Viveremos Sempre

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Capítulo VII
Ilustração tribal

Tereza Delfina Reverte


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Em viagem para Marília para tratamento médico, desfrutando da rica paisagem pela estrada que o radioso dia oferecia, estavam Dona Tereza Delfina Reverte e seu filho José Cláudio Garcia.

Na altura de Arapongas acontece o inevitável. José Cláudio em seu Chevette, colide com um pesado caminhão, chocando-se de frente.

Nos detalhes pode-se observar na lindíssima mensagem de Tereza Reverte que, apesar do pouco estudo, era muito inteligente, cuidava de todos os negócios da família. José Cláudio cursava a Escola Técnica.

Após o acontecido, Dona Dilma Lúcia Reverte Quinteiro, sua filha, relatora deste pequeno apontamento, passou a buscar consolo nos livros editados de mensagens psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier. Viajava mensalmente para Uberaba a fim obter uma mensagem de sua mãe pois achava ter a mesma chance de outras pessoas que lá obtiveram mensagens psicografadas de seus familiares e amigos.

Lamentavelmente, na maioria das vezes em que viajou, desencontrou-se do médium em Uberaba. Chico viajava muito por problemas de saúde.

Depois de 10 meses indo a Uberaba, conseguiu conversar com Chico Xavier e nesse primeiro contato recebeu a notícia de que a sua mãe estava amparada por um senhor de idade, estatura baixa, por nome de Diogo. Com esta notícia Dona Dilma começou a chorar e a tremer de emoção. Quando Chico lhe perguntou onde tinha sido o acidente, muito emocionada errou o nome da cidade dizendo ter sido em Londrina. Confusa ainda, retificou para Rolândia e em seguida ouviu da própria voz do Chico que sua mãe estava dizendo que o acidente havia sido ocorrido em Arapongas. Quase perdeu os sentidos. Foi convidada para que voltasse para a reunião evangélica da noite.

Assim foi feito.

Tereza Delfina Reverte comunica-se na reunião.

A mensagem foi para a família, remédio que curou a todos. Alegres ficaram por saber que a sua mãe e seu irmão estavam amparados. Vivos. Passou então a frequentar as reuniões espirituais.

Muito feliz ficou em poder participar com a mensagem de sua mãe em livro, porque para ela são de importância vital as mensagens publicadas. Entende o valor desses livros, principalmente nas cidades mais longínquas e interioranas.

Recomenda como aluna cristã, que hoje entende o que é a dor da perda de um ente querido, e aos que passam por essa provação, que tenham fé, paciência e resignação.

Aguardar, sempre aguardar com ternura nos corações, porque Deus não desampara a nenhum dos seus filhos.

Ela que não tinha nenhum conhecimento da Doutrina, agradece a Deus a oportunidade de ter conhecido Francisco Cândido Xavier, o amor em forma de pessoa.


MENSAGEM DE TEREZA DELFINA


Minha querida Dilma, Deus nos abençoe.

Sei que o seu carinho de filha urde naquela sede que também me senhoreia o pensamento, a sede de nosso intercâmbio.

Filha, agradeço o carinho que lhe trouxe a presença até aqui.

É verdade. As nossas notícias do nosso querido José Cláudio e minhas, são perfeitamente avaliáveis por vocês.

O choque das máquinas foi violento. Vínhamos pela estrada afora admirando o verde das margens, na estrada que o carro seguia com os melhores movimentos.

Seu irmão, sempre atencioso, me convidava a atenção para ver as flores e o céu, no entanto, a movimentação nos arredores de Engenheiro Beltrão passou a ser muito ativa.

Tudo foi um mínimo de tempo. Não sei se os freios ficaram desobedientes. O que percebi é que o nosso veículo não tinha mais tempo para se distanciar da máquina pesada que nos colheu. Foi um tremendo conflito provocando atenção. De início me senti quebrada em todas as forças de meu corpo, mas você sabe que o instinto de mãe não hesita perante um filho necessitado. Quis abeirar-me do filho ali perto, necessitado de minha assistência, mas onde os recursos para mobilizar as mãos paradas e a boca imóvel?

Apenas meus olhos ainda viviam. Busquei cerrá-los para entregar-me à oração e ainda encontrei energias para isso. Pedi a Deus nos socorresse, já que estávamos à frente do inevitável. Uma sensação de tristeza misturada de esperança me comandava os sentimentos. Repeti em pensamento todas as preces de que a memória ainda conseguia mentalizar e dormi, refletindo na extensão do acidente em casa.

Diogo, você e seus irmãos estavam em minhas lembranças que mergulhavam na inconsciência à maneira de barcos se afundando em águas profundas e, adormeci, pedindo a Deus nos valesse e nos acudisse da melhor forma possível.

A projetada viagem para Marília se interrompera de vez, porque reconheci que seu irmão não conseguiria sobreviver. A minha luta para a rendição aos Desígnios de Deus não foi pequena. Depois veio o esquecimento.

Mãos benditas transportaram a mim e a meu filho para um recanto de paz, em que o repouso cobria as minhas inquietações. Tive o conforto de receber o carinho da mãezinha Custódia e encontrei um amigo em meu sogro, que se me revelou à feição de um pai cuidadoso e amigo.

Você compreende, o nosso querido José Cláudio não conseguiria escapar a uma recaída nos distúrbios mentais que atravessara e foi internado em Instituto adequado ao tratamento de que necessitava.

Posso vê-lo e visitá-lo, no entanto, não posso apagar de vez as aflições maternas que ainda me invadem o coração.

Filha querida, compreenderá você que sua mãe não a esqueceu, entenderá que as suas preces são estrelas que brilham em meu caminho, mas, que mãe do mundo deixará sozinho o filho sofredor, transplantado compulsivamente para outra moradia de tratamento?

Você e seus irmãos me perdoarão se eu disser que tudo aconteceu da melhor maneira.

Se o nosso querido José Cláudio teria de vir para cá num acidente incontrolável, não foi melhor estivesse ele comigo?

Sinto saudade de vocês todos, amores de minha alma; entretanto, ao vê-lo assustado e novamente neurotizado, reconheço que o meu lugar é aqui onde a bondade de Deus me localizou para assisti-lo. Graças a Deus, vejo você e o nosso prezado Quinteiro felizes e seus irmãos preparando o futuro, e penso que se sentirão confortados ao saber que a mãezinha Tereza está junto do filho que lhe nasceu do coração e do ventre, ao modo de uma flor doente que a Divina Providência me confiou para abençoar e tratar, enquanto isso for necessário.

Peço a você compreender que o segundo casamento de seu pai era uma necessidade que não podíamos desconsiderar. O meu sogro me fez ver que o nosso Diogo não devia estar só, e auxiliou para que a nora viúva me tomasse o lugar em casa. Compreendi suas dificuldades e que isso era justo e indispensável. Creio deva ser muito triste para qualquer esposa desencarnada, observar o esposo descontrolado e sem direção e, por isso, louvo ao nosso Pai Celestial por reconhecer a nossa Maria auxiliando a mim, doando a seu pai a assistência que não mais a ele posso dispensar.

Filha querida, você é a filha de meu coração, na forma de mulher que me consegue compreender, continue ofertando ao papai Diogo tudo de bom que você puder e faça esperança e otimismo em nossa casa.

Não se lastime, nem se sinta esquecida por Deus por haver perdido a minha presença no mundo físico. Isso é apenas impressão.

Quando as suas orações e lembranças se encontram com as minhas, ambas conversamos, como sempre, e trocamos as nossas ideias com fé em Deus. Um dia, que desejo esteja muito distante, pois desejo a você uma existência tão longa quanto possível, encontrar-nos-emos de novo para a continuidade de nossa vivência em comum. A saudade para mim é um caminho de volta ao passado que percorro, sentindo-a de novo em meu colo, a fim de falarmos das coisas de Deus. Bendita seja essa saudade que se nos faz ligação permanente.

Encoraja o papai nas tarefas da vida, não admita que ele se afogue em amarguras desnecessárias e agradeça a ele por mim, por não haver incomodado a ninguém, abstendo-se de processos contra o motorista, que não teve culpa de nossa máquina se haver derivado para incomodar-lhe o caminho direito.

Graças a Deus, o nosso Diogo ouviu as minhas petições, porquanto nas horas de sono, várias vezes, pedi a ele não nos fizesse incompreensivos e ingratos.

Dilma querida, aí estão as nossas notícias.

Perdoe-me se chorei ao escrevê-las, sou mãe e você não desconhece que as mães trazem sempre o coração derretido no calor do sofrimento, embora esse sofrimento seja emoldurado pela fé viva em Deus.

Abrace a todos os nossos por mim e receba muitos beijos da mamãe, sempre a sua mamãe


Tereza

ESCLARECIMENTOS


Tereza Delfina Reverte — Nascimento: 12 de outubro de 1932. Desencarnação: 28 de março de 1983. Idade 51 anos.

Esposo: Diogo Garcia Villar Reverte — Av. Castro Alves, 778. Barbosa Ferraz, Paraná.

Filhos — José Cláudio Garcia, desencarnado juntamente com a sua mãe no acidente. Dilma Lúcia Reverte Quinteiro.

Mãe — Custódia Delfina Teodoro, desencarnada em São Paulo em 03.03.1983.

Sogro — Diogo Garcia Villar, desencarnado em Maringá em 28.11.1972.

Genro — Antônio Quinteiro.

2ª esposa do ex-marido — Maria Aparecida Fernandes.


Rubens S. Germinhasi


Tereza
Francisco Cândido Xavier

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