Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1860

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Capítulo 11

Junho 1 – A FANTASIA

Junho


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Queres que te fale da fantasia. Ela foi minha rainha, minha dona, minha escrava. Eu a servi e a dominei. Sempre submetido às suas adoráveis flutuações, jamais lhe fui infiel. É ainda ela quem me impele a falar de outra coisa: da facilidade com que o coração carrega dois amores, facilidade desprezada e muito censurada. Considero absurda essa censura dos bons burgueses, que só gostam de seus pequenos vícios moderados, mais enfadonhos ainda que suas virtudes; do mesmo modo que uma cerca viva de arbustos delimita os jardins de um padre, eles só admitem o que seus miolos limitados podem compreender. Tens medo do que te digo; fica tranquila; Musset tem a sua garra; não se lhe pode pedir gentilezas de cãezinhos amestrados. É preciso suportar e compreender seus gracejos, verdadeiros sob sua frívola aparência, tristes sob sua alegria, risonhos nas suas lágrimas. [v. na Revista de setembro Devaneio, do mesmo autor.]


Alfred de Musset.


Observação. – Uma pessoa que só tinha ouvido esta comunicação por ocasião de sua primeira leitura dizia, numa sessão íntima, que lhe parecia de pouca significação. O Espírito de Sócrates, que participava da conversa, respondendo a essa observação, escreveu espontaneamente: “Não, tu te enganas; relê a mensagem; há coisas boas; ela é muito inteligente e isto tem o seu lado bom. Diz-se que nisso se conhece o homem. Com efeito, é mais fácil provar a identidade de um Espírito do vosso tempo do que do meu; e, para certas pessoas, é útil que, de vez em quando, tenhais comunicações deste gênero.”

Certo dia em que se conversava sobre os médiuns e sobre o caráter de Alfred de Musset, que um dos assistentes acusava de ter sido muito material em vida, o poeta escreveu espontaneamente a notável comunicação que se segue, por um de seus médiuns preferidos:


2 – INFLUÊNCIA DO MÉDIUM SOBRE O ESPÍRITO.


(Médium – Sra. Schmidt.)

Somente os Espíritos superiores podem comunicar-se indistintamente por todos os médiuns e manter em toda parte a mesma linguagem. Mas eu não sou um Espírito superior, razão por que, às vezes, sou um pouco material. Contudo, sou mais adiantado do que imaginais.

Quando nos comunicamos por um médium, a emanação de sua natureza se reflete mais ou menos sobre nós. Por exemplo, se o médium é dessas naturezas em que predomina o coração, desses seres elevados, capazes de sofrer por seus irmãos; enfim, dessas almas devotadas, nobres, que a infelicidade tornou fortes e que ficaram puras em meio à tormenta, então o reflexo faz bem, no sentido de nos corrigirmos espontaneamente e nossa linguagem se ressentir. Mas no caso contrário, se nos comunicamos por um médium de natureza menos elevada, servimo-nos pura e simplesmente de sua faculdade como nos utilizamos de um instrumento. É então que nos tornamos o que chamas de um pouco material. Dizemos coisas espirituosas, se quiseres, mas deixamos de lado o coração.


Pergunta – Os médiuns instruídos, de espírito culto, são mais aptos a receber comunicações elevadas do que os que não têm instrução?

Resposta – Não, repito. Somente a essência da alma se reflete sobre os Espíritos, mas os Espíritos superiores são os únicos invulneráveis.


Alfred de Musset.




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