Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1862

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Capítulo LXXXIV

Novembro - Viagem espírita em 1862

Novembro
Acabamos de fazer uma visita a diversos centros espíritas da França, lamentando que o tempo não nos tenha permitido ir a toda parte onde nos haviam convidado, nem prolongar nossa visita a cada localidade tanto quanto desejávamos, dada a acolhida simpática e fraterna recebida em toda parte. Durante uma viagem de mais de seis semanas e um percurso total de 693 léguas, estivemos em vinte cidades e assistimos a mais de cinquenta reuniões. O resultado nos deu uma grande satisfação moral, sob o duplo aspecto das observações colhidas e da constatação dos imensos progressos do Espiritismo.

O relato dessa viagem, que compreende principalmente as instruções por nós dadas nos vários grupos, é muito extenso para ser publicado na Revista, pois absorveria quase dois números. Editaremos uma separata, do mesmo formato da Revista, a fim de ser a ela ser anexada, caso seja necessário[1].

Em nosso percurso fomos visitar os possessos de Morzine, na Saboia, e ali também recolhemos importantes observações, muito instrutivas, sobre as causas e o modo da obsessão em todos os graus, corroboradas por casos idênticos e isolados vistos em outras localidades e sobre os meios de combate. Isso será objeto de um artigo especial e extenso que pretendíamos publicar neste número, mas, como o tempo não nos permitiu terminá-lo, adiamo-lo para o próximo número. Aliás ele só terá a ganhar, porque feito com menos precipitação. Além disso, vários fatos recentes vieram esclarecer o assunto, abrindo um horizonte novo à patologia.

O artigo responderá a todos os pedidos de esclarecimentos que frequentemente nos fazem em casos análogos.

Parece-nos indicado aproveitar esta circunstância para retificar uma opinião que se nos afigurou muito generalizada.

Várias pessoas, principalmente na província, tinham pensado que o custo dessas viagens corria por conta da Sociedade de Paris. Tivemos que explicar esse erro, sempre que se apresentou. Aos que pudessem ainda pensar assim, lembramos o que foi dito em outra ocasião (número de junho de 1862), que a Sociedade se limita a cobrir as despesas correntes e não possui reservas. Para que pudesse acumular recursos, ela teria que visar a quantidade. É o que ela não faz, nem quer fazer, pois seu objetivo não é a especulação, e a quantidade não agrega importância aos seus trabalhos. Sua influência reside na moral e no caráter de suas reuniões, que dá aos estranhos a ideia de uma assembleia grave e séria. É esse o seu mais poderoso meio de propaganda. Assim, não poderia ela prover semelhante despesa.

Os gastos de viagem, bem como todos os que são necessários para custeio de nossas relações no Espiritismo, são cobertos por nossos recursos pessoais e nossas economias, acrescidos do produto de nossas obras, sem o que ser-nos-ia impossível enfrentar todos os encargos consequentes da obra que empreendemos. Digo isso sem vaidade, mas unicamente em homenagem à verdade e para esclarecimento dos que imaginam que entesouramos.


[1] Brochura grande in-8º, formato e tipo da Revista. Preço: 1 franco. Porte franco para toda a França. (No prelo).



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