direção de outras experiências.

Barras maneiradas e passos firmes na estrada que Deus nos deu, porque o serviço aí já é demais.

Em nossas meditações com o retrato de permeio, continuaremos conversando.

Muito confiante na vida, e pedindo a Deus a todos nos auxilie e nos proteja, receba, Dona Augustinha, a alegria e a gratidão no beijo repleto de muito carinho e reconhecimento do seu filho, sempre o seu,


Henrique


Veia, não seria possível estarmos tão pertos um do outro, no salão do papel e do lápis e não me empenhar na conquista de alguns minutos para lhe escrever.

Impossível o silêncio, quando a sua saúde física andou periclitando… E continuamos preocupados, na defesa do seu refazimento de forças.

Mãe, é preciso lutar, não amoleça com a ideia de vir a ter conosco, por enquanto. Preciso trabalhar muito ainda para recebê-la menos mal.

Quando aí estive, você me aninhou em tantas rendas e me instalou num monte de sedas e eu, por agora, ainda estou muito pobre a fim de tê-la comigo, embora o meu pai Gastão esteja rico de merecimentos dele.

Quero, porém, entrar nos meus próprios recursos para repartir consigo a minha pobreza linda, porque é pobreza repleta dos tesouros de suas lembranças.

Prepare-se para tratamento oportuno, caso não nos seja possível arredá-la de nova cirurgia. Acontece que os ligamentos de categute se dissolveram antes do reajuste sólido dos tecidos atingidos pelo bisturi e esse fiasco de um fio tão famoso nos impele hoje a refletir numa nova e possível intervenção.

Ainda assim, Dona Augustinha, não se apavore. No entanto, no começo de qualquer providência seja exigente na escolha do material, seja humano ou seja de elementos de menor significação, para entregar o próprio corpo a novos cortes. Desculpe-me falar assim, mas o amor manda e eu obedeço.

A vida na Terra, mamãe, é um aprendizado bendito. Fico admirado hoje com quem se recusa a sofrer e adquirir experiências novas.

Quem não chora não sabe ver a realidade, e quem não luta, não atinge o sabor da vitória que é triunfo mais por dentro de nós do que por fora.

Continue firme em seus princípios. Não se esqueça de uma beira de tempo, cada dia, para colocar o corpo no estaleiro de meditação e da prece para as necessárias reparações.

Não se pode parar no cotidiano, mas arranjar uma pausa para a reconstituição das próprias energias, isso é preciso, tanto quanto em qualquer texto, a pontuação é indispensável. Ponha algumas vírgulas em suas tarefas e sigamos em frente.

Estamos satisfeitos com a sua decisão de cooperar com o Lino, no Lar São Francisco.

A nossa Mariquinha Veiga já retomou o arado e está muito contente com a sua presença mais assídua, em serviço. Efetivamente, a obra precisa de braços e corações que a entendam, e isso você tem de sobra.

Compreendo o contratempo havido com outros ambientes, mas, com franqueza, se eu ainda estivesse aí e alguém só quisesse passes por minhas mãos como se eu fosse um santo de barro, não concordaria, e já que não conseguiria desligar-me do trabalho de que necessito, visando à minha própria melhoria, decerto bateria em outra porta, buscando fregueses novos para as bugigangas espirituais que me fosse possível distribuir.

É isso. Quando a criatura se percebe eleita, sem possibilidade de clarear o problema, o negócio é mudar, conquanto o respeito e o carinho pela obra em si, que nos serviu e nos serve tanto, continuem sem a mínima alteração em nosso agradecimento.

E você, Dona Augustinha, ainda tem o lar do Mário Lúcio e do Luiz Antônio com os netos de quebra.

Não é somente a casa de São Francisco, mas é também a residência das filhas, onde o estado menor da família não lhe dispensa o comando.

E tem outra. O nosso Eduardo ainda está por aí pensando no Tim e o Tim precisa cooperar em auxílio ao Eduardo.

Graças a Deus o trabalho não nos falta e a gente vai indo para adiante, ora com mais rapidez e ora como se fôssemos puxados à força de bois amigos ou de motores violentos.

Aqui, igualmente, para quem deseja aprender a servir, as horas são devoradas por quefazeres que parecem longe de qualquer fim.

A propósito de novidades, quero informar à nossa irmã Eurídice que o Paulo vai seguindo com melhoras apreciáveis.

Desencarnações inesperadas trazem um mundo de sequelas que é preciso podar a tempo, a fim de que certos condicionamentos mentais não se cristalizem por dentro de nós.

Não temos vocação para criticar ninguém, mas realmente, enquanto no Plano Físico, muita gente se engana com a dona das cinco letras que lhe formam o nome fatídico. A morte não é banho milagroso, no qual a criatura entra e sai com diferenças assombrosas.

Os distintos penetram à força nesse balneário de surpresas e encontram tanto serviço por fazer em si próprios, que muito poucos se sentem dispostos ao correio mediúnico.

Guardam o receio de faltarem com a verdade e ao mesmo tempo não se animam a declarar que não encontraram o céu e nem o inferno e sim os pensamentos materializados deles mesmos.

Ainda assim não posso fugir do propósito de animá-la para o seu tratamento e seu trabalho. Filosofia fica para depois.

O nosso amigo Alvicto está presente e me recomenda dizer à nossa irmã Lélia para que se sustente na calma habitual, seguindo as ocorrências da vida e tratando da execução de seus próprios compromissos com a Espiritualidade Maior.

Ele próprio conseguiria dizer o que deseja com mais segurança do que eu mesmo, no entanto, ei-lo que diz que para se entender com Dona Lélia lhe basta uma carona em comunicado de pessoa amiga, e faço isso com prazer.

Mamãe, abrace o Eduardo por mim e peça a ele fazer sempre a revisão das máquinas em que pretenda se deslocar ou decolar. Se a função não é dele, que a providência seja por ele movimentada. Com isso não estamos colocando banca de cigana. É que o trânsito no ar é mais difícil do que o trânsito de rua.

Mas, por agora, chega de minha conversa, temos muitos companheiros fazendo força contra o bocejo, e o bocejo quando é demais vira calamidade para quem o provoca.

Muitas lembranças para todo o nosso pessoal.

E com muitas saudades do seu carinho, conquanto esteja sempre a receber lhe os afagos em meu pobre retrato, livre-me, querida Mamãe, do frio da solidão e fique sempre comigo porque preciso cada vez mais de você e todo o amor e todo o reconhecimento do seu, sempre o seu filho-mais-filho porque desejo ser sempre o seu amor mais-amor.

Beijos do seu filho


Henrique

Na manhã de 16 de abril de 1985, o Sr. Ayres Soares, residente em Uberaba (fone 3332:1588), irmão de D. Augusta Soares Gregoris, deixou em nossa residência um envelope, acompanhado de um bilhete seu, contendo farto material iconográfico e mensagens de Henrique Emanuel Gregoris, algumas absolutamente inéditas e outras somente em livros, que a gentileza de D. Augustinha nos enviou para que pudéssemos aproveitar num próximo volume a ser organizado com páginas recebidas pelo médium Xavier.

Incluído, anteriormente, nos livros — Capítulos 23:28 —, e — Capítulos 11:14 —, Henrique nasceu em Goiânia-GO, a 7 de julho de 1952, filho de Gastão Henrique Gregoris, já desencarnado, por afogamento, um dos co-autores espirituais de Enxugando Lágrimas, e de D. Augusta Soares Gregoris, residente na Capital de Goiás, à Rua 90, n° 790, Apto. 202-A —, Edifício Itapuã — Setor Sul — Fone 062:223-1086, CEP 74310, aí desencarnando, vítima de arma de fogo, a 10 de fevereiro de 1976.

Tendo sido o amigo com quem Henrique se encontrava, no local da ocorrência, absolvido pelo Juiz da Comarca de Piracanjuga, que respondia pela de Hidrolândia, a família Gregoris apelou para Instância Superior, somente encerrando, definitivamente, o processo, quando o médium Chico Xavier, a pedido do Espírito de Henrique, foi, pessoalmente, a Goiânia, solicitar à D. Augustinha para que perdoasse o referido amigo.

Trabalhava na Planitec, Assessoria e Planejamento, que prestava serviços à APEGO — Associação de Poupança e Empréstimos de Goiás.

Cursava Administração de Empresas, inicialmente na Universidade do Distrito Federal, e, depois, na Universidade Católica de Goiás, em sua terra natal.

Era solteiro e entusiasta com os trabalhos do campo.

Espírita-Cristão, frequentava, regularmente, a Irradiação Espírita-Cristã e o Centro Espírita Irmã Scheilla, de Goiânia.

Servindo-nos de dados fornecidos por D. Augustinha, que acompanham correspondência, datada de 10 de abril de 1985, passemos ao estudo das mensagens que selecionamos para este volume, lembrando-nos de que, em todas elas, Henrique prossegue chamando a genitora de “Veia” e usando as gírias que lhe eram habituais.


Mensagem I, recebida numa noite de 6ª feira para sábado de junho de 1977:


1 — “Não creia que deixei filhos do corpo aí no mundo. / Isso até que é muito engraçado. / A Juliana, que tive o desejo de adotar, não era minha filha, e creia que gostei daquela garota como se lhe fosse um pai. / Não esquente a cabeça com conversas do mundo Grande. / Isso aí é uma panela fervendo.”: Eis o que nos diz D. Augustinha:

“(A mais interessante de todas as mensagens.) Saí para fazer pagamentos no Banco, e lá uma amiga me saudou toda eufórica, dizendo:

— Sabe, eu conheço o filho do Henrique, que é a cara do pai.

No meu espanto e incredulidade, fiquei sem fala ou movimentos.

Ela, nem percebeu a minha fraqueza. Falou, falou e eu… pasma.

Procurei os amigos do meu filho, e eles me afirmaram ser conversa inverídica.

Fui até Uberaba, com a amiga Lélia.

Lá, quando chegamos, os trabalhos já estavam bem adiantados, na noite.

Chico Xavier psicografou uma mensagem de Emmanuel e outra belíssima de Dráusio, para a mãezinha dele, Zilda Rosin.

Eu pedia mentalmente ao Dráusio que me enviasse algum recado do meu Tim.

Nada.

Depois de lidas as mensagens, Chico pegou uma página sobre a mesa, olhou-me dentro dos olhos (ele não sabia que estávamos em Uberaba), e começou a ler este bilhete, que lavou minha alma da angústia e da aflição.

(Sem comentários.)

Juliana: Filha de uma das colegas de serviço de Henrique, de Brasília, que desencarnou em acidente automobilístico em Minas Gerais, 40 dias depois dele.

Henrique amava muito esta garotinha.

(Amor e Luz, pág. 114.)”


Aqui se nos depara um assunto sobre o qual precisamos nos deter, dada a importância de que se reveste.

Não fora o nosso orgulho milenar, alimentado pela panela fervente do mundo Grande, ainda de provas e expiações, e todos os pais e mães deveríamos nos alegrar ao saber que um de nossos rebentos, ao invés de lançar mão de técnicas abortivas, entrando na criminalidade, para descartar-se de um filho gerado fora do casamento, deixa, pelo contrário, que ele nasça com todos os traumas necessários à sua evolução espiritual.

Comumente, qual a nossa atitude diante de semelhante quadro?

Ficamos arrasados. E os princípios espíritas que esposamos? Qual a finalidade deles em nossas vidas? Até quando o orgulho há de nos guiar os passos, afastando-nos do Cristo de Deus?

O problema, quando visto de outro ângulo — dos chamados filhos adulterinos —, toma-se mais sério, ainda em consequência do orgulho.

Todos os psiquiatras e médiuns espíritas com atendimento ao público, como se dá com Chico Xavier, há 60 anos ininterruptos, têm bastante experiência neste campo: rapazes ou moças portando armas com vistas a tirarem a vida daqueles que lhes facilitaram a entrada neste mundo, mas que não puderam ou não quiseram assumir-lhes a paternidade, oficialmente.

Em vez de beijarem os pés desses filhos de Deus, por lhes terem facultado a volta a este planeta para o cumprimento de provas e o resgate de dívidas contraídas no grande pretérito, não merecendo, atualmente, usufruir pais, de acordo com as leis terrenas, em obediência à Lei do Merecimento e às injunções das leis cármicas — filhos abandonados; sem qualquer noção de responsabilidade, e a falta de respeito para com os genitores que a Providência Divina lhes destinou em vidas passadas —, guardam ressentimentos e se tomam amargos.

Quantos há que por aparecer no sumário de suas biografias somente o nome da genitora, como se dá com o autor do Dicionário Filosófico (filho de Marie-Marguerite Daunard, nasceu François-Marie Arouet, dito Voltaire, em…), se recusam a aparecer, publicamente, levando vida de completo isolamento!

O autor destes apontamentos, relativamente qualificado neste difícil terreno, ele mesmo um filho natural, em fazendo estas considerações, roga permissão para unir-se a todos os leitores, sob o clima de oração e trabalho infatigável na caridade material e moral, para que todos possamos combater em nós mesmos, não somente o orgulho, mas, ainda, o egoísmo e a vaidade, a fim de que, com efeito, tenhamos condições de nos considerarmos autênticos espíritas-cristãos.


2 — “Menino da Porteira”: Sobre a toada de Teddy Vieira e Luisinho (), que Henrique e seu irmão Eduardo tocavam no violão e cantavam, acompanhados por D. Augustinha, vejamos o item 16 do Capítulo 13 de .


3 — Dona Lélia: Sra. Lélia de Amorim Nogueira, filha do Sr. Antenor de Amorim, e esposa de Alvicto Osóris Nogueira, nossos conhecidos de Enxugando Lágrimas, e muito amiga da família de Henrique.


* * *


Mensagem II, recebida na noite de 7 de julho de 1979. “Muito interessante esta mensagem de 7/7/1979,” afirma Dona Augustinha — “aniversário de Henrique, porque, quando jovem, sua mãe fazia parte do Grupo Teatral A. G. (Agremiação Goiana de Teatro), e anos mais tarde, Henrique se ligou ao mesmo Grupo, liderado pelo diretor Otavinho Arantes.”


1 — “Você era o espelho e a medida para minhas escolhas e não encontrei ninguém para substituí-la em meu campo íntimo. / Algum sabidão da Terra falará em Triângulo afetivo, Freud será invocado…”: Escrevendo sobre o Espiritismo na Correspondência e na Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, a liberdade de transcrever dois passos bastante elucidativos, psicografados pelo médium Xavier, sobre Sigmund Freud (1856-1
939) e sua doutrina, o primeiro de André Luiz, extraído de (FEB, Rio, 4ª edição, 1952, pp. 31-33), e o segundo de Emmanuel (resposta à questão 47 de ), que justificam, plenamente, este significativo trecho de Henrique.


2 — Dulce e Silvinha: Dulce Moraes Zacharias e Silvinha Zacharias, viúva e filha de João Zacharias, desencarnado, amigas da família de Henrique.


3 — “A nossa Irradiação e o Solar” a) Irradiação Espírita Cristã — Centro Espírita sito à Rua 201, n° 232, Vila Nova, Goiânia-GO; b) Solar Colombino Augusto de Bastos — Abrigo para velhinhos, pertencente à Irradiação Espírita Cristã.


4 — “Nossa querida irmã Gilca; nossa maternal amiga Sebastiana”: a) Dra. Gilca Esselin, odontóloga amiga da família; b) Sebastiana Pereira Esselin, Sra. mãe da Dra. Gilca Esselin, desencarnada a 6 de janeiro de 1976.


5 — Trindade: Cidade e município do Estado de Goiás, com 1.273 km 2 de superfície. Próxima de Goiânia, a cidade é famosa pelas tradicionais festas católicas que aí se realizam, recebendo, por ano, milhares de romeiros.


6 — “O nosso Dudu, o nosso querido Eduardo”: Eduardo Gregoris, piloto comercial, irmão de Henrique.


7 — Ângela e Márcia, Luiz Antônio e Mário Lúcio: a) Ângela e Márcia, irmãs; b) Luiz Antônio e Mário Lúcio: Luiz Antônio Rabelo e Mário Lúcio Sobrosa, cunhados do comunicante.


* * *


Mensagem III, recebida na noite de Natal — 24-25 de dezembro de 1979.

Belíssima página com a qual Henrique, a nosso ver, dá mostras de estar se preparando para, em momento oportuno, entrar na equipe de Espíritos de Luz que escrevem sobre o Natal, através do médium Xavier, com as Benfeitoras espirituais Meimei e Maria Dolores à frente.


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Mensagem IV, recebida na noite de 8 de março de 1980.

Excelentes as considerações de Henrique a propósito do lema adotado pelos Guias da Espiritualidade Maior: Silêncio e prece, relembrando, com propriedade, o passo do Jo 18:38 — sobre o silêncio de Jesus ante a pergunta de Pilatos — “o que é a Verdade?”


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Mensagem V, recebida na noite de 4 de junho de 1982.

Registramos mais alguns passos do depoimento de D. Augustinha:

“Henrique descende, pelo lado paterno, de família de origem italiana.

Enrico Gregori, bisavô de Henrique, natural de Udine, emigrou para o Brasil e se instalou em Ribeirão Preto, SP, e foi um dos fundadores da Colônia Italiana, sendo seu presidente, e recebendo o título de Socio Onorario da Società Operaia Mutuo Soccorro e Beneficenza “UNIONE 1TALIANA”, no dia 31 de outubro de 1928.

Acrescentou um “s” ao nome, para que ficasse mais brasileiro, Gregoris. De muitos filhos, Eduardo, já casado, veio para Goiânia, onde Gastão Henrique, seu primogênito, residia há alguns anos.

Gastão Henrique, natural de Ribeirão Preto, casou-se com Augusta Soares, de Sacramento, Minas, e Henrique Emanuel era o segundo de quatro filhos.

Seu nome — homenagem ao bisavô e ao Benfeitor Emmanuel.

Seus irmãos — Márcia, Ângela e Eduardo.

Henrique, tanto quanto o pai, sonhava estudar Medicina, mas a realidade ou necessidade da vida os empurrou para a economia administrativa; onde eram excelentes cabeças.

O chefe do Henrique, Vasco G. Rosa, da Planitec Assessoria, me disse, uma vez, que acreditava que o filho, em matéria de economia, era ainda melhor do que o pai.

De igual forma pensa o seu primeiro chefe no Grupo Inca, Paulo Sérgio Peixoto, seu grande amigo; amizade que perdura com o passar dos anos. Paulo Sérgio, João Freixo e Henrique — os amigos inseparáveis.

Henrique, louco por cavalos, inscreveu-se em um páreo amador, e entre eles, um garoto de uns 12 anos, Colombo Filho, que o venceu no torneio.

Terminada a corrida, o comentário de Henrique:

— Veia, o cavalo disparou, era noite, e eu fui me apavorando com o abismo que formava ao redor de mim.

— E o Colombinho, que ganhou a corrida?

— Ah, Veia, e aquele menino tão novinho sabe lá o que é perigo? Por isso que ele ganhou a corrida!”


1 — “Estamos satisfeitos com a sua decisão de cooperar com o Lino, no Lar São Francisco.”: Trata-se do Sr. Aurelino Consort, Diretor do Lar São Francisco.


2 — “A nossa Mariquinha Veiga”: Cooperadora espiritual do Lar São Francisco.


3 — “A propósito de novidades, quero informar à nossa irmã Eurídice que o Paulo vai seguindo com melhoras apreciáveis.”: Paulo Lopes, que desencarnara recentemente em desastre aéreo, em Santa Helena de Goiás. Sua esposa, D. Eurfdice Lopes, presente na reunião, segundo D. Augustinha, alegrou-se, sobremaneira, com a notícia que surgiu de forma tão espontânea.


4 — “Nosso amigo Alvicto e nossa irmã Lélia”: Consultando o item 3 da Mensagem 1, acima, reafirmemos: a) que Alvicto Osoris Nogueira desencarnou a 22 de outubro de 1967, em consequência de um acidente automobilístico; b) que D. Lélia de Amorim Nogueira, sua esposa, acompanhava D. Augustinha naquela memorável reunião do Grupo Espírita da Prece.


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A fim de fechar com chave de ouro este extenso capítulo, pedimos vênia para transcrever duas delicadas peças literárias, de fino lavor, a primeira, que foi encontrada na carteira de Henrique, junto de seus documentos pessoais, já amarelecida e gasta pelo tempo, em trechos, e um bilhete em versos setissílabos dele — Henrique —, recebido pelo médium Xavier, em reunião pública do Grupo Espírita da Prece, na noite de 9 de julho de 1983.


Ei-las:

“(…)

GOSTAR DE VIVER não quer dizer apenas respirar, ter um coração batendo e o sangue correndo nas veias.

VIVER É SENTIR cada minuto e cada segundo, porque cada minuto e cada segundo é parte de nossa vida e a vida merece ser bem vivida.

VIVER É RECONHECER a si mesmo, é dirigir os próprios passos com a paz no coração.

VIVER É ENCONTRAR a felicidade nas coisas simples que fazem parte da nossa vida, um sorriso sincero, uma palavra de incentivo, um silêncio oportuno. Mas para isso é preciso gostar de viver, saber aproveitar todo momento na sua essência.

GOSTAR DE VIVER não quer dizer ser apenas otimista, fazendo de conta que tudo é maravilhoso.

GOSTAR DE VIVER não é brincar de contente achando que os outros são mais infelizes do que nós, não souberam encontrar o caminho certo.

GOSTAR DE VIVER é ter esperança no futuro que a gente está construindo e, principalmente, ter prazer em construir esse futuro.

GOSTAR DE VIVER é participar conscientemente da vida.

GOSTAR DE VIVER é reconhecer as próprias limitações é saber como lidar com elas, desenvolvendo os talentos, que a gente tem, sem fazer tragédia diante dos obstáculos, sejam eles grandes ou pequenos.

GOSTAR DE VIVER é lutar e vencer, ou, pelo menos, procurar vencer.

A VIDA É UM CAMINHAR constante. Sempre e só para a frente .Por isso o que se conta são os passos que a gente dá com os próprios pés. É claro que cada um pode e deve contar com o auxílio dos outros. E sempre haverá os que também esperam nossa colaboração. Isso é o que se chama ajuda mútua ou amor ao próximo. Porque viver e amar são quase a mesma coisa, pois ambos se constituem num dar e receber. Às vezes a gente encontra pessoas que se julgam enterradas vivas. Não sabem encontrar a alegria. Acham que não podem modificar o mundo que as rodeia a seu modo e então se acomodam a ele, colocando-se desta forma à margem da vida.

ESSAS PESSOAS SE ESQUECEM de que o erro está nelas mesmas. O que lhes falta é apenas um pouco de coragem para descobrir isso. Um pouco só, pois ninguém precisa de muito heroísmo para se entregar, de corpo e alma, à aventura de viver!”


HOMENAGEM À DONA AUGUSTA SOARES GREGORIS


À querida Dona Augusta,

Hoje não chamo por “Veia”

Pois em meu aniversário

Mamãe é a minha Teteia…


Márcia e Mário, vejam só

Nesta lembrança do Tim,

Com tantos versos brilhando,

Meu recado está no fim.

Henrique

Elias Barbosa


Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa, Espíritos Diversos, Enxugando Lágrimas, IDE, Araras (SP), 1ª edição — 1978, pp. 11-136.


Claramente Vivos, IDE, Araras (SP), 1ª edição — 1979, pp. 62-83.


Anuário Espírita 1979, IDE, Araras (SP), seção “Literatura & Espiritismo”, pp. 38-73.



Henrique
Francisco Cândido Xavier

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Mateus 25:40

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

mt 25:40
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

João 18:38

Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes. Não acho nele crime algum;

jo 18:38
Detalhes Capítulo Completo Perícope Completa

João 18:38

Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes. Não acho nele crime algum;

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