Pelos Caminhos de Jesus
Versão para cópiaA GRADE LUZ
A Galileia era o lugar ideal.
Região feliz e verde, suas gentes simples confiavam de coração.
Vivendo das gentilezas da terra e da fartura piscosa do seu mar, era rica de ternura e de ingenuidade.
O processo da cultura vã ainda não lhe chegara, não lhe pervertera os hábitos, despertando os apetites, as paixões amesquinhantes.
O mar, que é um lago de água doce, medindo doze milhas e meia de comprimento e sete milhas e meia de largura, no seu espaço mais aberto, parece uma turquesa imensa encravada nas montanhas, a refletir o céu.
Suas praias eram salpicadas de povoados e lugares alegres, onde viviam os puros de sentimentos, confiando nas bênçãos de Deus.
Foi essa a região que Ele escolheu para o Seu ministério, conforme acentua Mateus:
—"Depois, começou a percorrer toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, proclamando a Boa-nova do Reino, e curando entre o povo todas as doenças e enfermidades. "A Sua fama estendeu-se por toda a Síria e traziam-Lhe todos os que sofriam de qualquer mal, os que padeciam de dores e de tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos, e Ele a todos curava. "Seguiram-No grandes multidões, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e de além do Jordão. (Mateus
Sempre presente no organismo social de todas as épocas, é parte integrante da vida do homem, fenômeno biológico de desgaste emocional de reajustamento, impositivo de evolução.
Quando o amor se recusa à realização do progresso, a dor propele à sua conquista.
Variando de dimensão na escala das necessidades, ninguém há que a não experimente ou que a desconheça.
Não será de estranhar que as criaturas, diante de qualquer indivíduo que as convoque a uma mudança de comportamento e lhes fale da imperiosa busca de Deus, não apresentem as mazelas e aflições, a fim de se sentirem menos sobrecarregadas, portanto, mais predispostas a ouvirem a mensagem.
O estômago esfaimado dificulta a atenção de outro assunto, que não seja o pão, e impede o raciocínio.
A enfermidade, que enfraquece as resistências físicas e morais, não permite o discernimento que esclarece e guia com segurança.
Diante de Jesus, os homens tornavam-se crianças e despiam-se dos atavismos, apresentando-Lhe as fraquezas e rogando-Lhe apoio.
Ele passeava a Sua misericórdia sobre as humanas tristezas e espalhava alegrias... e responsabilidades...
Somente poucos, porém, entendiam-No, o que é lamentável.
O contato com Ele deveria mudar os rumos das vidas. Nem todos, porém, que O buscavam, após os benefícios recebidos, seguiam-No.
Desatentos e ansiosos iam além, para retornarem ao Seu inefável amor, nos amanheceres do futuro, em outras reencarnações, saudosos da Sua presença e amargurados por havê-Lo deixado.
Deambulam hoje, melancólicos e lutadores, muitos daqueles que O viram e foram socorridos, que estão de volta, falando sobre Ele, e buscando arrancá-Lo da memória longínqua para os momentos presentes...
Quem conheceu Jesus, jamais O olvidará e d’Ele não mais se libertará...
Não importa o tempo que passe.
Impregnado pelo Seu amor, retornará à Sua presença como o rio coleante entre as anfractuosidades do terreno, buscando o mar do qual se separou...
Não obstante, ingênuos, os galileus pensavam nas questões imediatistas: a faina do dia, o aconchego do lar, o repouso, a devoção religiosa no sábado... Não aspiravam a mais altos e amplos ideais, pois que não os necessitavam.
O pão, o vestuário, a família, a fé — eis as necessidades reais, prementes.
O verbo divino despertava-os para a Vida, a conquista do país interior, o futuro eterno.
Ante a Sua presença alterava-se a paisagem dos sentimentos, e penetrante música dominava-lhes a pauta do coração e a partitura da mente aberta aos sons sublimes.
— O pão — refere-se Ele aos ouvintes curiosos, atentos — desgasta-se e a fome retorna... mas o alimento da alma, que é o conhecimento da verdade, nutre-a para sempre.
A verdade, porém, o que é para aquele povo, que não aspira às grandes conquistas e se basta com o que tem e conforme vive?
Indiferente às tricas farisaicas, teme mais aos sacerdotes do que os ama e respeita.
Os puros de coração alienam-se dos dominadores pelo temor, embora estejam próximos pela servidão, que mais os afasta deles...
— A verdade — explica o Mensageiro de Deus — são o conhecimento de si mesmo, a autoafirmação no Bem, a transformação pessoal para melhor, com incessante esforço de superação das imperfeições, a busca de vida eterna, a saúde integral...
Eles entendem, porque isto é lógico. Porém, estão enfermos, trazem os seus doentes, a fim de constatarem a legitimidade do Embaixador.
As Suas credenciais devem ser apresentadas, a fim de que seja aceito na condição em que se faz conhecer.
Jesus, então, cura as enfermidades, fortalece as debilidades orgânicas, restaura o otimismo, compartilha do festival das dores humanas, levando todos a estados majestosos, altissonantes, de ventura.
A variedade de injunções dolorosas é surpreendente.
O homem, herdeiro dos seus feitos passados, apresenta-se com a ceifa refletida na aparência e na conduta.
O Mestre o sabe e seleciona aqueles que devem ser reabilitados, enquanto outros necessitam de seguir em mais demorada recuperação.
Na azáfama dos labores de reequilíbrio das massas, aparecem os lunáticos, que a esquizofrenia ensandece e os endemoninhados, que a obsessão subjuga.
O desconcerto mental de ambos é, aparentemente, igual;
todavia, a gênese e a manifestação do desequilíbrio são diferentes.
No primeiro caso, o próprio Espírito arruinou os equipamentos mentais. No seguinte, a interferência de outra mente desestruturou a linha da razão e do comportamento.
A consciência culpada, que fugiu à Justiça, insculpe em si mesma os tormentos de que precisa para o ressarcimento da dívida.
A consciência em débito cede o seu campo ao cobrador inclemente que lhe cerceia a área do raciocínio.
Jesus conhece os autoflagelados e identifica os perseguidos.
A estes e àqueles, porém, desembaraça do cipoal da perturbação, pedindo-lhes que se reabilitem e não voltem a comprometer-se. E imperioso que seja seguida a recomendação, a fim de que não venham a tropeçar em problemas maiores, emaranhando-se em dificuldades mais graves e danosas.
E aos inclementes perseguidores concede, também, a liberação, facultando que sejam afastados e cresçam no amor, no perdão, evoluindo no rumo do próprio e do bem geral.
As multidões chegam de toda parte, para ouvi—Lo e beneficia-se.
A Grande Luz está no mundo, e durante aqueles dias não haverá escuridão.
Sua claridade impregna os homens, as paisagens onde brilha e fulgirá através dos tempos, no rumo do futuro e da Humanidade de amanhã.
Buscaram-na ontem as multidões aflitas e disputam-na hoje as culturas e civilizações enlouquecidas, seguindo o atavismo dos benefícios externos, sem a real preocupação de colocá-la no mundo íntimo, a fim de que nunca mais haja trevas.
Por um pouco mais, ainda será assim.
Quando realmente estiver cansado, o homem abrir-Lhe-á a vida e Jesus o tomará em definitivo, auxiliando-o na liberação total. Já então não haverá problemas, nem sofrimentos e somente júbilos e paz.
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Mateus 4:23
E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o Evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo.
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Mateus 4:24
E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava.
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Mateus 4:25
E seguia-o uma grande multidão da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judeia, e dalém do Jordão.
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