Vivendo Sempre
Versão para cópiaLuiza Biondi
MENSAGEM
Pedro, meu filho, Deus abençoe os seus passos.
Roguei a felicidade de me comunicar com o seu carinho e obtive o que considero graça de Deus.
Quem terá dito, meu filho, que as mães algum dia possam morrer? Creio que todas as criaturas de minha condição recordam raízes vigorosas na Terra, quando decepadas: por fora, as lâminas do mundo terão feito cortes profundos, no entanto, as raízes ocultas no chão reverdecem. Tornam-se árvores novamente, quem sabe, para embalar as aves que Deus lhes havia concedido em ninhos que também se refazem. Penso nisso, lembrando a minha separação.
Nem por um minuto julguei que a morte me houvesse aniquilado. Estava firme na fé e reconstituída em minha própria existência, a fim de acompanhar os meus filhos, fosse onde fosse.
Confesso a você que precisei habilitar-me para esta carta. Muitas vezes, avó e neta estudavam juntas; Flavinha, para expressar-se diante de você e de nossa querida Margarida e eu, com o fim de tentar a escrita e vestir os meus sentimentos, como se o lápis fosse agora uma agulha costurando o papel em que me manifesto.
Venho para agradecer. Se existe mãe feliz, creio que esse coração repleto de amor não será mais feliz do que eu mesma.
Agradeço, meu filho, as suas lembranças e as suas preces. As suas vibrações formando quadros de memória, em nosso lar de Tatuapé, me alcançam como sendo músicas de sentimentos.
É verdade, meu filho. Nossos dias mais belos não foram aqueles em que o nosso Nicola se realizava no trabalho e conseguia fazer o nosso reconforto, mas sim aqueles outros, em que as dificuldades nos davam ensejo para maior união.
Sei que você nunca se deixou levar por enganos acerca da prosperidade material.
Sinto as suas mãos procurando as de sua mãe para construírem o bem e compreendo que você e Margarida, com as meninas, encontraram no serviço ao próximo a alegria mais luminosa da vida.
É por isso que insisti. Quero que você saiba que prosseguimos juntos, que a nossa ligação espiritual é cada vez mais abençoada e mais bela.
Sei que, neste instante, você desejaria que os irmãos estivessem igualmente conosco. Não se encontram eles na presença física. No entanto, Pedro, eles se acham nos caminhos de que mais necessitam.
Tonia, Elza, Iolanda e nosso Cláudio estão conosco. E mais ainda: as queridas irmãs Josephina, Olga e Margarida se lembram e oram igualmente por nossa paz.
Você sabe, meu filho, nem sempre no mundo a criatura consegue todas as peças necessárias à construção da felicidade maior.
Estamos numa grande jornada em que cada coração palpita em estrada diversa. Mas nos achamos todos reunidos na lembrança e no amor.
Venho rogar a você continuidade de suas realizações. Prossigamos.
O nosso bem verdadeiro será fazer o bem que auxilie primeiramente aos outros.
Não precisa, meu filho, afligir-se quanto ao rumo do trabalho em que a Bondade de Jesus nos situou.
A beneficência inclui o pão para o corpo e a luz para a alma.
Quanto aos obstáculos do caminho, entreguemos a Deus os problemas que apareçam, sem ausentar-nos do serviço em que Deus nos instala.
Agradeço à nossa querida Margarida o que faz por auxiliar-nos. Uma esposa dedicada e compreensiva é riqueza do Céu no coração do homem.
Nossa querida Flavinha e minha mãe Clementina estão comigo. Flávia está em desenvolvimento iluminado de bênçãos. Trabalha e estuda, apoia-nos e auxilia-nos sempre.
O Além não é tão Lá como se pensa no mundo. O que há é continuação e vida em novas formas. Estamos aparentemente separados por faixas de vibração, como se as pessoas aí e aqui fossem ondas, cada qual em seu próprio domínio sem se misturarem.
Agradeço a todos os meus filhos pelas alegrias que me concedem e peço a Deus abençoe a todos.
Nicola e eu temos procurado seguir em suas tarefas e colaborar no serviço que você vai sustentando.
O que vale mais em quaisquer recursos é a nossa atitude situando esses mesmos recursos em função da paz e da felicidade do próximo.
Deus recompense a você, meu filho, por todas as bênçãos de que você me enriquece a vida, porque, conforme aquela prece de paz, é “dando que se recebe”.
Pedro, meu filho, agradeço ao nosso caro amigo Gonçalves as diretrizes que nos transmite. Nossa Alvina e eu somos duas mães reconfortadas na fé, sempre na certeza de que os dois estão trabalhando na seara do bem. Você sabe que o meu coração não viria trazer a você um simples louvor.
Desejo sinceramente oferecer-lhes a migalha que possuo para significar o meu reconhecimento pelo muito de amor que recebo.
Flavinha abraça a você. Nossas lembranças para as nossas queridas Margarida, Sandrinha e Ana Luiza.
Com o afeto e o agradecimento de nossos amigos junto de meu coração nesta noite, rogo a você, filho querido, receber toda a alegria e toda a gratidão que trago comigo, no carinho e no amor da mamãe que não os esquece.
COMENTÁRIOS
As emoções sentidas, preparadas com as surpresas do Além, premiam-nos com instantes de extrema felicidade. Revive os quadros do passado e lhe desfilam na memória os momentos bons e difíceis pelos quais habitualmente todos passamos. Destacamos de nossa irmã este expressivo trecho, constante da sua mensagem iluminada de nobres recordações:
“Nossos dias mais belos não foram aqueles em que o nosso Nicola se realizava no trabalho e conseguia fazer o nosso reconforto, mas sim aqueles outros em que as dificuldades nos davam ensejo para maior união.”
Aí está o valor da dificuldade unindo corações e aprimorando-os no trabalho.
Luiza Biondi, com simplicidade, define para o filho Pedro a certeza de sua presença:
“Flavinha, para expressar se diante de você e de nossa querida Margarida e eu, com o fim de tentar a escrita…”
PESSOAS E FATOS
Luiza Biondi.
Nascimento: 14.7.1905. Desencarnação: 21.2.1950.
Esposo: Nicola Biondi, desencarnado.
Filhos: Pedro Biondi. Av. Nações Unidas, 561 São Bernardo do Campo — SP. Antonieta, Elza, Yolanda e Cláudio Biondi, irmãos de Pedro.
Netas: Flavinha Biondi, desencarnada, Sandra e Ana Luiza.
Mãe: Clementina Didário.
Nora: Margarida Canzi Biondi.
Irmãs: Josephina, Olga e Margarida Didário.
Amigos: José Gonçalves, presidente da Casa Transitória de São Paulo. Alvina Gonçalves, mãe de José Gonçalves, desencarnada.
Este texto está incorreto?