Vozes do Grande Além
Versão para cópiaCaridade na boca
Reunião da noite de 19 de abril de 1956.
O encerramento de nossas tarefas trouxe-nos a presença do amigo José Xavier, que, com a sua maneira peculiar de dizer, pronunciou a interessante alocução poética que vamos ler.
Amigos, embora seja A minha frase mal posta, Recordemos a palavra De Pedro da Rocha Costa. Inda agora o nosso Ênio Releu com toda a atenção O ensinamento do Mestre, Referente à compaixão. Contra a guerra persistente Da maldade estranha e louca, Adotemos a campanha Da caridade na boca. O Espiritismo é doutrina De bênçãos do amor cristão, Que nos pede cada dia Mais ampla renovação. Renovação, entretanto, Quer dizer em toda idade Constante esforço no bem, Perdão e boa vontade. Mas muitos de nós mantemos O vício gritante e feio De comentar com volúpia Os infortúnios alheios. Onde a desculpa escasseia, De luz a paz morre à míngua. Usemos, pois, com cuidado A força de nossa língua. “Palavras o vento leva” — Exclama velho rifão. Mas há palavras que esmagam A vida do coração. Ditamos afirmativas, Em tom carinhoso e ameno, Que valem por temporais De lodo, lama e veneno. De outras vezes, nosso verbo Parece robusto e forte, Mas reduz-se a sabre firme, Abrindo chagas de morte. Há línguas de acento nobre Em que a eloquência não falha, Que vergastam como açoite E cortam mais que navalha. Há muita boca elegante, Aveludada de arminho, Que cospe na caminhada Corda e pedra, fogo e espinho. É que na Terra esquecemos, Na sombra de nosso trato, Que, além da morte, encontramos O nosso próprio retrato. Caridade!… Caridade!… Quanta fala escura e inversa!. Quem deseja auxiliar Principia na conversa. Não olvidemos na vida, Na sede de luz total, Que a boca maledicente É uma oficina infernal. Toda frase escura e torpe, De que o torvo mal se ceva, É uma força vigorosa Que estende o poder da treva. Quanto ao mais, Deus nos ajude A guardar a Lei de cor, Procurando em Jesus-Cristo A nossa vida maior. E, ao despedir-me, repito Para o que der e vier: Guardai convosco a amizade Do irmão José Xavier. |
JOSÉ XAVIER — Devotado companheiro da Seara Espírita, no Centro Espírita “Luiz Gonzaga”, em Pedro Leopoldo, desencarnado em 1939.
De Pedro da Rocha Costa — Refere-se nosso amigo ao comunicante da reunião precedente. [v. “”]
Nosso Ênio — Reporta-se o companheiro ao nosso amigo Ennio Santos, da equipe do Grupo Meimei, que, no início das tarefas, havia lido um trecho do Evangelho, acerca do perdão.
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