Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1858
Versão para cópiaCapítulo LXXIX
Setembro - Observações sobre o desenho da casa de Mozart
Setembro
Temas Relacionados:
Um dos nossos assinantes escreveu as linhas seguintes, a respeito do desenho que publicamos no último número.
“Diz o autor do artigo: A clave de sol é ali repetida com frequência e ─ coisa original ─ nunca a clave de fá”. Parece que os olhos do médium não viram todos os detalhes do rico desenho executado por sua mão, pois um músico nos assegura que é fácil reconhecer, direta e invertida, a clave de fá na ornamentação da base do edifício, no meio da qual mergulha o talão do arco do violino, assim como no prolongamento dessa ornamentação, à esquerda da ponta da tiorba. Na opinião do mesmo músico, a forma antiga da clave de dó aparece também nas lajes próximas à escadaria da direita.”
OBSERVAÇÃO: Inserimos esta observação com tanto maior satisfação quanto mais ela prova até que ponto o pensamento do médium ficou alheio à confecção do desenho. Examinando os detalhes das partes indicadas, reconhecem-se, efetivamente, as claves de fá e de dó, com as quais o autor ornou inadvertidamente o seu desenho. Quando o vemos trabalhando percebemos facilmente a ausência de qualquer concepção premeditada e de qualquer vontade. Sua mão, arrastada por uma força oculta, dá ao lápis ou ao buril o mais irregular movimento e, ao mesmo tempo, o mais contrário aos elementares preceitos da arte, pois vai incessantemente, com uma rapidez incrível, de um extremo ao outro da prancha, sem interrupção e volta cem vezes ao mesmo ponto. Todas as partes são assim começadas e simultaneamente continuadas, sem que qualquer delas fique completa antes que se inicie outra. Disso resulta, à primeira vista, um conjunto incoerente, cujo fim só é compreensível quando tudo está acabado. Esse andamento original não é peculiar do Sr. Sardou. Vimos todos os médiuns desenhistas procedendo do mesmo modo. Conhecemos uma senhora, pintora de mérito e professora de desenho, que também possui essa faculdade. Quando ela desenha como médium, opera, malgrado seu, contra as regras e por um processo que seria impossível seguir quando trabalha sob sua própria inspiração e em estado normal. Seus alunos, dizia ela, ririam se lhes ensinasse a desenhar à maneira dos Espíritos.
ALLAN KARDEC[1]
“Diz o autor do artigo: A clave de sol é ali repetida com frequência e ─ coisa original ─ nunca a clave de fá”. Parece que os olhos do médium não viram todos os detalhes do rico desenho executado por sua mão, pois um músico nos assegura que é fácil reconhecer, direta e invertida, a clave de fá na ornamentação da base do edifício, no meio da qual mergulha o talão do arco do violino, assim como no prolongamento dessa ornamentação, à esquerda da ponta da tiorba. Na opinião do mesmo músico, a forma antiga da clave de dó aparece também nas lajes próximas à escadaria da direita.”
OBSERVAÇÃO: Inserimos esta observação com tanto maior satisfação quanto mais ela prova até que ponto o pensamento do médium ficou alheio à confecção do desenho. Examinando os detalhes das partes indicadas, reconhecem-se, efetivamente, as claves de fá e de dó, com as quais o autor ornou inadvertidamente o seu desenho. Quando o vemos trabalhando percebemos facilmente a ausência de qualquer concepção premeditada e de qualquer vontade. Sua mão, arrastada por uma força oculta, dá ao lápis ou ao buril o mais irregular movimento e, ao mesmo tempo, o mais contrário aos elementares preceitos da arte, pois vai incessantemente, com uma rapidez incrível, de um extremo ao outro da prancha, sem interrupção e volta cem vezes ao mesmo ponto. Todas as partes são assim começadas e simultaneamente continuadas, sem que qualquer delas fique completa antes que se inicie outra. Disso resulta, à primeira vista, um conjunto incoerente, cujo fim só é compreensível quando tudo está acabado. Esse andamento original não é peculiar do Sr. Sardou. Vimos todos os médiuns desenhistas procedendo do mesmo modo. Conhecemos uma senhora, pintora de mérito e professora de desenho, que também possui essa faculdade. Quando ela desenha como médium, opera, malgrado seu, contra as regras e por um processo que seria impossível seguir quando trabalha sob sua própria inspiração e em estado normal. Seus alunos, dizia ela, ririam se lhes ensinasse a desenhar à maneira dos Espíritos.
ALLAN KARDEC[1]
[1] Paris ─ Tipografia de Cosson & Cia., Rua dodu Four-Saint-Germain, 43