Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1863

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Capítulo XI
Ilustração tribal

Janeiro - Subscrição em favor dos operários de Rouen

Janeiro


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Está aberta uma subscrição, no escritório da Revista Espírita, Rua e Passagem Saint-Anne, 59, em favor dos operários de Rouen, a cujos sofrimentos ninguém poderia ficar indiferente. Vários grupos e sociedades espíritas já nos enviaram o produto de sua arrecadação. Convidamos os que pretendem contribuir a apressarem sua remessa, pois o inverno está aí! A lista será publicada. (Ver, acima, a comunicação do Sr. Sanson).

ALLAN KARDEC

Julho DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

Julho


Temas Relacionados:

O arrependimento sobe a Deus; agrada-lhe mais que o fumo dos sacrifícios e lhe é mais precioso que o incenso espalhado nos recintos sagrados. Semelhante às tempestades que varam o ar, purificando-o, o arrependimento é um sofrimento fecundo, uma força reativa e atuante. Jesus santificou sua virtude, e as lágrimas de Madalena se derramaram como orvalho nos corações endurecidos que ignoravam a graça do perdão. A soberana virtude proclamou o poder do arrependimento e os séculos repercutiram, enfraquecendo-o, a palavra do Cristo.

É chegada a hora em que o Espiritismo deve revigorar e vivificar a essência mesma do Cristianismo. Apagai, assim, por toda parte e para sempre, a cruel sentença que despoja a alma culpada de toda esperança. O arrependimento é uma virtude militante, uma virtude viril, que só os Espíritos adiantados ou os corações ternos podem sentir. O pesar momentâneo e causticante de uma falta não arrasta consigo a expiação que dá o conhecimento da justiça de Deus, justiça rigorosa em suas conclusões, que aplica a lei de talião à vida moral e física do homem e o castiga pela lógica dos fatos, todos decorrentes do bom ou do mau uso do livre-arbítrio.

Amai os que sofrem e assisti o arrependimento, que é a expressão e o sinal que Deus imprimiu na sua criatura inteligente, para a elevar e aproximar de si.


João, discípulo.




Outubro DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

Outubro


Temas Relacionados:

Há uma grande lei que domina todo o Universo: a lei do Progresso. É em virtude dessa lei que o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo quanto existe em nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição. Sem dúvida Deus sabe quanto tempo cada um levará para chegar ao fim; mas como todo progresso deve resultar de esforço tentado para o realizar, não haveria nenhum mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar este ou aquele caminho. Com efeito, o verdadeiro mérito não pode resultar senão de um trabalho operado pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.

Como cada um ignora o número de existências consagradas ao seu adiantamento moral, ninguém pode prejulgar nesta grande questão, e é aí, sobretudo, que brilha de maneira admirável a infinita bondade de nosso Pai celeste que, nada obstante o livre-arbítrio que nos conferiu, semeou em nosso caminho postes indicadores que iluminam os desvios. É, pois, por um resquício de predominância de matéria que muitos homens se obstinam em ficar surdos às advertências que lhes chegam de todos os lados, preferindo gastar em prazeres enganadores e efêmeros uma vida que lhes fora concedida para o progresso de seu Espírito.

Não se poderia afirmar, sem blasfêmia, que Deus tenha querido a infelicidade de suas criaturas, já que os infelizes expiam sempre, tanto numa vida anterior mal empregada, quanto por sua recusa em seguir o bom caminho, quando este lhe era claramente indicado.

Assim, depende de cada um abreviar a prova que deve sofrer. Para isto, guias seguros, bastante numerosos, lhe são concedidos, para que seja inteiramente responsável por sua recusa de seguir seus conselhos; e ainda neste caso, existe um meio certo de abrandar uma punição merecida, dando sinais de sincero arrependimento e recorrendo à prece, que jamais deixa de ser atendida, quando feita com fervor. O livre-arbítrio, pois, existe realmente no homem, mas com um guia: a consciência.

Vós todos que tendes acesso ao grande foco da nova ciência, não negligencieis de vos penetrar das eloquentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis princípios que são a sua consequência; segui-os fielmente: é aí, sobretudo, que refulge o vosso livre-arbítrio.

Pensai, por um lado, nas consequências fatais que arrastareis para vós ao vos recusardes a seguir o bom caminho, bem como nas magníficas recompensas que vos aguardam, caso obedeçais às instruções dos bons Espíritos; é aí que luzirá, por sua vez, a presciência divina.

Os homens se esforçam inutilmente em buscar a verdade por todos os meios que julgam ter na Ciência; esta verdade que lhes parece escapar caminha sempre ao seu lado e os cegos não a percebem!

Espíritos sábios de todos os países, aos quais é dado levantar a ponta do véu, não negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas manifestações; fazei que delas se aproveitem sobretudo vossos irmãos menos favorecidos que vós; inculcai em todos os preceitos que vos chegam do mundo espiritual, e tereis bem merecido, porque havereis contribuído em larga escala para a realização dos desígnios da Providência.


Espírito Familiar.



Outubro


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Há uma grande lei que domina todo o Universo: a lei do Progresso. É em virtude dessa lei que o homem, criatura essencialmente imperfeita, deve, como tudo quanto existe em nosso globo, percorrer todas as fases que o separam da perfeição. Sem dúvida Deus sabe quanto tempo cada um levará para chegar ao fim; mas como todo progresso deve resultar de esforço tentado para o realizar, não haveria nenhum mérito se o homem não tivesse a liberdade de tomar este ou aquele caminho. Com efeito, o verdadeiro mérito não pode resultar senão de um trabalho operado pelo Espírito para vencer uma resistência mais ou menos considerável.

Como cada um ignora o número de existências consagradas ao seu adiantamento moral, ninguém pode prejulgar nesta grande questão, e é aí, sobretudo, que brilha de maneira admirável a infinita bondade de nosso Pai celeste que, nada obstante o livre-arbítrio que nos conferiu, semeou em nosso caminho postes indicadores que iluminam os desvios. É, pois, por um resquício de predominância de matéria que muitos homens se obstinam em ficar surdos às advertências que lhes chegam de todos os lados, preferindo gastar em prazeres enganadores e efêmeros uma vida que lhes fora concedida para o progresso de seu Espírito.

Não se poderia afirmar, sem blasfêmia, que Deus tenha querido a infelicidade de suas criaturas, já que os infelizes expiam sempre, tanto numa vida anterior mal empregada, quanto por sua recusa em seguir o bom caminho, quando este lhe era claramente indicado.

Assim, depende de cada um abreviar a prova que deve sofrer. Para isto, guias seguros, bastante numerosos, lhe são concedidos, para que seja inteiramente responsável por sua recusa de seguir seus conselhos; e ainda neste caso, existe um meio certo de abrandar uma punição merecida, dando sinais de sincero arrependimento e recorrendo à prece, que jamais deixa de ser atendida, quando feita com fervor. O livre-arbítrio, pois, existe realmente no homem, mas com um guia: a consciência.

Vós todos que tendes acesso ao grande foco da nova ciência, não negligencieis de vos penetrar das eloquentes verdades que ela vos revela, e dos admiráveis princípios que são a sua consequência; segui-os fielmente: é aí, sobretudo, que refulge o vosso livre-arbítrio.

Pensai, por um lado, nas consequências fatais que arrastareis para vós ao vos recusardes a seguir o bom caminho, bem como nas magníficas recompensas que vos aguardam, caso obedeçais às instruções dos bons Espíritos; é aí que luzirá, por sua vez, a presciência divina.

Os homens se esforçam inutilmente em buscar a verdade por todos os meios que julgam ter na Ciência; esta verdade que lhes parece escapar caminha sempre ao seu lado e os cegos não a percebem!

Espíritos sábios de todos os países, aos quais é dado levantar a ponta do véu, não negligencieis os meios que vos são oferecidos pela Providência! Provocai nossas manifestações; fazei que delas se aproveitem sobretudo vossos irmãos menos favorecidos que vós; inculcai em todos os preceitos que vos chegam do mundo espiritual, e tereis bem merecido, porque havereis contribuído em larga escala para a realização dos desígnios da Providência.


Espírito Familiar.



Julho DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

Julho


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O arrependimento sobe a Deus; agrada-lhe mais que o fumo dos sacrifícios e lhe é mais precioso que o incenso espalhado nos recintos sagrados. Semelhante às tempestades que varam o ar, purificando-o, o arrependimento é um sofrimento fecundo, uma força reativa e atuante. Jesus santificou sua virtude, e as lágrimas de Madalena se derramaram como orvalho nos corações endurecidos que ignoravam a graça do perdão. A soberana virtude proclamou o poder do arrependimento e os séculos repercutiram, enfraquecendo-o, a palavra do Cristo.

É chegada a hora em que o Espiritismo deve revigorar e vivificar a essência mesma do Cristianismo. Apagai, assim, por toda parte e para sempre, a cruel sentença que despoja a alma culpada de toda esperança. O arrependimento é uma virtude militante, uma virtude viril, que só os Espíritos adiantados ou os corações ternos podem sentir. O pesar momentâneo e causticante de uma falta não arrasta consigo a expiação que dá o conhecimento da justiça de Deus, justiça rigorosa em suas conclusões, que aplica a lei de talião à vida moral e física do homem e o castiga pela lógica dos fatos, todos decorrentes do bom ou do mau uso do livre-arbítrio.

Amai os que sofrem e assisti o arrependimento, que é a expressão e o sinal que Deus imprimiu na sua criatura inteligente, para a elevar e aproximar de si.


João, discípulo.




Setembro DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

Setembro


Temas Relacionados:

Disse um poeta: “Nada é mais belo que o verdadeiro; só o verdadeiro é agradável.”

Reconheci neste verso uma das mais belas inspirações jamais dadas ao homem. O verdadeiro é a linha reta; e a luz, cujo esplendor não precisa ser velado pelos homens justos, cujo espírito é maravilhosamente predisposto a compreender seus imensos benefícios. Por que, na nossa sociedade atual, a luz custa tanto a ser percebida pela maioria dos homens? Por que o ensino da verdade é cercado de tantos obstáculos? É que até agora a Humanidade não fez progressos bastante marcados, desde a origem do Cristianismo. Desde o Cristo, seus ensinamentos tiveram de ser velados sob a forma de alegoria e de parábola e os que tentaram propagar a verdade não foram mais ouvidos que seu divino Mestre; é que a Humanidade devia progredir com sábia lentidão, para que sua marcha fosse mais segura; é que necessitava de um longo noviciado, para tornar-se apta a se conduzir por si mesma.

Mas tranquilizai-vos! O sol da regeneração, há muito tempo na sua aurora, não tardará a espalhar sobre vós a sua deslumbrante claridade; a verdadeira luz vos aparecerá e sua influência benfeitora estender-se-á a todas as classes da sociedade.

Quantos, então, se surpreenderão por não terem acolhido mais cedo esta verdade, que data da mais remota antiguidade, e que um sentimento de orgulho lhes fez sempre caminhar ao lado sem a ver!

Ao menos desta vez não tereis de sofrer nenhum desses horríveis cataclismos, que parecem outras tantas balizas destinadas a marcar, através dos séculos, a marca da verdadeira luz. Mais bem instruídos, os homens compreenderão que as perturbações que deixam atrás de si uma esteira de fogo e sangue não se enquadrariam hoje nos nossos costumes, abrandados pela prática da caridade. Compreenderão, enfim, o alcance destas palavras sublimes, outrora proferidas pelo Cristo: “Paz aos homens de boa vontade!”

Não haverá outra guerra senão a que for feita às paixões más. Todos reunirão suas forças para expulsar o Espírito do mal, cujo reino desastroso apenas deteve, por longo tempo, o progresso da civilização. Todos se deterão no pensamento de que a verdadeira luz é a única conquista legítima, a única que devem ambicionar, a única que os poderá conduzir à felicidade.

À obra, pois, todos vós que tendes a bandeira do progresso! Não temais empunhá-la alta e firme, para que de todos os recantos do globo os homens possam acorrer e se acomodarem sob sua égide. Pedi ao nosso Pai celeste a força e a energia que vos são indispensáveis para esta grande obra; e, se aqui não puderdes gozar da felicidade de vê-la realizada, que, ao menos, ao morrer, leveis a convicção de que vossa existência foi útil a todos, e que a mais doce recompensa vos espera entre nós: a alegria de ter cumprido vossa missão para a maior glória de Deus.


Espírito Familiar.


Allan Kardec.




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