Há Flores no Caminho
Versão para cópiaAmanhecer da ressurreição
As horas transcorriam pesadas e lentas entre as sombras das saudades.
Não obstante fossem dias de luz, apagaram-se as claridades da esperança e os júbilos murcharam nos corações oprimidos pelas dores superlativas.
As sombras que mantinham os discípulos em amargura, defluíam do remorso, da mágoa, da dor ante o espetáculo inesperado, que culminara na tragédia do Gólgota.
Vencidos aqueles momentos rudes, atordoantes, insinuaram-se-lhes e neles se agasalharam as angústias e os arrependimentos. . .
Subitamente perceberam imensa, a falta impreenchível que o Mestre lhes deixara nos sentimentos.
Assustados, na simplicidade de que eram portadores, homens de condição humilde deixaram-se ali ficar, alguns na residência da família Marcos, outros na Betânia e os demais em casas amigas, atemorizados.
Não saberiam dizer por que permaneceram em Jerusalém.
O ideal teria sido o retorno aos velhos sítios e às suas lembranças, aos lugares onde foram felizes com Ele.
Jerusalém era a cidade de todas as amarguras: da traição, do medo, das negativas, no entanto um estranho sortilégio mantinha-os ali, como que aguardando não sabiam o quê.
O Mestre falara que volveria três dias depois de morto.
Eles criam, mas já não sabiam em que acreditar.
O medo é algoz impenitente, que oblitera a razão e anula a claridade mental.
O remorso é vérmina que vence cruelmente por dentro a consciência culpada e esses terríveis adversários maltratavam-nos sem trégua.
A paisagem de horror da tarde ensombrada, em que Ele fora sacrificado, não lhes saía da mente.
Macerado, em abandono pelos melhores amigos, Ele não se defendera, não se queixara e permanecera estoico até o fim.
Agora, que O recordavam, percebiam a dimensão da ingratidão de que deram mostras.
São lentas as horas da aflição e do arrependimento, quanto são rápidos os minutos da alegria.
A cidade se apresentava tensa.
As conversas eram rumores e as consciências eram cavernas onde se homiziaram a covardia e os receios injustificáveis.
Anás e Caifás, Pilatos e Herodes sentiam o ar pesado, após a consumação do crime organizado.
Jerusalém jamais olvidaria aqueles dias e dificilmente se recuperaria deles. . .
Na alva do primeiro dia da semana entrante, Maria de Magdala, Joana de Cusa e Maria de Cleófas resolveram levar bálsamo e óleos à Sua sepultura. (Mateus
Atravessaram o Jardim das Oliveiras, enquanto a face luminosa da manhã suavemente vencia a noite demorada, desceram o vale e galgaram a encosta dos muros da cidade velha e os contornaram até defrontarem o Monte da Caveira.
A visão do local do sacrifício chocou-as.
O vento frio da madrugada levantava-lhes os véus e desnastrava os cabelos. . .
Os corações perderam o ritmo, face à dor e ante as expectativas do que ocorreria.
Temiam e ansiavam.
Experimentavam uma sensação especial e receavam, avançando, porém.
Prosseguindo firmes, contornando as muralhas altaneiras, chegaram ao sepulcro novo, que José de Arimateia oferecera para que Ele ali fosse inumado.
Ao adentrarem-se na antessala da caverna feita para as despedidas, viram um ser angélico que as informou da ocorrência. Na parte inferior da sepultura estavam os panos que O cingiram e vazia a cova silenciosa.
Susto e angústia dominaram-nas naquele momento grave.
Maria de Magdala, saindo, a chorar, interrogou o jardineiro que cuidava das rosas silvestres e do local:
— Para onde O levaram?
Ele voltou-se. Todo em luz, tangível e vivo, o Mestre sorriu:
— Rabboni! (Mestrezinho!)
— Maria! Ainda não fui a meu Pai. Avisa aos companheiros para que sigam à Galileia onde os encontrarei.
Toda a orquestração da felicidade modulava aos seus ouvidos a música dos júbilos, trazida de longe Esfera.
As duas outras mulheres desceram na direção da cidade e cientificaram a Pedro e a João que se apressaram em testemunhar o acontecido.
Ofegantes, chegaram ao túmulo e o defrontaram sem os guardas, a pedra de entrada rolada e a cobertura afastada.
Os panos ao abandono e o lenço que Lhe cingira a cabeça estava dobrado cuidadosamente, parecendo manter as vibrações da Sua face. . . Olhos nos olhos, sorrisos em cânticos e a confirmação do triunfo após a morte, os dois discípulos exultaram com o peito túmido de emoções superlativas.
A ressurreição incontestável era o selo da Sua legitimidade, após as lutas que o túmulo não encerrara.
Ressurreição e vida numa sinonímia profunda.
As esperanças consolidaram-se.
O medo cedeu ao desejo do sacrifício.
Seu aparecimento, reiteradas vezes, arrancando os amigos das algemas humanas das próprias fraquezas, era o prólogo da realização de cada discípulo que, então, sairia em testemunho da verdade, fixando na memória dos séculos a grandeza do Mestre.
Sem temerem a morte, nem os suplícios, eles se multiplicariam pelo mundo como pólen bendito, reverdecendo a terra árida dos corações.
Hoje, quando os rumores de calamidades se transformam em triste realidade, a evocação da vitória da vida sobre a morte e a mensagem da ressurreição faz-se vida, os discípulos do Evangelho restaurado tornam-se os mensageiros intimoratos da esperança, em nome da fé sem jaça.
Almas do mundo em aturdimento!
Parai na faina alucinada, na correria desenfreada e escutai a voz do Mestre, repetindo as Bem-aventuranças!
No clímax de todos os conflitos, ouvi-Lhe as promessas e parai a meditar.
Se, todavia, parecer-vos tarde demais para estancar o passo ou retroceder na marcha, confiai, porque mesmo morrendo, ressuscitareis para a vida eterna.
Já não há morte.
O Espírito libertou da carne a vida e sem a matéria prossegue sem cessar. (nota) Embora divergindo das anotações dos Evangelistas, preferimos dar um sabor e dados especiais à narrativa.
Vide em "Primícias do Reino", de nossa autoria, o Capítulo "A rediviva de Magdala".
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Mateus 28:1
E, NO fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena, e a outra Maria foram ver o sepulcro;
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Mateus 28:2
E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra, e sentou-se sobre ela.
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Mateus 28:3
E o seu aspecto era como um relâmpago, e o seu vestido branco como neve.
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Mateus 28:4
E os guardas, com medo dele, ficaram muito assombrados, e como mortos.
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Mateus 28:5
Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado.
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Mateus 28:6
Ele não está aqui, porque já ressuscitou, como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia.
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Mateus 28:7
Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito.
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Mateus 28:8
E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos.
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Mateus 28:9
E, indo elas, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram.
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Mateus 28:10
Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão a Galileia, e lá me verão.
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Marcos 16:1
E, PASSADO o sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
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Marcos 16:2
E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol;
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Marcos 16:3
E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
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Marcos 16:4
E, olhando, viram que já a pedra estava revolvida; e era ela muito grande.
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Marcos 16:5
E, entrando no sepulcro, viram um mancebo assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca; e ficaram espantadas.
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Marcos 16:6
Porém ele disse-lhes: Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui; eis aqui o lugar onde o puseram.
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Marcos 16:7
Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos disse.
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Marcos 16:8
E, saindo elas apressadamente, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de temor e assombro; e nada diziam a ninguém, porque temiam.
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Marcos 16:9
E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
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Marcos 16:10
E, partindo ela, anunciou-o aqueles que tinham estado com ele, os quais estavam tristes, e chorando.
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Marcos 16:11
E, ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
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Lucas 24:10
E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago, e as outras que com elas estavam, as que diziam estas coisas aos apóstolos.
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Lucas 24:11
E as suas palavras lhes pareciam como desvario, e não as creram.
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Lucas 24:12
Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro, e, abaixando-se, viu só os lenços ali postos; e retirou-se admirando consigo aquele caso.
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