Vozes do Grande Além
Versão para cópiaEsclarecimento
Na parte final de nossas tarefas da noite de 14 de setembro de 1955, foi nosso benfeitor André Luiz quem se valeu do horário das instruções para estimular-nos ao estudo com o seu verbo amigo e sábio.
Com a franqueza e a simplicidade que lhe são peculiares, deixou-nos o precioso esclarecimento, apresentado linhas abaixo.
Quando alinhamos nossas despretensiosas anotações acerca de “Nosso Lar”, relacionando a nossa alegria diante da Vida Superior, muitos companheiros inquiriram espantados: — “Afinal, o que vem a ser isso? Os desencarnados olvidam assim a paragem de que procedem? Se as almas, em se materializando na Terra, chegam do mundo espiritual, por que as exclamações excessivas de júbilo quando para lá regressam, como se fossem estrangeiros ou filhos adotivos de nova pátria?”
O assunto, simples embora, exige reflexão.
E é necessário raciocinar dentro dele, não em termos de vida exterior, mas de vida íntima.
Cada criatura atravessa o portal do túmulo ou transpõe o limiar do berço, levando consigo a visão conceptual do Universo que lhe é própria.
Almas existem que varam dezenas de reencarnações sem a menor notícia da Espiritualidade Superior, em cuja claridade permanecem como que hibernadas, na condição de múmias vivas, já que não dispõem de recursos mentais para o registro de impressões que não sejam puramente de ordem física.
Assemelham-se, de alguma sorte, aos nossos selvagens, que, trazidos aos grandes espetáculos da ópera lírica, suspiram contrafeitos pela volta ao batuque.
E muitos de nós, como tantos outros, em seguida a romagens infelizes ou semicorretas, tornamos do mundo às Esferas espirituais compatíveis com a nossa evolução deficiente, e, além desses lugares de purgação e reajuste, habitualmente somos conduzidos por nossos 1nstrutores e Benfeitores para ensaios de sublimação a círculos mais nobres e mais elevados, nos quais nem sempre nos mantemos com o equilíbrio desejável, já que nos achamos saudosos de contato mais positivo com as experiências terrestres.
Agimos, então, como alunos inadaptados de Universidade venerável, cuja disciplina nos desagrada, por guardarmos o pensamento na retaguarda distante, ansiosos de comunhão com o ambiente doméstico, em razão do espírito gregário que ainda prevalece em nosso modo de ser.
Como é fácil observar, raras Inteligências descem, efetivamente, das esferas divinas para se reencarnarem na esfera física.
Todos alcançamos as estações do berço e do túmulo, condicionando nossas percepções do mundo externo aos valores mentais que já estabelecemos para nós mesmos, porque todos nos ajustamos, bilhões de encarnados e desencarnados, a diferentes faixas vibratórias de matéria, guardando, embora, o Planeta como nosso centro evolutivo, no trabalho comum.
Desse modo, a mais singela conquista interior corresponde para a nossa alma a horizontes novos, tanto mais amplos e mais belos, quanto mais bela e mais ampla se faça a nossa visão espiritual.
Construamos, pois, o nosso paraíso por dentro. Lembremo-nos de que os grandes culpados que edificaram o inferno, em que se debatem, respiram o ambiente da Terra — da Terra que é um santuário do Senhor, evolutindo em pleno Céu.
Nosso ligeiro apontamento em torno do assunto destina-se, desse modo, igualmente a reconhecermos, mais uma vez, o acerto e a propriedade da palavra de Nosso Divino Mestre, quando nos afirmou, convincente: — “O reino de Deus está dentro de nós.” (Lc
ANDRÉ LUIZ — Pseudônimo de um médico brasileiro. Autor de vários livros de Espiritismo Cristão.
“Nosso Lar” — de autoria do Espírito André Luiz, edição da Federação Espírita Brasileira.
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Lucas 17:21
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.
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