Luz no Caminho

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Capítulo IV

Página de Emmanuel


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Meus amigos, noutro tempo os discípulos, a pretexto de guardarem fidelidade ao Mestre Divino, refugiavam-se à distância da luta, repartindo as graças do tempo, entre a oração e o claustro, na expectativa de purificação.

Todavia, o Companheiro dos sofredores amou a multidão, até à cruz, não obstante os caprichos que a inclinam, muita vez, para o desfiladeiro das sombras.

Não nos será lícito esquecer que Jesus multiplicou os pães, considerando a fome daqueles que o seguiam, tocado de íntima compaixão.

Nunca se afastou dos enfermos e dos tristes, dos paralíticos e dos loucos, dos cegos e dos leprosos, nem menosprezou os Zaqueus da fortuna material, os publicanos de vida menos digna e as mulheres enganadas no torvelinho das paixões.

Deu-se a todos. Espalhou a bondade sem acepção de pessoas.

Abraçou desvalidos e pobres. Socorreu crianças sem lar.

E, partindo da Manjedoura, cercado de gente humilde e simples, atingiu o Calvário rodeado de cultos e incultos, de justos e pecadores, de bons e maus, como a dizer que o seu apostolado jamais estaria circunscrito às paredes frias dos templos de pedra, mas sim que se derramaria, por bendita luz, sobre todos os corações, santuários vivos nas almas, através das quais o Reino do Céu pudesse estender-se pela Terra inteira.

Em razão disso, seja o Espiritismo para nós a Nova Mensagem do Amigo Celestial e ao invés de buscá-lo na solidão dos que receiam a experiência, valorizando o pecado pela deserção diante da luta, convertamo-nos em colunas do serviço incessante ao próximo, abrindo as douradas portas do espírito à profunda compreensão que nos tornará melhores, mais sábios e mais humanos, na construção da Terra regenerada.

A ideia renovadora de que a Doutrina Sublime nos reveste é a da redenção pela fraternidade pura.

Não bastará, portanto, crer na sobrevivência do homem. É indispensável clarear o porvir, antecipando edificações iluminadas para o amanhã de nossas almas eternas.

Não basta sentir simplesmente a bênção da Verdade Soberana. É imprescindível dilatá-la ao círculo de nossos semelhantes, através do bem que concretize a divina palavra de que somos portadores.

Espiritistas cristãos, nossos ouvidos não registrarão a harmonia celeste sem que, nas planícies e nos vales do mundo obscuro da carne assinalemos, na acústica de nosso ser a santificadora música do “amemo-nos uns aos outros” (Jo 13:34) quanto o Divino Mestre nos amou, efetuando a doação de nós mesmos à sublimação da vida.

Ontem, a soledade para confiar no Senhor. Hoje, a luta edificante para servi-lo.

Antigamente, a fuga do sofrimento educativo com receio do mal. Agora, porém, é a nossa adesão profunda à restauração da paz e da felicidade na Terra, enfrentando a luta e aceitando-lhe os desafios, ainda que para isso tenhamos de sangrar o próprio coração.

Nosso esquema é simples e claro. O Evangelho nos ressuscitará para o futuro sublime ou seremos relegados para traz, aos escuros despenhadeiros em que já transitamos.

Jesus, porém, é o nosso Pastor. Ouçamos a sua voz, trilhemos os seus caminhos, sigamos avante e cantaremos, igualmente, no dia de vitória da Jerusalém libertada. (Ap 21:1)




Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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