Volta Bocage
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Soneto 3
(Psicografado em 27/11/1946)
Sonhava o pobre Elmano, ao sol da graça, Aventuras sem-fim que Amor nutria, Louco, vivendo ingrata fantasia, Da velha China às margens do Regaça. Infortunado vate! Mal sabia Que o langotim da carne brilha e passa! E, cego de prazeres, pôs-se à caça Das mentiras cruéis que Amor trazia. Que vale o bojo lúcido e encantado De embarcação sem praias, onde aporte, Brigue de ouro no abismo encapelado?! Assim colhi do mundo amarga sorte, Quando desfez o Tempo duro fado, Devolvendo-me o sonho ao gral da Morte! |
Adverte-nos contra os prazeres sensuais, emanados do instinto da carne efêmera e que a nada conduzem, qual embarcação dourada, exposta ao mar proceloso e sem porto de destino. A tempestade, na vida humana, são as paixões desenfreadas, que só fazem perturbar e afligir o Espírito; só ao desencarnar, compreende este o mal que lhe trouxeram tais gozos.
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